Capítulo 8

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Casa Hastings, junho de 1834

Depois de chegar em casa e tomar um banho bem demorado, Belinda chegou à conclusão que havia exagerado em sua resposta.

Tinha chegado em casa em segurança, como ele havia prometido e por sorte havia escapado de levar uma bronca de seus pais. Os dois estavam na casa do seu tio Anthony e não haviam voltado ainda. Tinha recebido um olhar estranho do mordomo e isso já era o bastante para se sentir mal.

Belinda deitou na cama e começou a repassar os eventos na sua cabeça, desde o momento em que ele a encontrou até a fatídica despedida. Passou a mão pelos lábios, recordando tudo o que ele havia feito. Ela realmente havia sido hipócrita. Não podia negar que havia gostado muito do beijo.

Não conseguia apagar da mente o olhar dele, a sensação das mãos fortes passeando pelo seu corpo. E dos beijos — da boca quente dele tocando a sua com paixão. Ela nunca havia sido beijada antes. Às vezes imaginava como poderia ser, mas nunca pensou que seu primeiro beijo seria carregado de tensão e desejo.

Ela pensou que seria algo tenro e fugaz. Apenas um toque de leve nos lábios, mas aquilo... Tinha sido muito melhor do que ela sonhara um dia. Realmente ele merecia um agradecimento pela experiência. E ela havia retribuído com um gancho de direita.

Pobre conde! Ficaria com um roxo por vários dias! Inclusive já estava com o olho inchado quando se despediram.

Se virou na cama se sentindo culpada. Ele havia pedido no baile um recomeço e ela havia recomeçado da mesma forma que antes, agredindo ele. E o pior, dessa vez acusando-o de coisas que ele não fez sozinho. Ela tinha aproveitado tanto quanto ele.

Custou a dormir e acordou no dia seguinte mal humorada e com dor de cabeça. Suas irmãs perguntaram se algo tinha acontecido e ela negou, mas ela não conseguia evitar de se sentir culpada.

Saiu com suas irmãs para um passeio no Gunther's, achou que doces poderiam melhorar o seu humor. Enquanto estava sentada na carruagem observando a paisagem e os transeuntes, decidiu que na próxima vez que o visse tentaria manter a promessa de serem civilizados um com o outro.

Não podia negar que gostava do senso de humor dele. E dos sorrisos maliciosos que ele dava. E do olhar. Aqueles olhos negros que pareciam ler o que se passava no fundo da sua mente. Olhos agora que estavam inchados e roxos pelo soco.

Ela se empertigou no banco da carruagem e olhou para fora com mais atenção. Ele estava atravessando a rua e seu aspecto era péssimo! Realmente havia desfigurado o belo rosto do conde!

Ela ofegou quando viu o olho roxo dele e se afundou no estofado. Queria sumir.

— O que aconteceu, Belinda? — perguntou Caroline curiosa e se inclinando para ver o que acontecia na rua que tinha deixado a irmã assustada.

— Não é nada. Só me lembrei que esqueci em casa a lista de coisas que queria comprar.

— É só isso mesmo? Você não costuma se assustar por poucas coisas, Belinda — diz Amélia desconfiada — muito menos esquecer algo.

— Pois é — Carol inclina a cabeça encarando a irmã — não parece você mesma hoje, Beli.

— E chegou tarde ontem...

Amélia deixa no ar. Caroline tinha dado com a língua nos dentes e contara que a irmã tinha voltado sozinha e à noite para casa ontem.

— O que andou fazendo?

Carol dá um sorriso amarelo e culpado.

Belinda suspirou frustrada. Era óbvio que Caroline iria contar para Amélia o que aconteceu ontem. Ainda mais depois dela não ter cumprido a sua parte no combinado. Talvez devesse a ela uma explicação.

ᴜᴍ ᴄᴏɴᴅᴇ ᴅᴇ SᴏʀᴛᴇOnde histórias criam vida. Descubra agora