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— Você está oito dias atrasado. – Pulei a parte do oi ao abrir a porta, e depois que as palavras saíram da minha boca, me arrependi completamente.

— E você está contando? Olha só... – Bruno sorriu e piscou logo em seguida. Fiz um sinal com a cabeça para que ele entrasse e me desse tempo de consertar aquela cena.

— Não estou... – Foi a única coisa que me veio em mente – É só que, você não ligou, fiquei curiosa para saber o motivo.

— Eu estava esperando terminar o livro. – Ele ficou no corredor, esperando que eu fosse para o quarto, mas logo deixou o livro perto da TV e veio atrás de mim, na cozinha – E porque você não me ligou? Eu sei atender quando me ligam sabia?

— Eu não queria... – Não queria pensar naquilo, não poder me apaixonar só me fazia pensar mais sobre os motivos de eu não poder me apaixonar e acabar pensando demais nisso, ia acabar me fazendo ficar apaixonada (meu Deus, que confusão) – Na verdade, eu fico ansiosa quando as coisas fogem do controle, me dá uma coisa... Só isso mesmo.

— Ah! Entendi. – Ele olhava atentamente o que eu preparava – Me desculpa, eu não sabia disso. Prometo tomar mais cuidado da próxima vez.

— Tudo bem. Você, não tem culpa. – Ele tinha culpa se eu era uma surtada emocionada? Claro que não.

— É que sabe... Eu tenho que treinar. Academia, treino em quadra, e jogos... – Ele estava encostado no balcão da cozinha enquanto eu arrumava a bagunça que tinha feito, trazendo as coisas da sala para a pia – E tem também as publicidades que a gente faz... Inclusive, eu vim até aqui saber se, por acaso, você não poderia me acompanhar em uma hoje?

— E no que necessariamente eu ia ser útil lá?

— Bom, se você não quiser ir tudo bem. Eu pensei em te chamar porque é um rodizio de vinhos. Mas se você não quer ir, eu vou chamar a...

— Eu vou! – Respondi rápido.

— Bom, esse cara quer chamar a atenção de um pessoal mais jovem, sabe? Então, a gente vai lá...

— E aí decidiu contratar você pra  ajudar ele nisso? Meu Deus que decisão horrorosa. — Eu ri.

— Como eu estava falando – Ele fez cara de desentendido, mas segurou a risada – A gente vai lá para beber alguns vinhos, conversar com algumas pessoas... Vão ser duas ou três horas no máximo. Vai ser ótimo ter uma companhia que eu gosto.

— Gosta da minha companhia, então? – Eu disse enquanto guardava a  panela com brigadeiro na geladeira.

— Eu gosto. – Ele me disse sério, olhando nos meus olhos – E vou gostar mais se você for comigo.

— Posso me arrumar? Por favor, por favor, por favor.

— Temos tempo. – Ele assentiu sorrindo – Pode ir.

Tentei me arrumar e maquiar no menor tempo possível. Bruno estava mexendo em alguma coisa no celular, sentado no sofá quando entrei na sala.

— Já podemos ir. – Eu sorri  feliz. Eu ia num rodízio de vinhos. Eu estava genuinamente feliz.

Bruno não levantou imediatamente, ele ficou parado, piscando enquanto me olhava, como se o que eu acabará de dizer fosse algo incompreensível para ele, ou se meus pulinhos não demonstrassem que eu estava ansiosa para sair logo.

— Já está na hora ou é muito cedo? – Indaguei um pouco sem graça.

— Não! Está perfeita. Você e o horário. – Ele se levantou.

— Obrigada. Agora me embebede porque é pra isso que eu fico sem as crianças  no final de semana.

Eu não me sentia tão perfeita. O Bruno era lindo, alto, tinha um sorriso lindo, a voz perfeita. Não posso mentir que ele ser tão alto me deu a liberdade de colocar o salto mais bonito, sem me preocupar se eu ficaria mais alta que ele. Mas, mesmo assim, eu me sentia comum e ele era o Bruno.

Players - Com Bruno RezendeOnde histórias criam vida. Descubra agora