Capítulo 6

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POV SHEILLA CASTRO

- Amiga, eu vim o mais rápido que pude! O que aconteceu? - Thaísa passou pela porta andando apressada em minha direção, me encontrando deitada no sofá da sala perdida em meio às lágrimas que caiam incontrolavelmente.

A loira se sentou e me puxou para perto, me deixando confortável o suficiente para me aconchegar nela. - Shhhh... Tá tudo bem, eu tô aqui. - Ela falava enquanto fazia um carinho suave em minha cabeça e me permitia chorar ainda mais. - Me conte apenas quando se sentir pronta, você está segura aqui.

FLASHBACK ON

Eu e Gabriela estávamos dançando há, pelo menos, duas músicas. Entre cantar sussurrando em meu ouvido e cantar extremamente alto acompanhando Natália e Carol em alguma música, a mais nova não soltou sua mão da minha e nem largou minha cintura.

- Você vai acordar rouca amanhã. - Constatei alto enquanto ela gritava uma música olhando para Carol e me conduzia numa dança com um ritmo próprio. Minha constatação apenas alimentou a cantoria.

"Seria pior não ter nunca mais
Seu mau-humor me tirando a paz
Mas cinco minutos depois
Te provoco risos, te beijo a força
E mais uma vez você me perdoa
Diz eu te amo com voz rouca."

A coincidência da música que estava tocando no momento me arrancou uma risada que fez com que a mais nova se concentrasse em mim novamente. - A parte da voz rouca pode até ser verdade, mas a que eu te provoco risos também é.

- E quem disse que eu estava rindo com você? - Perguntei tentando me manter séria.

- Estava rindo de mim? - Gabriela questiona incrédula, arregalando os olhos. - Tudo bem, eu sou engraçada mesmo e você fica linda rindo, deveria rir de verdade mais vezes.

As palavras me acertaram em cheio. Geralmente eu sorria com os lábios, mas agora estou sorrindo de verdade, com a ajuda do álcool, das minhas amigas e de Gabriela, devo admitir. Não consigo me lembrar da última vez que me senti tão leve antes dela chegar...

- E a parte do beijo? - Perguntei sem pensar nas consequências.

- Que beijo? Esse? - Gabriela soltou sua mão da minha e a levou para a lateral da minha bochecha, deixando-a escorregar gentilmente até minha nunca e imitando o movimento com a mão que antes estava em minha cintura. Ela segurava o meu rosto de uma forma tão delicada e me olhava com os olhos mais brilhantes, como quem segura uma preciosidade.

Levei minhas mãos até seu antebraço sentindo sua respiração quente e pesada próxima o suficiente. - Me tira daqui. - Praticamente supliquei.

Sem se importar com nossas amigas ao redor, Gabriela apenas foi até uma das bolsas na mesa, tirou uma chave de carro, entrelaçou nossos dedos e me guiou até o estacionamento. No caminho até lá eu tentei pensar em mil motivos pelos quais aquela era uma péssima ideia, mas nenhum me pareceu tão bom quanto poder finalmente tocar Gabriela.

Atravessamos o estacionamento até um carro preto que estava mais afastado da entrada do bar. Gabriela o destrancou e abriu a porta de trás, se inclinando para jogar algumas pastas que estavam ali para o banco do carona, na frente. - É o mais confortável que eu consigo arrumar, levando em consideração que aqui é o mais longe que eu consigo ir antes de te beijar. - Ela concluiu se levantando.

Como sempre, até nessa hora Gabriela me arrancou uma risada. Me aproximei dela e senti novamente suas mãos em meu rosto, sua respiração era quente e pesada e conforme ela se aproximava, eu podia sentir o desejo me inundar até nossos lábios finalmente se tocarem.

Gabriela definitivamente sabia o que estava fazendo. Seu beijo era firme e suave e se encaixou perfeitamente com o meu.  Senti ela deslizar as mãos para minha cintura e num movimento sútil me empurrar para dentro do carro.

Come Bother Me - Sheibi Onde histórias criam vida. Descubra agora