Capítulo 5

277 28 2
                                    

ARMANDO SAVÓIA

Todos esses anos no comando da empresa Savóia, nunca vi a minha caixa de spam tão cheia como está nesse momento. Muitas mensagens sugestivas sobre meu relacionamento com Catarina, propostas de entrevistas, mulheres interessadas em uma noite comigo. Se isso acontecesse meses à trás com certeza eu iria aceitá-los com modéstia, mas no momento estou focado em outras coisas.

Uma delas é essa calmaria dos nossos inimigos, os turcos nunca estiveram tão calmos como agora. Meu pai não os vê como inimigos ainda, mas tenho completa certeza de que eles nos tratam muita dor de cabeça, principalmente após o nascimento do Vito, meu sobrinho. Harper ainda está grávida, chegando na reta final, enquanto Jane acabou de se casar com Vicenzo oara fortalecer nossas uniões. Infelizmente chegou a minha vez.

Muitas pessoas não imaginam que realmente irei me casar, infelizmente não tenho outra alternativa no momento, entendo o porquê é tão necessário um matrimônio. Seria mais vantajoso para nós, os italianos, que eu me casasse com uma mulher que tenha família influente, assim como Harper e Vicenzo. Felizmente no momento não precisamos de aliados, mas sim demonstrar como somos bons líderes. O que acharam de um líder sem esposa e filhos?

Sou o subchefe da associazione italiana, como segundo no comando tenho que impor respeito aos nossos aliados, subordinados e rivais. Meu pai sempre disse que um bom líder não é aquele que impõe medo, mas aquele que trata sua associazione com respeito. Eu e meus irmãos sempre fomos livres para tomar nossas próprias decisões, já fizemos coisas boas e ruins durante um bom tempo, mas agora temos responsabilidades à assumir.

— Senhor! – Lilian, minha governanta entra com uma certa pressa em meu escritório. Ela põe as mãos para trás, abaixando um pouco a cabeça. – Perdoe-me por entrar assim.

— Não há problema, Lilian. Do que precisa?

— Senhor Savóia, a sua mãe..

— Não precisa me apresentar, Lilian. – a imaginem da pequena mulher de cabelos negros e olhos cintilantes aparece no meu campo de vista, ela segura sua bolsa de mão e a outra apoia no ombro da minha governanta – Pode ir, querida. Eu lido com meu filho.

Lilian olha pra mim, como se pedisse permissão, apenas aceno com a cabeça e a mulher sai do escritório em silêncio.  Analese Savóia, ex primeira-dama e mais conhecida por mim como mamãe, vem até mim sorridente e já sei o que ela deseja. Me coloco de pé, deixando os braços me rodearem e os beijos serem depositados em meu rosto com frequência. Minha mãe tem essa mania de beijar loucamente seus filhos.

— Como a senhora está, mamãe?

— Oras, estaria melhor se você não estivesse fugindo de mim! – esbranja, me soltando e indo até a proltrona de frente para minha mesa. – Armando, meu filho, você está fugindo da sua própria família.

— Não é bem assim, mamãe. Apenas estou tirando um tempo para pensar, preciso analisar algumas questões da empresa e outras da associazione. Meu tempo livre está limitado.

— Para a família sempre terá que ter tempo, meu filho. Se lembra como era quando você e seus irmãos eram pequenos, sempre tínhamos nossos momentos juntos. – ela diz convicta a fazer-me sentir culpado, devo admitir que ela está conseguindo. – Sei bem os motivos dessa ocupação sua.

— E quais seriam esses, mamãe?

— Seu noivado.

— Não estou noivo.

— Seu rolo com aquela garota. – dobra as pernas, apoiando uma mão na minha mesa mostrando autoridade – Sabe que não precisa se casar com ela, não é mesmo? A notícia do seu noivado foi para os tabloides, sites de fofocas, mas podemos resolver isso apenas com uma ligação.

— Catarina está animada com essa ideia ridícula de casamento, todos ao nosso redor sabem que isso é apenas uma farsa. – me coloco de pé, deixando minhas mãos dentro dos bolsos da calça social – Devo admitir que com essa notícia do casamento tudo tem se normalizado, os civis não cobram mais uma postura da minha parte e meu pai segue com seu plano.

Minha mãe se levanta junto comigo, me encarando sorridente, como se estivesse entendo cada mínima palavra minha. Analese é uma grande mulher, não é atoa que era uma perfeita primeira-dama. Ela se aproxima de mim, tocando meu braço coberto pelo terno social, os olhos negros cintilantes focam nos meus.

— Aquela mulher não é pra você, ela não é flor que se cheire, então tome muito cuidado com os espinhos daquela flor, porque logo ela se mostrará uma grande erva daninha.

SubChefe - Nova Era 2 - ContoOnde histórias criam vida. Descubra agora