A Segunda Proposta

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Rosefield Park se encontrava — mesmo que ainda dentro do condado — em uma região ainda mais remota que Woodrest. Ao redor a natureza ainda estava no inicio de sua recuperação do inverno, a grama ainda não estava completamente verde intensa como costumava, as arvores continuavam desnudas de folhas, e só se via brotar alguma em algumas poucas. O sol brilhava tímido como em todo o condado, mas acima daquela densidade de vegetação não parecia conseguir fazer tudo brilhar e se encher de vida como devia. Só se via algumas poucas flores no campo, e o vento lento ainda era frio.

Foi aquela beleza melancólica que recebeu Elena, talvez para fazer par com a dela própria.

A mansão de Rosefield a esperava depois de um longo caminho de pedras úmidas da recente chuva. Ela se lembrava do lugar sendo mais acolhedor em outros tempos, grama verde como um tapete por toda a propriedade, flores e arvores cheias, afinal ainda era Lakeshire, deveria ser sempre primavera, mas aquele inverno que ela não presenciou tinha sido duro.

A entrada melhorou um pouco sua recepção, flores das estufas protegidas já tinham sido espalhadas, eram em sua maioria rosas cor-de-rosa. E logo que entrou viu a lareira acesa prometendo calor e em seguida ouviu o riso de criança e teve seus sobrinhos correndo para ela.

Magnólia, a mais velha, vinha correndo em um vestido vermelho e seus cachos cor de mel, cuidadosamente modelados, balançando enquanto corria. se jogou para a tia com um grande sorriso no rosto rosado. Phil veio em seguida, quase tão animado quanto a irmã. Não poderia ter sido melhor recebida, pensou enquanto os apertava.

— Você demorou! — Maggie reclamou em seu ouvido. — Quase pensei que não viria mais.

E logo foi com as crianças se sentar perto da lareira até sua irmã e cunhado descerem.

Tinham a pequena Lucile  embalada no colo da mãe e bem acordada, com seus grandes olhos azuis atentos à súbita agitação na casa. Elena a pegou imediatamente, era quase um ritual chegar à casa de Felicia e ir babar em seus sobrinhos antes de sequer trocar alguma palavra com os pais deles.
Os cabelos negros, embora bem enroladinhos, traziam à ela uma boa e triste lembrança.

— Está fugindo de Olivia, não? — Felícia adivinhou. — Imagino que ela deve estar enriquecendo os vendedores de papel para carta, tinta e pena de Londres, e lamento pela coleção de selos do Sr. Enright. Deve estar eviando cartas sem parar para Woodrest depois de você ter recusado o pedido do tão rico, bonito e marinheiro aposentado Capitão Learmouth. — Ela pronunciou o nome dramaticamente, claramente zombando da dor de cabeça de Elena.

— Eu a entendo, ele é um  amigo próximo do Sr. Enright. — Elena ajeitou Lucile no colo, balançando a cabeça ao pensar no drama de Olívia. — E a recusa foi educada, e nenhum de nós nos despedimentos com rancor.

— Fiquei surpresa quando ela me enviou a primeira carta de indignação. Ela também estava  chateada que ele se recusava a dizer qual foi seu motivo para recusar. Contou que ele disse à ela que se você mesma não contou nada não deveria ser um assunto que ele pudesse compartilhar.

Como qualquer cavalheiro honrado faria, o que nenhuma seria tola o bastante para rejeitar.

— É um cavalheiro com uma honra de ferro. — Murmurou, já olhando ao redor em busca de algo que distraísse Felícia.

— E imagino que também não pode me contar. — Felícia calmamente se ajeitou em seu assento, se inclinando para mais perto da lareira como se o assunto em questão fosse o clima.

— Prefiro não, e não é nenhum assunto cuja importância mudaria sua vida, não se preocupe.

— Sendo assim... — Ela mudou de assunto. — É uma pena que Cecília não tenha se interessado em vir com você. Recebemos ontem à noite uma carta do Sr. Weston avisando de suas intenções de vir nos visitar em Rosefield. Deve chegar ainda essa tarde. Cecília parece  ter gostado dele, ou estou imaginando neve no verão?

Woodrest: Tempestades no paraísoOnde histórias criam vida. Descubra agora