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"Está tudo nublado, e respirar se tornou uma tarefa extremamente difícil, Bianca avista uma sombra um pouco mais alta que ela, cabelos presos. Bianca a toca suavemente e ao sentir o toque, sente todo oxigênio do mundo voltar aos seus pulmões. Bianca suspeita de um sorriso, mas está tudo tão embaçado que não pode dizer com certeza. Sente um calor na sua pele, um calor suave que Ihe aquece o corpo e toda sua alma, ela tenta com todas as forças enxergar através daquela fumaça, mas tudo o que houve é um barulho irritante que faz a fumaça ficar ainda mais densa e opaca."

O despertador toca. São 07hs da manhã. Uma mão aperta de forma pesada o botão para desligar o barulho insuportável que acorda o corredor inteiro.

-Meu Deus, Bianca, que merda de altura é essa? Você é surda? - Pergunta uma mulher deitada, sonolenta enquanto coloca o travesseiro em cima dos ouvidos.

Bianca abre apenas um olho, até se acostumar com claridade que o dia trouxe.

-Eu preciso garantir que eu vou acordar. Se eu perder essa porcaria de primeira aula, meus pais vão me matar. - Diz Bianca ao se levantar cambaleando até o banheiro.

-Seus pais? Quantos anos você tem, 30? E ainda tem medo do papai? - Diz Mariana ao se levantar cambaleando de sono.

- Olha, já acorda engracadinha logo de manhã né?

Depois de abandonar três cursos da faculdade, os pais de Bianca que lhe sustentam até hoje com 24 anos, lhe deram um ultimato:

"Ou você arruma qualquer curso que te dê um bendito diploma, ou cortamos seus gastos com seu apartamento desnecessariamente grande e suas festas semanais regadas a álcool."

A questão era a seguinte: nada estimulava Bianca. Ela se sentia entediada em sala de aula e nada a fazia ficar sempre atenta ou empenhada. Ela já foi em alguns médicos em busca de um diagnóstico que indicasse o porque de tanto desinteresse, mas tudo o que ouviu foi que era tudo uma questão de preguiça. Ela sabia que não era isso. Só não sentia prazer em assistir aula, era tedioso, perda de tempo e no fim ela nem lembrava muito do que tinha aprendido. Depois de tentar em RH, Biologia e Cinema, três áreas completamente diferentes, Bianca não tinha muitas outras alternativas, ela não ligava por não ter tantas festas e luxo, mas achar um emprego sem uma formação seria uma dificuldade que seus anos sendo mimada por dois pais de classe média alta, a impediriam de se sujeitar a passar.

Tendo seu pai, Marcos Andrade sócio majoritário de uma empresa de engenharia mecânica terceirizada e sua mãe, Mônica diretora geral de uma clínica de cardiologia particular, Bianca optou por administração. Ela dizia que queria seguir a carreira dos pais e empenhar-se em um bom negócio, feelings genéticos, sabe? Mas a verdade era... Aos 24 anos não tinha ideia do que queria fazer. Embora tivesse seu temperamento hiperativo e confuso, conseguiu passar facilmente na prova para integrar em uma das melhores Universidades da California, Stanford.

De volta ao quarto do sono em Stanford, Bianca se preparava nada ansiosa para seu primeiro dia, um dia em que qualquer aluno comum estaria vivendo pela primeira vez, mas Bianca estava em sua 4 tentativa. Qualquer ansiedade parecia bem idiota pra ela.

Lavou seu cabelos compridos e os secou com secador na pia do banheiro, enquanto ouvia Mariana gritando do outro lado da porta pra deixa-la entrar.

Mariana conheceu Bianca em uma festa de verão, após ela passar terrivelmente mal depois de um término e muitas e muitas biritas, a morena solidaria ofereceu seu ombro e seu banheiro para acalmar os ânimos. Com isso descobriram que tinham muito em comum.

Mariana que também abandonou a faculdade, com a volta de Bianca aos estudos se sentiu estimulada a tentar tomar um rumo em sua vida, ainda mais tendo Bianca como exemplo, uma mulher de 24 anos que ainda recebia ordens dos pais. Desde então, as duas não se separam, nem nas festas, nem no quarto e nem nos estudos, Bianca encontrou em Mariana uma amiga pra vida.

ME ENSINA?Onde histórias criam vida. Descubra agora