Capítulo 15

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Maio de 1835

Kellan poderia dizer que aquele era um péssimo momento para aceitar um convite do duque de Hastings, mas desconfiava que nunca realmente estaria confortável na presença do homem.

Uma voz debocha em sua mente sobre o que Simon Basset faria se soubesse que havia "quase" arruinado sua filha meia dúzia de vezes.

Provavelmente o duque iria exibir a cabeça de Kellan em uma estaca, no portão da frente de sua mansão em Mayfair.

E mesmo assim, ali estava o conde, sendo recebido pelo mordomo na tal casa.

— Um minuto, milorde — diz o senhor depois de Kellan dar seu cartão de visita.

O homem some de vista e logo depois retorna.

— Vossa graça pediu para que o levasse diretamente para seu escritório, milorde.

— Certo — diz Kellan, desconfortável.

Eles se encaminham por um corredor — um que Kellan conhecia melhor do que gostaria de admitir —, passando em frente a porta dupla que dava para a biblioteca.

O peito de Kellan aperta ao lembrar do momento que compartilhara com Belinda naquela mesma sala. Estava angustiado por toda aquela confusão no teatro, mas era melhor para os dois que ele não consertasse nada — eles deveriam se afastar, e o conde faria de tudo para firmar isso.

— Aqui, milorde — diz Jeffries.

A porta estava aberta, e Kellan entra no cômodo.

As paredes eram cobertas por estantes de mogno repleta de livros. Alguns quadros ornamentavam o lugar. Podia ver o duque e a duquesa em um deles, outros do casal cercado pelos filhos em diversos momentos diferentes.

Havia também três quadros, um lado do outro, onde três damas posavam graciosamente. A de olhos azuis e cabelos negros olhava diretamente para Kellan, e ele engoliu em seco emitindo uma lamentação silenciosa para o quadro.

— Vossa graça — Kellan faz uma mensura.

O duque sai de trás de sua larga mesa de mogno, e para de frente para o conde.

— Wexford — o duque acena para o conde e estende a mão para cumprimentá-lo e então indica a cadeira para ele se sentar — fico satisfeito que tenha aceitado meu convite para discutirmos sobre negócios.

Além dos negócios, Simon queria tentar extrair informações sobre o relacionamento do conde com sua filha. Não tinha passado despercebido a ele os olhares que o rapaz dava para Belinda, além do fato de algumas notícias terem saído no Whistledown envolvendo os dois.

Depois que voltou a se sentar em sua poltrona, ele olhou para o conde.

— Estou pensando em expandir meus investimentos para a Irlanda e gostaria de uma opinião de alguém de lá sobre o que seria interessante.

— Ah, claro, vossa graça. Fico contente em ajudar. Como o senhor sabe, a Irlanda ainda tem a economia voltada para as atividades agrícolas e pecuárias, porém falta muito investimento para equipamentos que ajudem no plantio e transporte das cargas, tanto para os insumos quanto o produto final.

Simon assente para ele prosseguir.

— Investimentos assim poderiam ter um ótimo retorno a longo prazo. Principalmente levando em consideração que os grandes donos de terra ainda não parecem tão interessados nisso por agora. Ser um dos pioneiros pode ser bastante interessante, ganhar mercado e quem sabe até outros investidores, caso o senhor pense em adquirir terras por lá e levar com isso sua influência.

ᴜᴍ ᴄᴏɴᴅᴇ ᴅᴇ SᴏʀᴛᴇOnde histórias criam vida. Descubra agora