Capítulo 2

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ÁGATA MALLET – meses atrás.

O dia foi cansativo, o dia hoje na Sicília não foi um dos melhores, uma chuva intensa caiu na parte da tarde, deixando o trânsito uma grande merda. Principalmente pra mim, que não mora na melhor área da cidade e tem que fazer uma grande volta para chegar em casa. Mas finalmente cheguei no meu bairro, onde posso ultrapassar a velocidade máxima e chegar o mais rápido possível.

Algumas ruas estão ficando alagadas, infelizmente não temos a mesma segurança e conforto que a área nobre da Sicília. Após desviar de muitas ruas interditadas, consigo um lugar menos perigoso. Mas uma gritaria me chama atenção, diminuo um pouco a velocidade do carro, quando estou me aproximando de uma calçada onde tem um bar, vejo um homem receber um soco e cair no chão.

Minha respiração falha por um momento, ao reconhecer, mesmo com a chuva, quem está caído no chão. Armando Savóia tem o rosto com alguns machucados, paro o carro rente a calçada, quando ele tenta se levantar e abaixo o meu vidro. Ele se apoia nas mãos, dando impulso e ficando de pé. Instantaneamente os olhos dele caem sob o meu, mesmo visivelmente bêbado, ele se vê surpreso.

— Ágata? – pergunta fraco, antes de um cara o puxar pela gola da blusa e socar novamente seu rosto.

Desligo o carro, abrindo a porta e saindo do veículo o mais rápido que posso. Não sei o que ele está fazendo aqui, ainda mais bêbado e sem seus seguranças, mas não penso duas vezes ao me aproximar dele. Passo pelas pessoas que fazem um círculo em volta dele, caio de joelhos e toco em sua testa.

— Armando? Está me ouvindo? – pergunto, deslizando minha mão pelo seu rosto e recebendo seu típico olhar intenso.

— Por que está aqui, Agatinha? – ele fala o apelido que seus irmãos deram à mim, mas quando sai do seus lábios é diferente, se torna mais intenso.

— Eu moro nesse bairro, Armando!

— Sai de perto dele, se não quiser apanhar também, vadiazinha – o mesmo homem que bateu em Armando, segura meu cabelo e me puxa com força pra trás.

— Droga! – gemo, de dor por ser puxada – Por favor, só me larga.

Quando ele me deixa longe o suficiente de Armando, volta a me puxar pelo braço, me colocando de pé diante à ele. O homem não é novo, parece estar na meia idade, tendo rugas pelo rosto e uma barba rala. Ele abre um sorriso arrogante, avaliando minhas roupas agora moalhadas pela chuva constante. Sua mão livre passa pela minha bochecha, acabo engolindo seco quando seu dedo desliza pelo meu pescoço.

— Fica longe dela, seu merda. – Armando fala com autoridade, viro minha cabeça e encontro ele se levantando.

— Ainda não aprendeu? Precisa apanhar mais, playboy?

— Solta ela, ou você vai se arrepender. – engulo seco, sentindo a mão do homem continuar deslizando pelo meu corpo.

— E você vai fazer o que? – ele finaliza a frase, o som de tiro soa alto e o corpo do homem cai no chão. Uma grande poça de sangue começa a se formar em baixo do mesmo.

— Vamos embora! – corro até Armando, puxando ele até o meu carro, abro a porta do banco de trás, esperando ele entrar e fecho a mesma.

Ligo o carro, dando partida no mesmo e saindo dali o mais rápido possível. Eu já vi sangue outras vezes na minha vida, mas nunca com tanta abundância como foi dessa forma. Armando é o subchefe da associazione, pra ele, tirar mais uma vida não faz diferença, mas eu ver isso é muito angustiante.

Finalmente chego até os portões da minha casa, saio do carro de forma ágil para não acordar o homem enorme no banco de trás, vou até o portão e abro o mesmo com a chave. Retorno ao carro, dando partida até o quintal da casa, saio do carro e fecho o portão. A chuva deu uma amenizada, evitando que eu fique tão resfriada no dia seguinte.

SubChefe - Nova Era 2 - ContoOnde histórias criam vida. Descubra agora