Capítulo 9

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ARMANDO SAVÓIA

— Marya, minha doce flor, o que é isso? – Donato apoia as mãos no ombro da governanta, que somente levanta as sobrancelhas pro meu irmão mais novo, o fazendo sorrir. – Tudo bem, já entendi o recado!

— Donato, pare de atormentar a pobre Marya! – tia Belle manda, fazendo a nossa antiga governanta sorrir docemente para minha tia.

— Não se incomode, senhora Belle. Esse menino é como um filho pra mim, adoro esse jeitinho de garoto levado. – como sempre faz, Marya defende meu irmão com unhas e garras.

— Deveria é dar uns puxões de orelha nele – minha mãe passa por eles, deixando seus olhos em fendas para o filho mais novo – Esse garoto está à cada dia mais terrível.

Estamos todos na mansão principal, casa dos meus pais, como tradição almoçamos todos os domingo juntos. Com decorrer dos anos minha mãe percebeu como nossa família é única, em prol de nunca perder essa essência, ela começou a organizar momentos familiares como esse. Devo admitir que fico feliz com isso, cresci rodeado da minha família e sempre que posso, estou ao lado deles.

Quando estava noivo de Catarina era estranho vê sua relação com seus falecidos pais, mal se viam, passavam meses sem ao menos ligar. Nunca vi interesse nas duas partes, era como se eles pagassem para a manter longe sempre e permaneceu assim até o dia do falecimento. Na aquela época eu ainda não tinha me comprometido com a mesma, então não fiquei tão próximo naquele momento delicado.

Mas tenho plena certeza de quê quero ter filhos para continuar essa sensação de união, quero que meus herdeiros tenham o mesmo contato com os primos, as mesas reuniões familiares, as brigas e principalmente o companheirismo. Mesmo não estamos o dia inteiro ao lado deles, sabemos que temos um ao outro para confia e contar. E é por esse motivo que esconder essa gravidez está acabando comigo.

Quando olho nos olhos de algum deles me sinto o pior dos homens, o mais sujo e imoral que já pisou na face da terra. Minha família é meu talismã, mentir para eles está sendo a pior sensação que já senti. Por isso esperei até hoje, o dia que irei contá-los tudo que está acontecendo. Não consigo pensar qual será a reação deles, alguns já são bem previsíveis, como minha mãe, tia Belle e Safira, tio Anthony e Mário, Mathias e Giordana.

— Por que Armando está com aquela cara? – Mathias questiona, abrindo um sorriso questionador na minha direção. A família que está em volta da mesa se cala, dando atenção ao que o loiro diz.

— E posso saber que cara é essa? – pergunto sem interesse algum, já sabendo que ele sentiu o meu incômodo.

— Cara de culpado! – ri, se virando para o restante da família – Qual é, gente? Só eu que estou percebendo como ele está inquieto?!

— Saudades da Catarina, fratello? – Beatrice pergunta, rodando sua adaga entre seus dedos, focando os olhos verdes em mim. – Ou será que está escondendo outra mulher?

— Ele me contaria! – Giana toma a vez, erguendo o queixo na minha direção – Talvez apenas esteja cansado, ultimamente ele não para sossegado.

— Quando Jane virá? Quero vê-la antes que ganhe neném. – minha mãe diz, tirando a atenção de mim por alguns instantes. Ela percebeu meu total desconforto, mas terei que falar, agora ou depois.

— Estive em ligação com Vicenzo, ele virá para uma reunião semana que vem e não poderá trazê-la. – Sebas diz, ainda me olhando – Ela está prestes a ganhar neném, não é bom que faça viagens de avião e longas.

— Então eu terei que ir. Entendido! – minha mãe resmunga.

— Quer nos contar algo, Armando? – a primeira-dama pergunta, Harper estava me analisando desde o momento que entrei nessa casa, como uma boa primeira-dama.

— Hoje vocês estão cismado comigo. Estão me perseguindo?

— Não é isso, meu filho. Mesmo com treinamento militar, você ainda consegue demonstrar suas reações e preocupações para nós. – meu pai responde – Isso apenas mostra como é sempre transparente e sincero conosco.

— Eu serei pai! – digo rápido, sem ao menos pensar. O silêncio foi certeiro, todos me olhando como se agora eu tivesse três cabeças em um apenas corpo.

— Não posso crer. – Harper resmunga, passando a mão pelo rosto como se já soubesse toda história. Meu irmão toca nas costas da esposa, ainda me olhando.

— Como isso aconteceu, cazzo? – Sebastian pergunta entre os dentes, respiro fundo, encarando meu irmão mais velho.

— Quer mesmo saber? Pois bem..

— Não! Sem detalhes. – minha mãe me interrompe, erguendo ambas as mãos no ar. – Só diga quem é a moça, ao mínimo tem que ter uma boa família.

— É a Catarina? – Giordana pergunta, mas eu nego em um balançar de cabeça. – Graças à Dio! Imagina ter aquela vibora na família.

— Desembucha, Armando. A merda já está feita e dita, agora precisamos saber quem será a nova dama Savóia. – Matteo fala, balançando seu copo de uísque na mão direita. Ao seu lado está meu pai, ainda me olhando sem dizer nada.

— Deve ser alguém bem polêmica pra tanta enrolação! – Donato resmunga.

— É a Ágata.

— Ágata? – todos falam juntos, como um belo coral católico.

Não sei em que momento eu cai no chão, mas quando voltei a mim, meu irmão mais velho estava por cima de mim, acertando freneticamente meu rosto com socos. Ouço gritos distante, que sinceramente parece ser minha mãe, mas tenho tempo de analisar. Sebastian continua a me socar, como se isso dependente sua vida.

— Sebastian! Irá matá-lo dessa forma. – ouço a voz de preocupação de Harper, após isso sinto um alívio em minha face. Matteo e Donato estão segurando meu irmão pelos braços.

— Você é um canalha, a única mulher que eu pedi para ficar longe, você me desobedeceu! – Ele grita, enquanto me sento no chão, tocando em meu nariz que sangra de forma suave. – Tantas mulheres nessa máfia e você foi logo escolherá.

— Não foi nada planejado, fratello.

Isso é uma traição, Armando. Você não têm mais o direito se me chamar assim! Não mais.

SubChefe - Nova Era 2 - ContoOnde histórias criam vida. Descubra agora