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Era feriado prolongado. Ia ser um final de semana longo sem as crianças.

Decidi que ia dar um tempo para mim. Colocar as séries em dia. Uma leitura na companhia de um bom vinho.

As duas garrafas de vinho que Bruno havia deixado, ainda me encaravam do aparador, como se quisessem me dizer uma coisa que eu não havia entendido.

Eu precisava beber logo aquilo, encarar a verdade e tirar ele da minha vida. Eu tinha decidido isso.

Eu tinha decidido cortar o cabelo e deixá-lo mais escuro. Minhas amigas iam uma a cada dia na minha casa até me verem superar o Bruno.

Não admitir que estava apaixonada no final não adiantou em nada. Sofri como se tivéssemos tido um longo namoro.

Já fazia mais tempo que não nos víamos, do que efetivamente durou tudo que tivemos.

Quatro meses era um tempo considerável e eu estava disposta a esquecer, mesmo que as vezes só para matar a saudade eu espiasse pela televisão algum jogo que ele jogava.

Eu sabia que ele jogava há alguns minutos da minha casa, mas ir vê-lo tornaria tudo mais difícil. Assim que eu considerava a ideia, passava a desconsiderar.

Sai com as meninas na segunda. Era o que fazia a semana ser divertida, leve e quebrava um pouco a calmaria da minha vida.

— Você parou de ficar vendo ele pela TV, né? — Annie bebeu a cerveja antes de me encarar, como se não fosse gostar da resposta que eu daria para ela.

— Parei. – Menti.

— Então está na hora de dar chance pra outra pessoa. – Laura continuou.

— Amiga, não tenho na minha vida ninguém que eu queira dar chance. – Eu não queria outra pessoa, e Lua sabia disso, então ela continuava em silêncio enquanto as duas emitiam suas opiniões.

— Mas, então, vamos consertar isso. Nem que seja só pra colocar outro na sua cama e tirar o cheiro do Bru... – Annie deu uma risada safada.

— Mano, a gente não fala nome dos falecidos aqui, esqueceu? – Lua parou sua cerveja, levantou o dedo antes da fala, como se fosse falar algo muito importante.

— Vocês não sabem quem foi na minha casa: Luciano. – Tirei o Bruno da conversa, mas ao colocar Luciano, todas soltaram um sonoro "Aaaaahhhh".

— Amiga, esse aí deveria estar falecido, morto e enterrado. Desova esse difunto. – Annie mexeu no cabelo antes de mexer no celular.

— Até parece que vocês não saber que a Olivia é uma porta giratória. Tudo que vai... – Laura fala isso como se ela não fosse a libriana indecisa.

— VOLTA! – Todas gritaram juntas.

Elas eram incríveis. Demais até.

Eu reparei que estava cheia de pessoas incríveis na minha vida. Desde as minhas amigas que me ajudavam a pensar até minhas filhas lindas que logo perceberam algo de errado.

— Mãe, o Bruno não vem hoje não? – Ali foi na cozinha e voltou com um pote de sucrilhos na mão.

— Não. – Respondi sem explicar.

Players - Com Bruno RezendeOnde histórias criam vida. Descubra agora