Capítulo 23

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Setembro de 1835

Kellan estava indo para a reunião mais assustadora e apavorante de toda sua vida — e estava ansioso pela chegada desse dia desde que Johnson voltara da Irlanda.

Sua demora, de um par de dias, se dera apenas porque ele estava preparando o discurso perfeito. Tentou elaborar algo poético e extremamente romântico, mas suas habilidades não iam tão longe.

Decidiu por fim se apegar a sua verdade, e apenas colocá-la para fora. Se Belinda o amava tanto quando ele a amava, ela o entenderia.

Entenderia que tudo que ele queria era passar o resto de sua vida ao lado dela. Amá-la por toda eternidade, ter uma família ao lado dela.

E estava aqui para pedir a permissão do pai de Belinda para isso. Esperava receber duas respostas positivas naquela tarde, e estava indo em busca da primeira.

Jeffries o recebe e faz menção de acompanhar o conde até o escritório de Hastings, mas Kellan o dispensa. Já conhecia o caminho.

— Me deseje sorte, Jeffries — o conde inspira nervoso e compartilha um sorriso de camaradagem com o homem.

— Boa sorte, milorde — o mordomo dá um sorriso contido.

Simon estava em seu escritório quando o conde de Wexford, sem ao menos ser anunciado, aparece à porta, parecendo ansioso.

Simon ao ver o rapaz já consegue imaginar do que se trata e convida o a se sentar na cadeira a sua frente.

— Wexford, nem vou dizer que é uma surpresa vê-lo, já que parece estar mais aqui do que em sua própria casa — Simon eleva uma sobrancelha, debochado e sorri para o conde — a que devo a sua visita?

Kellan assente. Estava tão tenso que nem só percebe o tom de deboche do duque tardiamente — nem ao menos consegue responder de forma espirituosa.

— Vossa graça — sua voz sai rouca pelo nervosismo —, como vai?

Ele ainda se mantinha de pé, sem perceber. E antes que o duque pudesse responder, o conde emenda:

— Vim pedir a mão de sua filha em casamento.

Ele apenas despeja, de forma desajeitada. E assim, todo seu discurso, vai por água abaixo.

Uma emoção forte tomava conta dele. Toda sua felicidade dependia daquele primeiro "sim". Não que a possibilidade de Belinda o rejeitar não o assustasse, mas não era nem um tolo, sabia que ela sentia pelo menos de forma parecida que Kellan.

Só esperava que fosse o mesmo sentimento que o dele.

Simon apesar de já estar ciente que esse momento estava próximo de acontecer, não deixou de ficar surpreso com a sensação de perda. Já conhecia esse sentimento, quando Amélia se casou e agora era a vez de Belinda.

Já havia conversado com Daphne sobre o relacionamento dos dois e era notável que se amavam. Tinham decidido aprovar a união, já que o conde, apesar de Simon considerá-lo um patife, parecia fazer Belinda imensamente feliz.

— Você sabe que a última palavra é a de Belinda, obviamente, mas tem a minha benção.

Simon escuta o suspiro de alívio do conde e vira o rosto para a janela para segurar uma risada. Logo então volta a fitar o jovem, de forma solene.

— Espero que não nos decepcione, Wexford. Estou entregando uma das pessoas mais importantes da minha vida à você. Cuide bem dela ou irá se ver comigo.

— Farei o possível, senh- digo, vossa graça. Cuidarei dela com a minha vida. Eu a amo.

Apesar do alívio imenso que sentiu com a resposta de Simon, o conde continuava tão nervoso quanto antes. Suas mãos suavam e suas pernas pareciam ter derretido.

ᴜᴍ ᴄᴏɴᴅᴇ ᴅᴇ SᴏʀᴛᴇOnde histórias criam vida. Descubra agora