Capítulo 21

2.8K 213 53
                                    

POV GABRIELA GUIMARÃES

FLASHBACK ON

No momento em que Sheilla deixou o meu apartamento, ela levou junto dela uma imensidão de sonhos e planos. Tudo havia acabado e, dessa vez, por minha culpa.

Eu fiz com ela o que já fizeram comigo, o que eu jurei nunca fazer com ninguém de novo, agi por impulso e, além de não ter sido fiel a ela, não fui fiel a mim, aos meus próprios sentimentos. Com o passar do tempo a gente descobre que ser infiel a nós mesmos é o pior tipo de traição que podemos cometer.

Me arrastei para o chuveiro e me obriguei a tomar um bom banho e, apesar da água me acalmar, não foi o suficiente para que eu conseguisse pensar com clareza.

Passei a mão na chave do carro e dirigi por uma hora até um hotel fazenda que eu costumava levar meus pais quando eles estavam na cidade. Julguei que a falta de sinal telefônico e o contato com a natureza me fariam bem.

O dia estava lindo e o hotel estava cheio, crianças corriam por todos os lados e o ambiente era preenchido por canto dos pássaros, conversas atravessadas e gargalhadas.

Me sentei no bar da piscina e pedi uma cerveja.

Duas. Três.

Era impossível não reviver na minha mente a cena de Sheilla deixando meu apartamento mais cedo, o que me causava um aperto enorme no peito, que eu tentava expulsar com a ajuda da cerveja.

Quatro. Cinco.

- Ou é mais velha, ou é mais nova.. - Uma voz levemente rouca disse, se aproximando.

Me virei em busca de encontrar a dona da voz e me deparei com uma mulher baixa. - Oi? Falou comigo?

- Falei uai. - Ela disse se sentando ao meu lado. - É mais velha, né?! - Ela insistia.

- Mais velha? - Questionei realmente curiosa.

- A mulher que está te fazendo beber sozinha com cara de cachorro abandonado. É uma mulher mais velha, né?! - Ela dizia como se fôssemos amigas e o álcool me fez retribuir da mesma forma.

- É, ela é mais velha sim.. Mas fui eu mesma quem causou a bagunça. - Confessei. - Gabi, aliás. - Disse estendendo a mão na direção da, até então, desconhecida.

- Leia. Leinha para os íntimos. - Ela disse apertando minha mão. - E não vai consertar? 

- Não sei se tem conserto... - Talvez fosse o álcool ou a espontaneidade da mulher que me faziam realmente querer falar sobre isso, como se eu já a conhecesse.

- Ela disse que não tem? - Ela questionou.

- Ela não disse nada, mas eu trai a confiança dela e me trai no processo. - Pude sentir meu coração se apertar ao dizer isso.

- Então você precisa se desculpar, antes de buscar as desculpas dela. - A mulher dizia naturalmente, como se tivesse assistido tudo de camarote e conhecesse a história na íntegra.

- É, eu acho que sim.. - Tentei refletir um pouco. - Você tem bons conselhos!

- Eu sou incrível! - Leia se gabou e automaticamente pensei em uma pessoa que adoraria conhecê-la.

- Preciso te apresentar para uma amiga! - Disse rindo.

- Vou cobrar, hein, Gabizinha! - Ela sorriu de volta. - Agora vamos melhorar esse astral! Vem, estou com umas amigas, vamos beber um pouco.

Resolvi seguir o conselho de Leia e ir contra tudo que me trouxe até aqui. Ao invés de ouvir meus pensamentos, eu bebi para abafá-los e tentar não pensar em Sheilla.

Come Bother Me - Sheibi Onde histórias criam vida. Descubra agora