Foi como um peso desprendendo-se de seus ombros quando abriu a porta e saiu, com Sr. Hunter a seguindo.
Sem o cheiro irritante do doce, sem a rigidez em cada músculo, sem calcular para onde deveria olhar.
Se perguntou se seria assim, caso se casassem, uma sensação de alívio por estar com ele. Como se fosse uma extensão de estar consigo mesma.
— Foi um plano genial, na verdade. — Se permitiu rir. — E não podemos julga-los quando também nos intrometemos para junta-los.
— A senhorita se intrometeu, eu apenas a segui. — Ele argumentou.
Não moveram um passo para longe da porta fechada.
Ali poderiam se olhar, esticar o momento, até chegarem ao limite da cortesia. Cada minutos valia.
Cada minutos valia. Sempre.
— Eu pensei a respeito...
Ou fugiu do pensamento até a conclusão a encurralar.
— Eu também.
Aquilo a pegou de surpresa, fez suas entranhas se encolherem.
— No que pensou?
Talvez tivesse escolhido um caminho mais fácil, mais moral... Em seu caminho, poderia ter uma Angelina à cada esquina, ela sabia.
— Que você me ama. — Não foi um tom carinhoso, muito pelo contrário. — Se não amasse, sequer cogitaria me deixar pedir sua mão. Eu poderia ser outro Tim Doyle em seu encalço.
A surpreendeu que ele ainda se lembrasse de Tim Doyle, com nome e sobrenome além de tudo.
— Eu amo. — Confirmou.
— Você não vai me negar sua mão. Não há porquê. — Ele esperou resposta, mas o que havia para ser dito quando ele antecipou suas palavras? Só repeti-las como uma idiota? — Era nisso que estava pensando, foi à essa decisão que chegou. — Desviou o olhar, tentando formular uma linha de raciocínio, mas então ele tinha os dedos nus em seu braço. — Você não olhou para mim o dia inteiro, o faça ao menos agora, por favor.
Seu braço formigou, seu coração saltou como um pássaro à centímetros das presas de uma víbora.
— Está me fazendo perder o raciocínio, não saberei me explicar assim.
Mas ele não moveu um dedo.
— Porque você me ama. — Explicou, quase como uma curiosidade acadêmica. — Provavelmente não como eu te amo, mas o bastante para falar mais alto que todas a razões lógicas, e o bastante para eu ser um tolo se não conseguir sua mão o mais rápido possível. — E se aproximou, tanto que Elena esperou ser beijada. Mas não, ele apenas disse: — E você não merece um tolo como marido, então não vou ser um. Esses dias ficarão para trás.
E se afastou, ainda na maldita ideia de ser respeitoso.
— Só não peça tão rápido, tem que fingir estar pensando à respeito para meu pai e Delphine. — Mudou de assunto. — Como eu dizia, estive pensando. Faz todo sentido que com crianças pequenas você procure uma esposa entre as famílias que aprova, e eu sou a filha não comprometida mais velha da casa. Não parecerá errado.
— Se ninguém nunca souber que te beijei.
— Ou se ninguém testemunhar, caso queira me beijar novamente.
Ele riu. Revirando os olhos e olhando para longe.
— Tenho que me aproveitar justamente disso. Ter logo os papéis do casamento nas minhas mãos, na minha gaveta.
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Woodrest: Tempestades no paraíso
Historical FictionLIVRO I Elena Desmond era a quarta de oito filhas, e não tinha sequer um irmão. Era também a que diria sim à qualquer um para dar ao pai o alívio de uma filha a menos para se preocupar, não importava quem fosse o pretendente. Ao menos até conhecer C...