26 - Estresse no portão da faculdade.

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No corredor do campus da faculdade de medicina

- Boa noite Lena.

- Oi Marry, boa noite, como você está?

- Não menos pior do que de manhã, mas vou sobreviver, você conseguiu tirar da cabeça do meu irmão a ideia de falar comigo hoje? – Marry pergunta com olhar sério para Helena.

- Maria Rita – Lena segura a amiga nos dois braços um pouco abaixo dos ombros e a olha nos olhos – você o conhece melhor que eu, você sabe qual foi a reação dele, ele não quis nem conversa comigo quando eu comecei a falar que você disse que não queria falar com ele hoje, ele passou o telefone para Zé Neto, eu expliquei para Zé Neto o que você havia me dito, mas Zé Neto disse que ele está nervoso, ansioso e não ouve ninguém, só você.

- DROGA! Está vendo o que você fez? – Fala nervosa andando de um lado para o outro.

- EU? Marry, eu caí nesta história de paraquedas, não tenho culpa se as suas mentiras, covardia e planos loucos não deram certo, como eu disse que não dariam, eu só conhecia o Renê de ouvir você falar e já sabia que ele não ia ficar quieto diante de tudo isso, eu só não contava que ele me usaria pra isso.

- Você não devia ter dito a ele que é por ele que sou apaixonada.

- Amiga, me escuta, acabe logo com isso, conversa com ele esta noite, a gente vai junto, Zé Neto e eu para garantir que nada vai acontecer.

- Não Helena – disse olhando séria, visivelmente nervosa para a amiga – eu não vou falar com ele hoje.

- Está bem Maria Rita, está bem... Hoje a coisa vai esquentar nesta faculdade.

- Meninas, vocês não vêm? O gato do Dr. Dereck já chegou, ele já está no auditório – Diz uma das amigas de turma das meninas.

- Ok Amanda, a gente já está descendo. Obrigada. - diz Lena.

- Vamos Marry.

Mais tarde no corredor da faculdade...

- ANDRÉIA – Marry chama – Andréia me espera – começa a correr.

- Oi Marry, está tudo bem?

- Está sim, Adelson quem veio com a comb dos alunos da fazendo hoje?

- Sim, ele está lá fora nos esperando.

- Que bom, hoje eu vou com vocês embora.

- Ok. Mas, aconteceu alguma coisa entre Zé Neto e você? Vocês brigaram?

- É uma longa história.

- Marry – Renê a surpreende – Precisamos conversar.

- Renê, eu já disse que não estou preparada para ter esta conversa com você agora.

- Renê – Helena segura o braço do rapaz – Deixa, de um espaço a ela.

- Não Morena, ela já teve espaço suficiente quando me ignorou e me fez acreditar que eu tivesse a magoado.

Enquanto Renê se vira para falar com Lena, Marry corre em direção a comb.

- Adelson abre por favor! – Ela grita para Adelson que está distraído conversando com os outros alunos que chegam para entrar no carro.

- Marry, o que aconteceu? Calma. – O rapaz fica preocupado.

- Abre a comb por favor, eu preciso entrar.

- Está bem – Ele abre a porta lateral do veículo e Marry praticamente pula dentro enquanto a porta é fechada pelo lado de fora, ela se senta no banco, olha pra fora e vê Renê encarando Adelson.

- Abre a porra desta porta Adelson - Renê diz entre dentes.

- Eu não vou abrir, ela não quer falar com você, respeita a vontade da moça.

- Isso não tem nada a ver com você Adelson, abre esta porta – Fala entre dentes quase soletrando as sílabas – eu preciso conversar com Maria Rita agora.

Adelson se aproxima de Renê encarando-o, quase que nariz com nariz.

- Todos que estão dentro deste carro, tem a ver comigo, eles estão sob minha responsabilidade – Adelson também fala entre dentes praticamente soletrando as palavras – Vai embora Renê, amanhã vocês conversam.

- Renê – Zé Neto chega correndo – Vamos embora cara, deixa, amanhã vocês conversam, vem – Zé Neto tenta puxar Renê pelo braço.

- Adelson, você é grande, mas não é dois, só não acabo com você aqui e agora por respeito a seus pais. – Diz com os olhos trêmulos, punhos serrados quase encostando nariz com nariz com Adelson.

- Não se preocupe Renê, não vai nos faltar oportunidade.

Enquanto isso, Marry chora abraçada a Andréia dentro da comb, os outros alunos, filhos dos empregados de Severo estão fora do veículo a postos para apartarem a briga, caso Renê se descontrolasse e partisse pra cima de Adelson, todos estavam estarrecidos, nunca tinham visto Renê tão nervoso.

- Renê, venha – Helena o abraça e o tira de perto de Adelson, Zé Neto os acompanha – Não vale a pena se descontrolar agora, você remou até aqui, não é justo jogar tudo pro alto por bobeira.

- BOBEIRA HELENA? Brada Renê – Tem mais de dois meses que ela não fala comigo ela mentiu para os pais dela, para Zé Neto e sabe-se lá pra quem mais para tentar ME esquecer – aponta para si mesmo – esperei até agora para ouvir dela o que nos impede de ficarmos junto e o motivo pelo qual ela mentiu pra tanta gente, ela simplesmente diz NÃO. – Coloca as mãos na cintura e anda de um lado para outro – me diz Helena, onde está a bobeira?

- Você tem razão Renê, mas dê mais este tempo pra ela.

- Eu não tenho mais tempo Helena, eu estou esgotado com toda esta história, eu estou no escuro, de pés e mãos atados, eu AMO – segura Helena pelos braços – AQUELA MULHER, você sabe o que é isso? Amar alguém desde que você era um pivete que não sabia nada da vida, eu estou enlouquecendo, se ela não vier falar comigo amanhã, eu juro que eu não respondo mais por mim, Maria Rita está brincando comigo, eu não vou mais aceitar isso.

Helena olha para Zé Neto que assiste a conversa dos dois, calado.

- Zé, leva Renê pra casa.

- É... Eu vou pra casa mesmo, não tem nada pra mim aqui, bora Zé.

- Vamos Morena, vou te deixar em casa.

- Está bem.

Os três entram no carro e seguem para a casa de Helena, deixam ela em casa e vão para fazenda.

Na madrugada

Renê está sentado na cadeira do escritório com os pés na mesa pensativo, são três horas da madrugada, o telefone toca.

- Alô.

- Renê?

- Maria Rita?

- Sim, você pode vir aqui, agora?

- Claro. Chego em quinze minutos

- Estarei te esperando na varanda, mas, não precisa pressa, não corra, por favor, preciso de você vivo.

- Está bem tomarei cuidado.

Renê corre, sobe as escadas e entra em seu quarto, veste uma jaqueta pega suas chaves e sai, pouco tempo depois ele está entrando na fazenda Recanto, Marry o espera sentada na varanda, ela avista o carro de Renê chegando, ele encosta a caminhonete em frente a varanda e desce, ela se levanta e sai correndo ao seu encontro e se joga em seus braços chorando muito, ele a abraça forte e tenta consolá-la.

- Ei... O que foi?

- Me desculpe Renê – ela pede chorando – por favor, eu preciso que você me perdoe.

- Eu? Te perdoar? Porque Marry?

- Por eu ser tão burra e não ter te dado o direito de saber o que eu sei, eu já devia ter te contado desde o início.

- Me contado o que Marry?

- Te contado o que eu sei sobre nós, o que eu descobri sobre a gente, o motivo pelo qual a gente não pode ficar juntos Renê.

Da Infância ao Sim.Onde histórias criam vida. Descubra agora