Capítulo 11

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Setembro de 1834

Crônicas da sociedade de Lady Whistledown

Queridos leitores, para quem estava apostando em um romance entre a Srta. Belinda Basset e o conde de Wexford, sugiro que retirem suas apostas. Quem esteve presente no aniversário da Srta. Basset, sabe do que estou falando. Os dois não conseguiam tirar os olhos um do outro e isso já havia acontecido antes em outros eventos. No entanto, algo de errado deve ter acontecido e o que parecia ser um flerte promissor não passa agora de um rumor antigo. O conde, após o dito baile, não foi mais visto em Londres e a Srta. Basset parece estar ainda mais reclusa que antes. Seria por conta de um coração partido?

Belinda jogou o jornal para o lado com raiva, chamando a atenção de suas irmãs que também estavam tomando café da manhã. Já não bastava estar se sentindo péssima com toda essa situação estranha que havia passado. Agora precisava a reviver através deste jornal de fofocas.

Pensava estar superando o que havia acontecido entre ela e o conde, mas bastou ler o nome dele para se recordar do que havia acontecido na biblioteca, dos beijos, das carícias e depois do olhar apavorado que ele deu antes de sair do recinto como se ali tivesse a peste.

Nunca havia se sentido tão rejeitada na vida. O olhar dele ainda a assombrava em algumas noites. Não conseguia entender o que havia acontecido.

Se concentrou em seu chá enquanto via Amélia pegando o jornal com curiosidade, lendo a notícia e então olhando para ela com um misto de preocupação e pena.

— Quer falar sobre isso, Beli?

— Não. Hoje não. Só peço que queimem isso. Não quero que chegue na mão dos nossos pais.

— Mas vai chegar aos ouvidos deles por alguém malicioso...

— Não sendo hoje, já me basta. Se me dão licença...— se levantou e saiu andando em direção ao seu quarto.

Se sentia miserável. Não sabia porquê estava se sentindo triste por ter sido preterida pelo conde. Seria possível que estivesse gostando dele? Não poderia ser isso... Mas também não conseguia encontrar outra explicação para seu comportamento perto dele e o fato de ter se sentido mal com a sua ausência.

As vezes só queria não ter conhecido aquele homem. Deveria ter ficado em casa no dia daquele maldito baile em que ele a abraçou de forma escandalosa nos jardins. Desde aquele momento ela deveria saber que ele seria um perigo em sua vida.

Entrou no quarto e trancou a porta. Não queria ter que conversar com ninguém naquele momento. Pegaria um de seus livros preferidos e esqueceria o mundo ao seu redor, e se tivesse sorte, esqueceria dele também por algumas horas.

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Kellan olhava para o campo além com a palma em forma de concha sob os olhos. Apesar de ser outono, o sol estava forte. Muito forte para um irlandês.

A plantação de trigo já se mostrava desgastada, em breve secaria com a chegada do inverno. E tudo começaria novamente. O plantio, a espera, a colheita...

Mas nada disso realmente importava quando os pensamentos do conde voltavam para o leste. Para Londres.

Era como se tivesse deixado algo mal resolvido nas terras inglesas. Algo que o chamasse vez ou outra ao longo do dia. E Kellan sabia o que era. Porém era mais sensato que ignorasse.

Havia deixado Londres por uma razão, e não fazia sentido algum martelar seu juízo com isso. Não deveria pensar em Lady Belinda Basset, e não o faria. A partir daquele momento, disse para si mesmo pela quinta vez naquele dia.

Maldita Londres! Nunca deveria ter posto seus pés no meio daquela baile. Nunca deveria ter atendido aos pedidos de Robert. Nunca deveria ter posto os olhos nela.

Belinda Basset... O tormento de Kellan tinha nome e sobrenome.

Não importava quantas milhas colocassem entre os dois, ele ainda a desejava. Ainda pensava nela entre seus braços; nos seus suspiros e beijos cálidos.

— Merda! — xinga e marcha de volta para o castelo Wexford.

— Algo errado, meu senhor? — pergunta um dos empregados que lhe dava um relatório sobre as plantações da propriedade.

— Não.

Ele continuou marchando emburrado sem se voltar para o homem.

"... Os olhos azuis cintilantes, a pele macia e aveludada, a boca..."

— Mas que droga! — diz para si mesmo em voz alta.

– Milorde?

— Não é nada, Gustav. Mais tarde nos falamos.

Wexford monta em seu puro sangue negro e parte.

Talvez o vento puro e fresco lhe clareie a mente.

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Com o verão no auge, seus pais decidiram voltar para o campo, já que o calor estava insuportável e sua mãe queixando-se bastante disso por conta da gravidez já avançada.

O nascimento de mais um membro da família Basset estava ocupando o tempo de quase toda a família, tanto que Belinda já não pensava tanto no que havia acontecido no seu aniversário e nem na dor que tinha sentido ao ser deixada daquela forma pelo conde.

Mal podia esperar para conhecer o bebê que estava para chegar. Esperava que fosse uma menina e inclusive chegou a apostar uma libra com David, quantia que acabou perdendo quando Edward nasceu...


Autoria: Íris L. e Isadora F.


ᴜᴍ ᴄᴏɴᴅᴇ ᴅᴇ SᴏʀᴛᴇOnde histórias criam vida. Descubra agora