Era uma adder, doía como o inferno, mas não a mataria. Mas os olhos cheios de medo de Jesse a faziam ter dúvidas. Olhou para a própria perna, que ja começava a inchar ligeiramente, e teve que segurar a ânsia.
— Eu vou. — Sr. Timothy Doyle falou. — Vocês ficam aqui, e eu volto o mais rápido que puder. — Ele disse à esposa e aos jovens de sua família.
— Pode fazer isso? Precisa de algo? — Seu pai perguntou. — Eu iria, mas não quero deixar minha menina.
— Fique com ela, não se preocupe.
Sr. Doyle os deixou correndo, e seu pai se aproximou, querendo examinar a ferida.
— A cobra está morta, temos que esfregar as entranhas dela na ferida. — Ele disse.
— O que? Não! — Elena exclamou. — Isso é repugnante!
— Meu pai sempre dizia que é assim que se enfraquece o veneno! — Ele insistiu.
— Talvez devesse fazer isso, apenas para ter certeza. — Hunter murmurou.
— Você está louco, Casper?!
Só percebeu depois que o chamou pelo primeiro nome, na frente de todos.
— É uma picada de cobra, você ouviu o que Jesse disse. — Ele apontou, provavelmente tentando aliviar o peso do gesto.
— Sim. — Jesse adicionou, parecendo atordoado. — Até o médico chegar, é melhor fazer isso, lavar a ferida e a levar pro quarto.
— Então está decidido. — Seu pai se levantou, indo pegar a cobra.
— Edgar, isso não é só uma lenda...? — Sua madrasta tentou.
Cecília a olhou com pena.
Não havia jeito, Elena teve que respirar fundo e passar por mais aquela humilhação.
°°°
Depois disso, Sr. Hunter a ergueu nos braços, sem cerimônias, e a levou para a casa. Onde sua madrasta, Cecília e Adela a ajudaram a se trocar, limpar o ferimento e se acomodar na cama até o médico chegar.
Além da dor e do inchaço, não se sentia perto da morte, embora quase a quisesse depois de ter tido aquele animal grotesco esfregado nela por seu pai.
— Você vai ficar bem, bebê, eu prometo. — Delphine falou. — Nem que para isso tenhamos que cortar sua perna.
— Obrigada, mas acho que quero mantê-la comigo. — Murmurou, e se virando para Adela, se lembrou de dizer:— É melhor ir ver seu irmão, ele parecia assustado.
E a própria Adela também, mas não acrescentou isso.
— Perdemos nosso irmão assim, não há o que ser dito.
Elena estendeu a mão, e apertou a da amiga.
Mais tarde o médico veio, os tranquilizou, dizendo que a Adder não devia ter injetado muito veneno se Elena não estava sequer se sentindo nauseada, apenas com a perna inchada e dolorida. E deixou alguns remédios, que separou antes mesmo de chegar à Woodrest.
Mais uma vez viveria, afinal. E agora teria que viver com a bagunça que devia ter causado ao chamar Hunter de Casper na frente de todos.
Uma batida à tirou de seus pensamentos, e Jesse estava na porta, com Adela
— Se acalmou? — Perguntou à ele.
Ele deu uma ombros.
— Contanto que não se aproxime mais da morte assim, parece que sempre que nos encontramos você faz isso.
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Woodrest: Tempestades no paraíso
Historical FictionLIVRO I Elena Desmond era a quarta de oito filhas, e não tinha sequer um irmão. Era também a que diria sim à qualquer um para dar ao pai o alívio de uma filha a menos para se preocupar, não importava quem fosse o pretendente. Ao menos até conhecer C...