Da Infância ao Sim.

49 - Confusão de sentimento

No quarto:

-Lena sou eu Marry.

- Entra, está aberta.

- Oi. – Marry a cumprimenta.

- Conte-me tudo, não me esconda nadinha. – Helena senta-se na cama eufórica.

- Ai Lena, eu amo aquele homem – se joga na cama.

- Mas, fala aí...

- Ele é lindo, foi mágico.

- Mas vocês dois...?

- Não.

- O que? – Diz surpresa – Como assim? Vocês não...

- Não Lena, esqueceu que eu fiz uma promessa?

- Eu achei que você estivesse brincando, como você passa a noite inteirinha com um homem daqueles que vive fazendo juras de amor pra você, moveu céus e terra para provar que vocês não são irmãos, sem contar que você também é louca por ele desde criança, e você passa uma noite inteira com ele, sabendo que o amor de vocês não é proibido e não faz nadinha?

- Claro que não ficamos no zero a zero, mas continuo virgem e continuarei até a nossa noite de núpcias.

Helena regala o olho, coloca a mão na boca – Não acredito? Então você...

- Ahan...

- Como diria Renê: "essa sua versão está muito avançada".

As duas riram.

- Lena, ele é maravilhoso, ele é lindo, nos meus sonhos não senti nem metade de tudo que ele me fez sentir ontem.

- É, eu sei.

- Mas – Marry se senta na cama – e você e Zé Neto?

- O que tem a gente?

- Vocês dois conversaram?

- Sim, mas acho que eu fiz com que ele acordasse para uma realidade que ele não queria enxergar.

- Como?

- Marry, aquele homem que me perturba em sonhos desde o primeiro dia que coloquei meus olhos nele – hesita pensativa - eu sou perdidamente apaixonada por ele – Diz olhando para os dedos das mãos, pensa um pouco e continua - não é por mim que ele é apaixonado, não é comigo que ele quer estar, ficar, não é comigo que ele sonha.

- Lena, Zé Neto é louco por você, ele mesmo me confidenciou isso, disse que quando resolvêssemos o problema meu e de Renê que ele iria conversar com você.

- Eu sei amiga, eu também pensava assim, mas acho que ele estava arrumando uma forma de te arrancar de dentro dele desesperadamente e começou a acreditar que o sentimento de amizade que ele tem por mim era mor, mas não é.

- E como você sabe disso? Como você sabe que ele não é apaixonado por você e é por mim?

- Porque ele não me beija da forma que beija você.

- Mas ultimamente nossos beijos eram de mentira.

- Pra você sim, eram beijos de mentira, sem sentimento, mas pra ele não. Eu via quando era preciso entre um disfarce e outro trocarmos beijos, Renê e eu e Zé Nqeto e você, ele te beijava como se quisesse guardar aquele momento em algum lugar da suas existência, como se aproveitasse cada milésimo de segundo, você não percebia?

- Sinceramente não, eu estava tão envolvida com a história do exame, com tudo que nem me toquei nesses detalhes.

- Marry, eu jamais quero ser premio de consolação de alguém, eu já sofri demais, jurei a mim mesma que jamais me apaixonaria novamente, não me permito sofrer novamente, é claro, eu sou louca naqueles olhos, naquela boca quando sorri pra mim, naquele corpo, naquela bunda dentro daquelas calças apertadas, naquela comissão de frente maravilhosa que ele tem, naquele peito largo, naquele braços fortes, amo vê-lo até com aquelas calças de couro horríveis que eles usam, adoro a forma que ele me chama de morena, até quando ele me xinga de Diaba – as duas ri – Mas sei que se eu entrar nessa, quem vai se machucar sou eu, a gente até tem uma química legal, quando estamos juntos é maravilhoso ele tem o poder de me tirar do chão, do eixo, mas é só desejo, paixão, nada além disso.

- Você disse o que pra ele? Renê disse que ele está com cara de poucos amigos.

