Elena tinha visto a chegada deles por uma das janelas do quarto. Aparentemente August Weston não era um mentiroso.
A vista a deixava ver a rua da frente e, se tivesse sorte, por aquela janela também conseguia ver os visitantes descendo de seus cavalos ou de suas carruagens. E ela teve sorte naquele dia, a conhecida montaria de Sr. Hunter vinha na frente e em seguida o cavalo cinzento seguindo logo atrás. Só poderia ser Sr. Weston.
Olhando para o lado, espiando discretamente a irmã que estava na cama muito entretida com um romance que já tinha lido várias vezes, largada como um pedinte embriagado, apoiando a perna coberta pela meia de seda na cabeceira da cama.
Decidiu que o melhor a se fazer era fingir que não tinha visto nada pela janela. Se sentou na própria cama e pegou o livro presenteado por Sr. Hunter e começou a fingir lê-lo.
Na noite passada, ao contar sobre o passeio à irmã, contou sobre Sr. Weston. Falou dele como quem não pretendia nada, cuidadosamente o recomendando à irmã, com uma falsa falta de pretensão. Contou sobre como tinha sofrido á pouco tempo um rompimento de um noivado, e como Srta. Smith tinha rejeitado-o para se casar com outro mesmo com o casamento próximo. Era bom que ela soubesse que ele era solteiro, apenas para economizar tempo e investigação. Até falou sobre Grandriver Hall, mesmo sabendo que a irmã não era de ter esses tipos de interesses materiais.
Por excesso de cautela até contou que era amigo de Theron e Felícia, pois como Cecília não aprovaria alguém que estava nas boas graças de Felícia? Foi o suficiente para ter Cecília curiosa o suficiente para conhecê-lo, mas não tanto que a fizesse ansiosa para a visita e decepcionada caso essa não acontecesse.
Talvez por estar prestando atenção, Elena pôde ouvir o trotar dos cavalos se aproximando da casa. A irmã, muito entretida com o que lia, não deu nenhum sinal de ter ouvido a chegada dos visitantes, então Elena fingiu também estar alheia à eles e entretida com a própria leitura, embora tivesse levado alguns minutos para perceber que o livro estava de cabeça para baixo. Finalmente alguém bateu a porta, e era a pequena Audrey que vinha avisá-las que Sr. Hunter tinha vindo visitar com um amigo.
— Ah, deve ser Sr. Weston. — Elena murmurou, com fingida calma, pondo o livro de lado e se levantando sem pressa. Cecília fez o mesmo.
— Se continuar falando tanto dele vou pensar que quer minha benção para o casamento. — Ela a provocou. Infelizmente também não tinha pressa. — Ele pode muito bem ter dito que viria por educação, você sabe.
Elena sorriu interiormente, nem seque se dando o trabalho de devolver a provocação. Apenas gesticulou para que a mais velha fosse na frente.
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— Sr. Weston! Que bom que veio! — E foi logo empurrando Cecília com ela quando se aproximou dele. Foi provavelmente naquele momento que ela teve noção das intenções de Elena. — Essa é a minha irmã, Cecília. Te falei ontem dela, se lembra?
Se estivesse pretendendo vender Cecília na feira por duas cabras teria sido mais discreta.
— Claro, — Se levantou e fez uma cortês reverencia às damas. — algumas vezes. — Comentou, sem piedade, e se virou para Cecília com um sorriso bem-disposto. — É um prazer conhecê-la, Srta. Desmond número três.
— Você conhece isso! — Sua irmã não lhe negou o riso. — O prazer é meu. — O cumprimento não foi sem sinceridade, Cecília não resistia à pessoas bem humoradas. — Também ouvi falar muito bem do senhor ontem. Algumas vezes.
— O que não me surpreende. — Sr. Desmond murmurou, e Elena pensou ter visto seus olhos irem para ela com uma espécie de humor de quem sabia mais do que se pensava. Mas não teve certeza, porque logo em seguida ele estava olhando para Sr. Weston. — Confio muito no caráter de alguém que meu genro Hays considera um amigo, ele é um homem que sabe julgar bem uma boa companhia.
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Woodrest: Tempestades no paraíso
Historical FictionLIVRO I Elena Desmond era a quarta de oito filhas, e não tinha sequer um irmão. Era também a que diria sim à qualquer um para dar ao pai o alívio de uma filha a menos para se preocupar, não importava quem fosse o pretendente. Ao menos até conhecer C...