Capítulo 10

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ÁGATA MALLET

A porta do carro é aberta pelo soldado, me retiro do mesmo com cuidado, recebendo a visão da família principal na escadaria da mansão. A atual primeira-dama está ao lado de Sebastian, o chefe. Dona Analese, antiga primeira-dama está ao lado do marido que estão mais próximo à mim. Donato e Beatrice, os gêmeos, estão escoltados no parapeito da varanda, enquanto Armando está no lado oposto com as mãos atrás do corpo.

Já vim até aqui muitas vezes, mas dessa vez o motivo é completamente diferente. Mesmo com casamento de Sebastian, tornando ele o futuro chefe, a casa do senhor Salvatore continuará sendo a mansão principal. Harper alisa a grande barriga, mantendo o olhar sob mim. Dou passos incertos na direção deles, aliás, ainda são a família mais poderosa da Europa.

— Ágata! Como é bom revê-la. – dona Analese diz sorridente, descendo os dois degraus que faltava e se aproximando de mim.

— Igualmente, senhora.

— Esqueça essas formalidades, querida. – segura minhas mãos, erguendo o olhar até o meu – Suponho que seremos da mesma família, logo logo. – ela move sua cabeça até seu segundo filho, que abaixa quando percebe o olhar da mãe.

— Como desejar. – abro um sorriso amarelo, sem mostrar os dentes.

— Espero que esteja bem, amiga. – Harper se aproxima, com cautela ela me puxa para um abraço – Sempre estarei ao seu lado, entendido?

— Entendido – nos separamos, ambas com um sorriso nos lábios. Harper usa um vestido longo na cor branca, ele é justo até o busto, ficando mais livre no restante do comprimento.

— Melhor entrarmos! – Beatrice fala, ainda me encarando de forma firme – Temos muito o que resolver.

Todos concordam silenciosamente. Harper retorna para o lado do marido, Dona Analese faz o mesmo, e eu começo a subir a escadaria tentando normalizar minha respiração. Beatrice analisa isso, ela não desvia os olhos verdes de mim, quando todos já haviam passado pela porta principal, ela permanece me esperando. Assim que passei por ela, a mesma me segue pelo hall da casa.

Todos da mídia, da máfia e quem tenha olhos para enxergar, vê o quanto essa mulher tem ciúmes dos irmãos. Beatrice Savóia é o diamante da família principal, uma grande joia para todos da associazione Italiana. Está em suas mãos o casamento que trará mais poder para a associazione, mas a joia tem costumes que não agrada à todos. A loira gosta de armas, facas e esportes perigosos. Foi a primeira mulher à ter sua iniciação.

— Sente-se aqui, querida. – dona Analese me colocar sentada em uma proltrona verde musgo, que tem ao lado de alguns sofás redondo suspensos no teto. – Aceita alguma coisa? Água, talvez suco?

— Um chá, eu aceito. – sorrio tímida.

— Oh, melhor não. Minha mãe sempre dizia que havia chás que não faziam bem para grávidas. – menciona preocupada – Mas mandarei a cozinheira vê quais chás temos disponíveis.

— Mamãe, deixe Ágata. – Armando se aproxima de nós, tocando no ombro da senhora à sua frente – Ela está bem, traga apenas uma água, por enquanto.

Donato está ao lado do pai, apenas encarando o decorrer da cena. Beatrice está sentada em um dos sofás suspensos, rodando uma adaga prateada entre os dedos. Harper e Sebastian estão sentados em um dos sofás, de mãos dadas, mas o chefe não parece muito contente.

— Como quiserem. – dona Analese vai até sua governanta, dando as instruções para a mesma e logo retornando.

— Então, Ágata. – o antigo chefe começa. – Me conte mais sobre o seu passado. Meu filho Sebastian me contou por cima, coisas básicas, quero saber mais.