- Eu disse que ele precisava curar as feridas dele antes de ele se aproximar de outra pessoa, pois ele ainda não te esqueceu, eu disse que ele precisa aprender a conviver com isso e tentar te esquecer, tentar ser feliz, mas antes ele precisa dar um tempo pra si mesmo.

- Renê disse que ele falou que o coração dele está fechado para balanço.

- Eu ouvi isso dele também, me deu vontade de correr atras dele abraça-lo, beijá-lo, arrancar de dentro dele aquela angustia, eu sei como dói você amar alguém, mas este alguém não te pertencer, mas eu não posso fazer isso pois tenho que me curar também.

- Eu também sei bem o que é isso.

- Bom! Mas hoje é dia de comemoração – Helena salta da cama - Vamos fazer o que para comemorarmos?

- Não faço ideia. – Marry pensa um pouco – Ah! Podemos ir a Campo Grande comprar algumas coisas para o meu enxoval? Você me ajuda?

- Claro! Vou me banhar.

No curral:

- Bom dia gente! - Renê cumprimenta os peões que estão terminando de tirar leite das primeiras vacas.

- Bom dia seu Renê – Os meninos respondem.

- Como vai moleque? – Pergunta Dão – Está tudo bem?

- Sim Dão, está tudo certo.

- Parabéns pela coragem, sempre soube que você herdou o melhor de seu pai.

- Obrigado meu amigo – Olha pra Zé Neto – não fiz nada sozinho, tive as melhores pessoas do meu lado.

- Sei, sei.

- Bom dia de novo Zé, está tudo bem cara? Nunca te vi tão sério? Está com algum problema?

- Estou sim Renê, estou confuso, não sei se sou ainda apaixonado por Maria Rita ou por aquela diaba que responde por nome de Helena.

- Conversa com ela, eu sei que ela é louca por você, ela já me falou que carrega por você sentimentos que vão além da amizade.

- Eu tentei falar com ela ontem, mas ela me disse que eu ainda amo Maria Rita, e ela não está errada, vai ser difícil pra mim esquecer Marry, tenho consciência que terei que esquecê-la, mas não vai ser fácil.

- Eu quero te agradecer Zé.

- De novo? Você já me agradeceu não sei quantas vezes Renê, eu já disse, apesar de eu ainda gostar muito da Maria Rita, o que eu mais quero é vê-la feliz, ver vocês felizes juntos, é isso que importa.

- Não Zé, não quero te agradecer por ter nos ajudado com o exame e tudo mais, quero te agradecer por ter respeitado e dado espaço a Maria Rita, ela me contou que em momento algum você foi além do que ela lhe permitiu ir.

- Renê, meu amigo, eu amo Maria Rita e amo você também, você é como irmão pra mim, eu jamais faria algo que comprometesse a felicidade de vocês, mesmo sabendo que eu não era capaz de fazê-la esquecer o tal 'cara casado' eu decidi que jamais a deixaria, porque eu sabia que ela precisava de mim naquele momento, até então não sabia qual o problema dela com você, fato é que eu sabia que você a amava e você além de mim era a pessoa com quem ela ia desabafar, mas ela não estava falando com você, se eu a deixasse temi que ela fosse procurar outra pessoa qualquer, eu sei que se algo acontecesse a ela, você não me perdoaria, ela não me perdoaria e eu muito menos, por isso decidi levar adiante nosso namoro até descobrirmos que o tal "cara casado" na verdade não existia e que o amor da vida dela é você, confesso que sofri e sofro bastante, mas estou feliz por vocês.

- E quanto a Morena?

- A Morena cara, é coisa de carne sabe, é desejo, paixão, a gente pega fogo quando está junto, mas ainda não sei onde termina o desejo e começa o sentimento e vice-versa, vou ficar um tempo longe daquela diaba pra ver o que acontece.

- Entendi. Falta muito ainda?

- Não, esta é a última vaca.

- Está bem, vou ajudar você com o sal e a ração depois vamos tomar café?

- Vamos.