38.

1K 105 51
                                    

9/10

Doze meses haviam se passado.
                    

As aulas haviam retornado naquela
segunda feira, onde o calor ainda se
instalava. Escondida em seu habitual
escritório na universidade, estava
Rafaella, atendendo mil e um telefonemas. Era também seu primeiro dia como presidente oficial da universidade, substituindo Irv Ravitz. Sentia a pressão no fundo de seus poros, mas como sempre, lidava com muita classe, elegância... E claro, rigidez.

                     

O conselho acreditava muito no trabalho de Rafaella, não só no trabalho, mas
principalmente na imagem. A mais velha sabia o quanto sua figura de boa
diretora estava sendo usada para salvar a universidade do buraco público que virou após toda a bagunça causada no semestre passado.Tudo estava indo de vento em poupa, embora a constante pressão, essa alavancada na carreira de Rafaella a colocou num patamar altíssimo, deixando-a muito orgulhosa de si. Tudo estava indo de vento em poupa, exceto...
                     

- Bom dia! - Cumprimentou Fernanda,
entrando na sala de Rafaella.
                     

- Que bom humor. Estou vendo que seu primeiro salário como secretária
presidencial já caiu na sua conta. - Brincou Rafaella.
                     

- Eu nunca vi tantos zeros na minha
vida. - Disse Fernanda impressionada.
                    

- Qual a encheção de saco do dia? - Perguntou.
                    

- Na verdade... É mais do que isso.
Você sabe bem que o conselho ainda
não aceitou sua recomendação para
Tadeu te substituir como diretora né?
                     

- Bando de dinossauros, essa
universidade é aconselhada pela era
jurássica.

                     

- Rafaella, convenhamos que promover você como presidente foi uma baita exceção, passaram por cima de toda e qualquer tradição, ainda mais por você ser mulher. Sabe como são velhos machistas. Não dá pra pedir que mudem de uma vez. - Disse Fernanda compreensiva.
                     

Rafaella revirou os olhos, mas no fundo,
concordava.
                    

- Pois então, o cargo está
vago...Logo...Preciso que você assine
alguns papéis ainda como diretora. - Disse apreensiva.

                     

- Mas que saco. - Bufou Rafaella. - O que é?

                     

- Cancelamento de matricula. - Disse
chateada.
                   

- Todos esses papéis na sua mão são
cancelamentos? Meu Deus. - Disse
impressionada.

                     

- Esse ano tivemos muitas baixas.

                     

- Eu não sei o que fazer sobre isso,
honestamente. - Disse Rafaella pegando os papéis que Fernanda lhe entregava.

                     

- Como não? Se tem alguém que sabe
o que fazer, esse alguém é você, Rafaella. Acho que ninguém no mundo sabe melhor como tirar essa universidade do buraco.

                     

Rafaella sorriu de canto, se sentiu bem em ver a secretária e agora amiga, a vendo com olhares tão orgulhosos. Eram tantos os compromissos presidenciais,
que Rafaella e Fernanda acabaram se
aproximando. O relacionamento de
Fernanda estava indo de vento em poupa com sua nova namorada e Rafaella se tornou sua confidente. Afinal, nos choros esporádicos no meio do dia, mal humor diário e reclamações sem fim, era Fernanda que dava seu ombro amigo para Rafaella lamentar.

ME ENSINA?Onde histórias criam vida. Descubra agora