6.

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POV Rafaella

                     
Andrade e eu estamos estateladas no chão e ela está nos meus braços agora e eu sinceramente não estou conseguindo controlar a vontade que estou de calar sua boca falante desde o dia em que a vi com aqueles óculos escuros em minha aula. Mas como ela consegue ser tão adorável e tão irritante? A olhei naqueles olhos castanhos escuros e...inferno...estávamos tão perto, mais uma vez estou aqui evitando que ela se machuque com seus próprios desastres. Como pode um ser humano sofrer tantos acidentes e ser tão descuidada? As vezes me da vontade de guarda-la num potinho pra protege-la de si mesma. Criança descuidada, o que você fez comigo? Seus lábios estão rosados, assim como suas bochechas, ela está tímida com minha proximidade e isso só me fez deseja-la mais, seja o que isso for.

                    
Num ímpeto alucinado me aproximo gentilmente de seus lábios, eles me chamam, lidarei com as merdas e os demônios das consequências depois, posso senti-los com toda suavidade do mundo e eu só quero cavar minha língua nessa boca... Alguém bate na porta, é Fernanda. Inferno! Sempre, sempre aparecendo nos momentos mais inapropriados, parece que sente. Eu me levantei assustada, acho que as batidas me recobraram os sentidos, ou será que não? Arrumei meu vestido amassado, amassado em seu corpo, amassado por seu corpo. Engulo seco pensando nisso, em segundos percebo o quão fora da casinha estou, a segundos tudo parecia completamente certo, mas não é, não é. O que estou fazendo, meu Deus? Isso simplesmente não pode existir Essa garota me deixa tão nervosa e confusa, me faz sentir uma adolescente de 16 anos.
                   

Bianca quer ser dispensada para a festa, ela deve estar com pressa pra terminar a pegadinha que queria me pregar. Esse é o problema com os jovens, acham que são sempre os mais espertos, mas veja bem, o garoto que cuida do audiovisual pode ter uma tremenda queda por Bianca, mas é um talentoso aluno meu e o que a ambição por pontos e o puxa saquismo fazem?
                     

Absolutamente tudo. Ele me disse por conta própria seus planos, sabendo disso eu precisava colocar Bianca em seu lugar, então, peguei o cabo principal que efetuaria a conexão entre o notebook e o painel e o guardei comigo, tirando a culpa do garoto caso fosse descoberto. "Ahhh, Andrade"...pensei em um tom condescendente. Lembrar disso ferveu meus nervos novamente, precisei coloca-la em seu lugar e inventar aquela coisa toda de te-la usado, que aprenda a lição. Que não tente mais dar uma de esperta comigo.
                     

Ela saiu daqui ruborizada e sem reação, me satisfazendo completamente.
                     

Isso vai afasta-la, quem sabe até desista de continuar na monitoria, essa história foi longe demais, de qualquer forma.
                     

Fui refletir mais sobre toda essa situação em que resolvi me meter em minha janela perpendicular, o sol estava se pondo e a vista bem surreal de tão linda, mas la estava... Andrade! Ela correu até um garoto e simplesmente o beijou. Como ousa? Acabei de tocar aqueles lábios e ela já estava se atracando com um adolescente qualquer? Que merda é essa? E porque diabos estou me sentindo assim? Ela faz o que quiser, já me provou isso muitas vezes inclusive. Que beije, que abra as pernas, que morram juntos.
                     

Fui pra minha casa nas proximidades da universidade, Palo Alto podia ser um lugar muito bom pra se morar. Cheguei no meu apartamento e fui recebida com um porteiro ansioso:                   

- Sra. Kalimann, como está esta noite?
                     

- Bem, senhor Roy e o senhor? -Perguntei cansada.
                    

- Bem. Tem uma senhora te aguardando, eu a pedi para que não subisse, mas foi tudo muito rápido. -Disse Roy, aliviado por estar atrás de uma porta de vidro onde eu não pudesse alcança-lo.
                  

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