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— Eu sei arrumar a minha própria cama, Dona Vera. – Ele disse entrando na cozinha, e dando um beijo na mãe.

— E trouxe o pão? – Vera parecia segurar o riso.

— Claro, a gente acordou cedo para ir buscar.

— Pelo cedo que vocês acordaram e o tanto que demoraram, devem ter ido fazer o pão, inclusive.

— A gente foi fabricar a farinha pra fazer o pão, na verdade, Dona Vera.

Bruno fez uma cara de deboche e saiu.

— Dona Vera – Vera olhou para mim como uma careta – Vera. Desculpa a gente...

— Eu estou só brincando... Eu estou acostumada com as artes do Bruno, finjo que estou pegando no pé mas ele sabe que não.

— Aqui o pão, Dona Vera. – Ele se sentou do meu lado – Aliás, sabe onde a gente foi? Taquaral.

— Não acredito que eles ainda deixam aquela entrada aberta.

— Pois é. – Ele riu – E agora ela sabe também.

— Todo mundo da família tem que sabe, não é mesmo?

Conversamos sobre o Taquaral enquanto tomamos café da manhã. Fomos para a piscina mais tarde. Luísa já estava por lá com a Bia, Éder e os avós. Ficamos por ali a manhã toda, conversando até começarem os preparativos para o almoço.

— Não vamos nem comentar quem foi que arranhou suas costas. – Luísa comentou antes do mergulho.

— Parece que a lingerie nova foi aprovada, afinal.

Bruno olhou para mim e riu. Eu fiquei sem graça, claro.

— A gente caiu de bicicleta – Eu falei – Eu até machuquei o cotovelo. Ele caiu de costas, deve ter machucado.

Mostrei meu machucado para Luísa.

— Caíram onde?

— A gente foi no Taquaral hoje de manhã. – Eu tentei despistar.

— Ah! Por aquela entrada?

— Mas aqui todo mundo invade o Taquaral? – Eu falei indignada enquanto eles riam.

— Não todo mundo. Mas todo mundo que viveu um pouco nessa cidade sabe que existe uma entrada secreta, porém poucos sabem onde ficam e pouquíssimos ainda sabem como abrir.

Distraídas com o assunto da entrada no Taquaral, Bruno veio até mim.

— Você se machucou mesmo. Me desculpa. Eu vou fazer um curativo nisso.

— Não precisa, está tudo bem. Eu só não queria sua irmã comentando quem foi que arranhou suas costas.

Na hora que estávamos entrando, Vera passou com as louças para fora, e eu fui ajudar. Fiquei ajudando com o almoço, e logo Bia e Luísa vieram ajudar também. Bruno assava o churrasco com seu irmão.

Quando já estávamos conversando entre o final do churrasco e a sobremesa, Bruno me chamou. Levantamos da longa mesa que ficava no quintal.

Fomos até o lavabo, que ficava no caminho da cozinha. Ele me colocou em cima da pia e lavou o machucado. Depois secou com papel e passou uma pomada.

— Me desculpa, eu não quis te machucar. Isso vai ficar roxo.

— Eu acho que foi na hora que eu cai em cima da roda... deve ter apertado, aí ralou... – Olhei para ele que estava com uma cara péssima – Não precisa ficar assim, está tudo bem.

– Mas você se machucou e... – Ele colocou a mão em volta do meu pescoço, e então eu entendi o que ele estava pensando.

— Bruno você sabe que não a mesma coisa, não é? Você não fez por querer, a gente caiu de bicicleta, você caiu junto comigo. Você não queria me machucar.

Players - Com Bruno RezendeOnde histórias criam vida. Descubra agora