SubChefe - Nova Era 2 - Conto

Capítulo 6

ÁGATA MALLET

Com as mãos soadas, o coração acelerado e as pernas como se estivessem iguais à gelatinas, bato mais uma vez na porta dele. Mesmo que demore segundos, minutos ou até mesmo horas, o tempo parece passar bem lentamente. A ansiedade bate na boca do meu estômago com força, me dando um grande desejo de vomitar aqui mesmo. Mas a minha vontade é contida quando a porta é aberta e vejo Armando me olhando.

— Ágata? – diz meu nome confuso, como se não entendesse minha presença na sua empresa.

Armando Savóia é um grande empresário, além de ser o subchefe da maior associação criminosa do mundo. Ninguém imagina que por trás desses lindos olhos esverdeados e dos fios loiros, há um grande mafioso e cruel. Em suas mãos carrega uma grande porcentagem de sangue, não só de pessoas ruins, mas também de pessoas inocentes.

— Ágata? Está tudo bem? – me chama novamente, aproximando o rosto do meu para me avaliar. Os lábios rosados se abrem um pouco, deixando tudo ainda mais sexy.

Por Deus! São os hormônios.

— Oh, sim. Claro! – abro um sorriso para acalmá-lo – Posso entrar?

— Sim, sim. – me dá espaço para entrar em seu escritório – Por favor, fique à vontade.

A decoração daqui é charmosa, tudo em tons pastéis, assim como o de Sebastian. A única diferença de ambos os lugares, é um quadro enorme de Armando que está pendurado em sua parede, um quadro com ele em pé segurando as duas partes do terno branco. Ao lado, o símbolo da máfia italiana. Um lugar amplo, bem iluminado pela vista da Sicília e ele, me olhando com explícita curiosidade.

— Em que posso lhe ajudar, Ágata?

— Venho até aqui conversar com o senhor, já que como sabe, tivemos momentos de intimidade. – engulo metade do que eu queria falar, apenas em vê sua expressão de surpresa.

— Entendo. Mas onde quer chegar?

— Você sempre foi um homem muito excepcional, gentil e atencioso. – falo – Mas eu errei, Armando. Acabei me entregando para você, uma pessoa que claramente não deseja o mesmo que eu.

— Que seria?

— União. – ele ergue ambas as sobrancelhas – Eu sou uma pessoa sagaz, simples, modéstia. Tenho sonhos. Sempre quis me casar de branco, virgem e ter uma família para chamar de minha. Eu cresci em um lar conturbado, violento e como sabe, quase sofri um abuso.

— Eu sinto muitíssimo, Ágata.

— Não vim até aqui para me lamentar, senhor. – respiro fundo, tomando coragem e engolindo meu medo, o mesmo medo que guardo à duas semanas. – Eu vim lhe informar que estou grávida, Armando. Estou esperando um filho seu.

— Cheguei, amor. – a porta do escritório é aberta rapidamente, me fazendo olhar para trás e encontrar uma bela mulher.

Eu já há vi em vários sites, jornais e revistas. Ela é modelo da Victória Secret. Catarina Morft. Uma herdeira conhecida em todo o país, principalmente pela morte repentina de seus pais, que faleceram à menos de dois anos em um acidente de avião. Ela nunca foi de aparecer em jornais ou entrevistas sobre o caso, sempre preferiu se manter calada e superando o luto.

— Amor? – olho para Armando, repetindo as palavras que acabei de ouvir. Sinto meus olhos arderem, mas somente quando a minha respiração fica pesada, entendo que estou prestes à chorar – Armando, eu entendi certo?

— Sim, Ágata. – ele trava o maxilar, olhando para Catarina que se aproxima dela, passando a mão por seus ombros – Catarina é minha noiva.

— Noiva? – repito, em um fio de voz.

— Exatamente. E você quem é? – ela questiona divertida – Uma qualquer que se deitou com o meu homem?

— Perdoe-me, eu preciso ir. – agarro minha bolsa com força, correndo para fora do escritório como se estivesse sufocada lá dentro. Ouço Armando me gritar pelos corredores, mas antes que eu pudesse chamar o elevador, sinto minha pressão abaixar rapidamente e tudo se escurecer.