Pedras Azuis

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— Ela vai me odiar até quando? — Weston tagarelava para sua irmã, bem ao seu lado. — Isso nem sequer é justo, eu os fiz um favor...

Nenhum dos dois mantinha um tom baixo, o que era ridículo quando os três estavam apertados juntos no cabriolé que os levaria, depois de balanço demais, de volta à Woodrest.

Ao menos não estavam voltando a pé, Elena estava com muito na cabeça e quase nada no estômago para ainda ter de fazer o caminho de volta a pé.

— Ela teria nos odiado menos se não tivesse caminhado até lá. — Cecília cochichou. — Meu pai diz que ela demorou a andar por não querer deixar de ser carregada.

Era o bastante.

— Eu não conto nada ao meu pai se calarem a boca. — Barganhou.

Não que pudesse os delatar de muito sem se comprometer, de qualquer forma. E qual o pior em seu pai descobrir que esteve trancada sozinha com um viúvo? Forçarem-no a aceitar sua mão?

Suspirou aliviada quando sua casa pareceu perto o bastante para poder pular fora do veículo, sem arrependimentos, e deixar suas duas pessoas — Agora. — menos favoritas para trás.

Correu para a porta de entrada, mas antes que pudesse tocar a maçaneta, ela se abriu.

Dorothea, a governanta, sorria gentilmente para o Doutor Eddowes, até se assustar ao vê-la ali na porta. Elena imaginou não ter a mais amigável das expressões.

E não melhoraria vendo o médico da família ali. Raramente era boa coisa ter o médico ali. O boticário não era tão ruim, mas o médico... Seu pai havia caído do telhado, por jurar que sabia como consertar um ele mesmo, da última vez que precisaram chamar o doutor Eddowes.

— Quem se machucou? — Perguntou.

Era uma casa com crianças demais, sempre havia hematomas e ralados, mas para precisarem chamar o médico...

— Eu é que pergunto, menina. — Dorothea se adiantou, quando o médico abriu a boca para responder. — Está com uma cara de morte, viu alguma assombração?

Pior.

— Não, é que...

— Doutor Eddowes? — Sua irmã chamou atrás deles, e Elena se virou para vê-la ser carregada pra fora do cabriole como uma criança, a hipócrita. — Quem se machucou?

— Vá, é melhor deixar Sr. e Sra. Desmond conversarem com elas, não? — A velha governanta disse ao médico, e ele assentiu.

Passando pela porta, deu-lhe o mesmo sorriso amarelo, sob o largo bigode que via ficar mais e mais branco desde a infância, e colocou seu chapéu.

— Sra. Symondes tem razão, mas que prazer ver as senhoritas novamente, soube que a senhorita está noiva, meus parabéns!

— Eu não, ela. — Apontou para Cecília. — Eu sou a Elena.

— Oh, sim, desculpe. — Riu. — Sei que é Elena, mas esqueci que é a quinta, não a terceira.

— A quarta, — Dorothea o corrigiu. — A quinta é a que se parece com ela, mas é mais magricelinha, coisa da idade.

E aproveitando o momento em que a irmã certa estava próxima o bastante para ser parabenizada, se despediu rapidamente e entrou, a procura de alguém que pudesse contar quem se feriu.

A moça nova do andar de cima não sabia, e Valerie, que encontrou mexendo em algo que não devia no corredor, muito menos. Subiu as escadas, indo ao quarto principal. E quando bateu na porta, soube que algo grave aconteceu, pois seu pai tinha os olhos vermelhos.

Woodrest: Tempestades no paraísoOnde histórias criam vida. Descubra agora