23.

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POV Bianca

                     

Abri meus olhos graças ao sol que invadia as cortinas que Rafaella esquecia de fechar toda noite. Me virei sonolenta para acorda-la. Eu não ia levantar pra fechar, ela esqueceu, ela que feche. Mas senti minha mão indo ao encontro do vazio, o lençol do seu lado estava bagunçado e frio. Olhei ao redor do quarto, confusa. Me levantei a sua procura                     

- Rafa? Rafa?
                  

Saí do quarto e gritei pelo extenso apartamento. Eu odeio acordar sozinha e Rafaella sabe disso, pensar nessa falta de consideração me fez ficar um pouco irritada com ela. Respirei fundo prestes a bufar e senti o aroma que vinha de meu pijama... Era seu cheiro. Meu coração acelerou e eu sorri vencida. Não sentia nada por essa mulher que não fosse amor e saudade.
                    

Peguei meu celular em cima da cama liguei para ela. Chamou uma. Duas. Nove vezes... Nada. Até que na décima, uma surpresa. Caixa postal direto. Ela havia desligado o celular. Encarei a tela do telefone indignada, meu coração falhou uma batida. Imaginei mil e uma possibilidades.

                     

Juntei toda minha paranoia com sua ausência e já me veio a cabeça.. sequestro, assalto, assassinato, sequestro depois assassinato, assalto depois sequestro depois assassinato. Uma amante!

                     

Essa foi a pior alternativa.

                     

Percebi que eu não tinha ninguém pra ligar, pra perguntar onde ela havia se metido em plena manhã de 26 de dezembro. Isso me deixou triste, pensar que eu não estava envolvida em sua vida como ela estava na minha.

                     

Balancei a cabeça espantando esses pensamentos e pensei "Universidade". "Claro, ela estava trabalhando, esqueceu de me avisar." Era a cara da Rafaella, ir trabalhar em plena semana de férias. Pensar isso me acalmou.

                     

Fui até a cozinha e preparei torradas com cream cheese, levei até a sala e consegui comer meu café da manhã tranquila, zapeei a televisão por meia hora, sentindo minha ansiedade aumentar aos poucos. Eu estava disfarçando pra mim mesma o quão nervosa não saber onde ela havia ido, estava me deixando.

                     

Cocei minha cabeça em sinal de tédio, olhei o relógio... Quase meio dia e nenhuma notícia.

                     

Tentei telefonar novamente pra ela, mas o celular permanecia desligado.

                     

Levantei e peguei uma tela das várias que havia comprado dois dias anteriores, coloquei no cavalete e subi até o terraço. O dia estava bem gelado, mas suportável. Passei a pintar algumas coisas que estavam na minha cabeça, Rafaella... onde Rafaella estava, com quem estava e porque não dava notícias? Duas horas e meia pintando... O resultado? Um quadro completamente abstrato obscuro e sem sentido. Arte pura! Cobri o quadro com minha cobertura especial que prevenia contra umidade e vento e desci de volta ao apartamento.

                     

Quase quatro da tarde e nada. Isso não era normal. Coloquei uma roupa mais adequada ao inverno californiano e desci até o ponto de táxi, pedindo para ir até a universidade. Graças a Deus ainda era dia quando chegamos, eu não queria passar por aquela sensação de me sentir perseguida como da última vez, principalmente porque hoje, não teria Tadeu nenhum pra me ajudar.

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