18.

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- Interrompo?
                     

Era Manoela. Ela batia no batente da porta do quarto das meninas, interrompendo Bianca.
                   

- Claro que não. Podemos conversar em outro momento, Bia? - Mariana disse se levantando e enxugando suas lágrimas.
                   

- Claro, sem problemas. - Disse Bianca com um sorriso conformado.
                     

- Podemos dar uma volta? - Perguntou Manoela.

                     

Mariana assentiu com a cabeça e a acompanhou. Bianca deitou em sua cama e fitou o teto, as lágrimas que segurou durante o caminho insistiram em cair.
                     

- Por favor meu Deus, por favor, faça essa garota contar, eu não aguento mais isso.

                     

//

                     

Era segunda-feira, os ânimos não estavam nada relaxados como se esperava pós-feriado de ação de graças.

                     

Bianca saiu para a aula antes que Mariana acordasse, se sentia desgastada demais pra sentir toda aquela culpa novamente. Tomou seu café na cafeteria mais afastada de seu prédio. Ao chegar próximo a sua sala, lembrou a aula que enfrentaria... Não ia suportar e não queria voltar a chorar feito uma criança na frente de Rafaella. Passou direto pela sala e foi em direção à saída. Chegou ao estacionamento, entrou em seu carro, e dirigiu... Pelo que pareceram horas. Ela ouvia Seafret, sua banda favorita e divagava por ela, passava tudo em sua cabeça como num filme, como uma garota mimada, com poucos ou quase nenhum problema aparente conseguiu se meter em tanta encrenca num período tão curto?

                     

Bianca chegou a uma praia, sem se importar em saber qual. Tirou sua bota e após estacionar, desceu descalça deixando a areia gelada de fim de outono invadir sua pele. Seu celular vibrava constantemente em sua mão, mas ela não se deu o trabalho nem mesmo de visualizar a tela.

                     

Após alguns bons minutos caminhando sobre a areia clara, avistou um quiosque, estava com sede e achou uma boa ideia parar para comprar uma água. Entrou no estabelecimento, parou no balcão, pediu sua água e acabou chamando a atenção de alguém. O lugar estava vazio, a não ser por um pequeno grupo de amigos que parecia estar de ressaca do feriado que acabara de passar. Um rapaz alto, com os cabelos loiros claros e olhos castanhos, estava com uma regata branca ressaltando seu corpo escultural, se aproximou do balcão onde Bianca repousava os braços aguardando sua água.

                     

- Bom dia. - Ele disse se aproximando.

                     

- Bom dia! - Ela disse sem olhar.

                     

- Você parece estar aqui tentando esquecer o feriado ruim que teve, acertei? - Perguntou simpático, apoiando os cotovelos no balcão.

                     

- Em cheio. - Ela disse já sorrindo, tendo sua atenção chamada.

                     

- Posso ajudar nisso se quiser. Somos retirantes, estamos indo para o norte, mas antes vamos ter uma confraternização na casa que nos hospedamos, topa? - Ele perguntou mostrando um sorriso simetricamente perfeito.

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