ᴜᴍ ᴄᴏɴᴅᴇ ᴅᴇ Sᴏʀᴛᴇ

Capítulo 27

Novembro de 1835

Belinda desce da carruagem e observa a fachada da Casa Bridgerton. Era a primeira vez que saía de casa para um baile depois do que tinha acontecido. Claro que o fato de ser uma festa da sua família foi um incentivo a mais para ela ter coragem de voltar a socializar. Estaria entre seus familiares e sabia que eles a defenderiam de qualquer falatório maldoso que pudesse acontecer.

Algumas horas antes do baile tinha recebido um buquê de flores do Sir Barlow, dizendo que a esperaria no baile e pedindo antecipadamente a valsa da noite. Ela achou graça do bilhete, mas decidiu que era uma coisa que ela faria. Iria dançar a valsa com ele.

Gostava do Sir Barlow. Era um rapaz simpático e um bom dançarino, de forma que não seria problema para ela aquela dança. Não teria a mesma emoção de quando ela estava nos braços de Kellan, mas seria divertido e seguro. E isso era o que ela mais precisava agora, de algo seguro e perfeitamente previsível.

Era a segunda vez que Barlow pisava na casa Bridgerton e não pôde deixar de admirar o luxo contido e a fachada suntuosa. Parecia que tinha subido de nível em seu jogo de conquistar a herdeira de Hastings. Estava no berço da família Bridgerton, na casa do visconde, e o convite dessa vez levava o seu nome, diretamente.

Ah, ele estava tão extasiado. Seu plano ia bem. Avistou Belinda próxima a uma dama morena e se aproximou para cumprimentá-la.

— Senhoritas — ele faz uma mesura — Como se encontram em tão adorável evento?

Seus olhos não se desviavam de Belinda e de seu colar adornado de safiras. Aquilo deveria custar uma pequena fortuna!

— Sir Barlow, boa noite. Estamos bem e realmente o ambiente está adorável, não é? — ela olha ao redor e sorri enquanto observa a decoração — minha tia é uma excelente anfitriã.

Ele concorda e então engatam uma conversa sobre bailes e decorações.

Entre uma dança e outra eles se reuniam nos cantos do salão para continuarem conversando. Os comentários dele eram espirituosos e conseguiram tirar algumas risadas de Belinda, até que chegou a hora da valsa e os dois foram até o centro do salão para dançarem.

Apesar de não gostar muito dos bailes, Belinda não podia negar que tinha sentido falta de valsar. Ela adorava rodopiar pelo salão, enquanto observava os outros casais girando, com os vestidos coloridos das damas causando um borrão de cores enquanto dançavam. Gostava de observar qual casal parecia aborrecido, qual deles parecia apaixonado e também de poder conversar com o seu par sem reservas, numa bolha de cumplicidade e intimidade que só aquela dança proporcionava.

E apesar de não ser o homem com quem gostaria de estar dançando, estava muito grata por Sir Barlow ter a animado a sair de casa e voltar a participar dos eventos da temporada.

Barlow puxa Belinda pela cintura para que ficassem mais próximos. Aquilo daria uma ótima fofoca no Whistledown. Ele, cortejando uma dama rica e encantadora.

— Adoro uma valsa — diz ele convencido, a rodopiando com maestria — Adoro seguir todos os passos de dança. Não é maravilhoso?

A expressão de Belinda murcha, e seu olhar se torna perdido, concentrado na porta de entrada da mansão.

— Uma libra por seus pensamentos, milady — ronrona Christian. A mão dele estava espalmada na cintura de Belinda, a reivindicando.

Belinda volta seu olhar para ele e sorri, não iria dizer a ele que estava pensando que tinha sido através daquelas portas que ela tinha recomeçado sua relação com Kellan, que tinham decidido serem amigos. Que tinha sido nesta mesma casa que ela tinha rido dele pegando o copo de limonada do Sir Barlow e tomado como se fosse de fato dele. Não queria pensar nisso, mas parecia que todo lugar onde ia estava repleto de memórias dos dois.