Olho instantaneamente para Armando, que está sentado ao meu lado no sofá. Ele balança a cabeça suavemente, como se confiasse minha história ao seu pai. Engulo seco, voltando a olhar à família loira em minha frente, agora recebendo olhares mais intrigantes. Certamente eles sabem sobre minha história, mas desejam que eu conte a minha versão, de quem viveu tudo aquilo na pele.

— Minha mãe sempre foi uma mulher que gostava de explorar novas relações, nunca foi muito cuidadosa em suas noitadas. – olho para o meu noivo, que entende a referência e dá um leve sorriso de canto, com os olhos esverdeados focados em mim – Semanas depois minha mãe descobriu uma gravidez, ela correu para contar ao meu pai, que estava retornando para o seu país de origem.

— A França? – Donato pergunta, apenas balanço a cabeça em forma de concordância.

— Exatamente. Meus pais eram novos, mas o meu pai vinham de família nobre na França e não podia deixar um filho largado, era contra as normas da família Mallet. – respiro fundo, quando eles perceberam que venho de uma antiga linhagem nobre. – Meu bisavô paterno era um Duque, isso fez com que meu pai casasse com minha mãe.

— Suponho que não tenha terminado muito bem – dona Analese comenta, me fazendo sorrir de forma fraca.

— Não mesmo. Aos dois anos eles começaram a se odiar, meu pai se encontrava com várias mulheres e isso deixa minha mãe irada. Então, quando eu completei quatro anos ela pegou todas as economias e voltou comigo para a Itália. – engulo seco, sentindo uma grande vontade de chorar – Meus avós me criaram, enquanto minha mãe trabalhava. Minha vó foi como uma mãe, mas infelizmente ela morreu quando eu tinha cinco para seis anos.

— Se não quiser continuar, entenderemos! Não iremos forçá-la à nada, Ágata. – Sebastian fala de forma suave, mostrando que ele está aqui como um velho amigo.

— Estou bem. Continuando, após a morte dela, minha mãe trabalhou o dobro para sustentar à mim. Meu avô adoeceu e acabou se aposentando, seu dinheiro foi destinado aos remédios intermináveis. – seguro a mão de Armando, tentando achar forças para continuar – Ali tudo se perdeu, eu fui crescendo e vendo minha mãe se afogar nas drogas. Ela não parava em nenhum emprego, levava vários homens para dentro de casa e dopava meu avô para não vê-los.

— Um desses homens.. ele. – Armando toca em minha bochecha, me calando com um beijo casto nos lábios na frente de todos.

— Estou aqui com você, não precisa ter medo, tudo isso já acabou – sussura perto dos meus lábios, sua mão toca minha barriga – Somos nós três agora.

— Obrigada – sussuro de volta, movendo minha cabeça para a família que nos encara de forma sugestiva. Sebastian está com uma sobrancelha arqueada em confusão. – Um desses homens tentou abusar de mim, mas eu gritei e por algum milagre meu avô acordou. Minha mãe tinha saído para comprar mais drogas para eles. Dali em diante tudo mudou.

— Minha mãe adoeceu também, descobriu um câncer maligno no útero, igual ao da minha avó. Eu comecei a trabalhar para sustentar a casa também, já que não tínhamos dinheiro suficiente. – abro um sorriso na direção de Sebastian – Foi ali que conheci Sebastian e Jane na faculdade, eles me ofereceram um emprego na empresa Savóia. Minha mãe morreu meses depois sozinha em casa, eu tinha levado meu avô à uma consulta de rotina.

— Sinto muito, Ágata. – Harper diz solidária. – Quando me contou sua história resumida, jamais poderia imaginar tudo isso.

— As coisas não são fáceis para algumas pessoas. – fecho rapidamente os olhos, abrindo um leve sorriso – Nem todos nasceram em berços de ouro, outros tiveram que lutar incansavelmente para sobreviver.

— Mas a sua luta acabou, menina. – senhor Salvatore indaga de forma firme – Você agora será uma Savóia, tanto voce quanto o seu avô não verão mais dificuldades.

— Bem-vinda à família, Ágata.

SubChefe - Nova Era 2 - ContoOnde histórias criam vida. Descubra agora