Capítulo 24

511 33 0
                                    

Setembro de 1835

Belinda sobe correndo as escadas sem nem ao menos enxergar o que havia na sua frente. Estava desolada. Entrou em seu quarto e trancou a porta, não queria ter que falar com ninguém, nem lidar com o olhar de pena de sua família. Se jogou na cama e continuou a chorar.

Tinha acabado de dizer não ao homem que amava, tinha renunciado a tudo que tinha sonhado ter com ele: um amor, companheirismo, filhos e felicidade, assim como sua família tinha.

Pensou que seria ela que faria Kellan esquecer os traumas do passado e poder seguir em frente com uma família que o amava, mas ele já tinha uma família agora e tudo que ele havia dito para ela não passava de uma mentira.

Não podia acreditar que ele havia mentido para ela por tanto tempo assim. Aquela criança já tinha quase um ano, mais tempo do que eles tinham juntos. Se ele a amasse de verdade, teria contado para ela sobre o filho.

Belinda sabia que ele tinha um passado libertino e apesar de não ser o que ela esperava, obviamente iria aceitar o filho dele, afinal de contas era sangue de Kellan, uma parte dele. Era uma situação delicada, mas mesmo assim amaria a criança como se fosse filho dela também. Mas ele havia omitido aquilo e manteve a amante durante todo o tempo que esteve a cortejando. Sabia que havia feito o certo em dizer não, mas isso não significava que estava feliz com o que havia feito, muito pelo contrário, estava no fundo do poço.

Queria poder dizer sim, mas sabia que seria eternamente infeliz. Não poderia ser a única a apaixonada naquele casamento. Não poderia viver sabendo que era apenas a esposa de fachada e que na realidade ele amava outra.

Nunca poderia aceitar algo do tipo. Havia crescido vendo o amor de seus pais e queria algo parecido para ela. Tinha pensado que havia encontrado tudo aquilo que sempre sonhou com Kellan, mas agora sabia que estava errada. E isso doía muito. Ao levantar o braço para limpar as lágrimas de seu rosto, sentiu o gelado da pulseira que ele havia dado a ela deslizando por seu braço e voltou a chorar com mais força ao pensar que aquilo seria a única parte dele que ainda era dela.

Kellan disse que aquilo não havia terminado para o duque, e ele estava pondo aquelas palavras em ações. Seria um surto de loucura?

Ele não queria ponderar pela resposta.

Havia subornado — generosamente — um criado, e havia se infiltrado com sua ajuda na casa Hastings.

Era tarde da noite, mas não se importava. Na verdade, era perfeito para seu plano. Ele disse que precisava com Belinda e iria conseguir isso à seu modo. Toda aquela cena horrenda do pedido de casamento ainda martelava em sua cabeça. Era a única coisa em que pensava. Precisava falar com Belinda. Precisava vê-la.

O criado havia indicado qual era a porta do quarto dela, e ele subia as escadas dos empregados em direção a alcova dela. As portas brancas e altas estavam fechadas, claro. Ele tentou abri-las, mas estavam fechadas. Dá duas batidas, mas nenhuma resposta. Volta a bater, e sussurra o nome de Belinda.

— Pelo amor de Deus, mulher. Não me deixe levar uma bala de seu pai antes de falar com você — implora ele.

Belinda acorda assustada ao ouvir uma batida na porta. Nem havia percebido que tinha caído no sono. Provavelmente havia sucumbido à exaustão de tanto chorar.

Olhou para a porta e então voltou seu olhar para o teto. Não ia abrir a porta, ainda não estava preparada para conversar com seus pais. Até ouvir a voz de Kellan e pensou que estava ficando doida. Se levantou da cama, foi até a porta e escorou na madeira.

— Kellan? O que está fazendo aqui? — sussurrou.

— E-eu vim vê-la. — ele sussurra de volta — Abra a porta, por favor.

ᴜᴍ ᴄᴏɴᴅᴇ ᴅᴇ SᴏʀᴛᴇOnde histórias criam vida. Descubra agora