— ...Está bem. Então eu fico com... Daichi? — Ela encontrou seu nome em sua roupinha. Vê-la junto do bebê (que conhecera há poucos minutos) era algo encantador. Percebeu que de fato, a amava. Pela primeira vez em muitos anos, sentia uma sensação estranha, de pertencimento. Por muitos anos, não sabia onde a vida o levaria. Ainda hoje, continuava sem saber. Mas saber que [Nome] estava ao seu lado, sentia uma estranha paz. A sensação de que, não importa o que acontecesse, estaria bem com ela por perto.
— [Nome]. Muito obrigado. Por confiar tanto em mim. Eu juro que quando voltar, explico tudo. Está bem? — Ela assentiu e isso foi o suficiente para ir em paz. Ainda assim, percebeu que suas pernas se encontravam trêmulas, não sabia que Haru encontraria e no fim, concluiu que de fato, nunca o conheceu. Ele era um mistério em pessoa, suas atitudes, seu comportamento sem explicações... O que diabos ele queria? Por que o chamara? Como sabia que [Nome] estava bem?
Encontraram-se no velho porto de containers. Como voto de confiança, guardou sua arma. Por mais que Haru fosse um enigma, não pensava que ele tentaria matá-lo. Para conversar, seja lá o que fosse, deveria ser algo muito, muito importante.
Quando viu aquela silhueta magra de frente para o mar, já sabia de quem se tratava. Era praticamente um garoto, mas se encontrava num estado assustador. Quanta escuridão cercava aqueles olhos avermelhados e tão jovens. Era muito parecido com sua irmã, mas Haru por sua vez, escolheu um caminho totalmente oposto ao de [Nome].
Apenas alguns passos foram o bastante para ele perceber sua presença. Virou-se, novamente com um olhar inexpressivo, mas que não demonstrava qualquer sinal de hostilidade. Como Kakucho, estava desarmado.
— Há quanto tempo que não temos um diálogo, Haru. — Disse ironicamente.
— Desculpe os maus modos. Foram inevitáveis. — Ele respondeu com um sorriso. Continuava o mesmo nesse quesito: sarcástico e sempre falando com duplo sentido.
— ...O que está acontecendo, Haru? O que você quer? Acha comum colocar a sua irmã nas mãos de um estranho? A mulher que sempre cuidou de você como uma-
— É exatamente por isso que te chamei. Poupe-me desses diálogos sem fundamentos, Kakucho-San. — Dessa vez, Haru estava bem sério em seu tom de fala e expressão. — Eu sei que você nunca machucaria a minha irmã e agradeço por ter cuidado dela e retirado-a de seu apartamento. Foi tudo conforme o planejado, mas agora, isso precisa chegar a um fim.
— O QUÊ?! Do que você está falando?
— Kakucho, eu preciso da sua ajuda. — Ele retirou um envelope de seu bolso e jogou sob as mãos de seu antigo chefe. — Aqui tem 1 milhão de ienes e documentos falsos para a [Nome]. Tire-a do país.
A cada fala de Haru, as coisas ficavam mais estranhas e obscuras. Apesar de tantas dúvidas, sentiu uma leve paz em seu coração ao ver que Haru não estava completamente perdido. Ele amava [Nome].
— Por quê, Haru? Eu preciso saber o motivo.
Ele cuspiu, com desprezo.
— Meu pai colocou a cabeça dela à venda. 10 milhões de ienes. — Por pior que fosse o pai dela (segundo relatos de [Nome]), continuava sendo inacreditável imaginar que um pai faria isso com a própria filha. — Foi para isso que eu entrei na Yakuza. Ele me coagiu por anos... Prometeu que a deixaria em paz se eu me juntasse à ele. Por um momento, acreditei. Até ouvir da boca do maldito.
"[Nome] não é tão inofensiva e boba como aparenta. Por anos, a minha irmã lutou sozinha contra ele. Ela nunca me contou. Pouco tempo depois que me juntei à vocês, [Nome] trabalhou em segredo como uma informante para a polícia. Ela conseguiu desmanchar diversos esquemas do nosso pai. Como ela cresceu com ele, conhece muitos lugares e pessoas da Yakuza, mais do que eu. Mas em um dos maiores esquemas de tráfico, ela acabou se entregando. É claro que o maldito já suspeitava, não é nenhum idiota".
Aquilo era informação demais para ser digerida Por que ela nunca contou sobre isso? Não escondeu, mas sim mentiu! Teve diversas oportunidades para dizer a verdade, mas não o fez! Se soubesse antes, muitas coisas ficariam esclarecidas!
— A polícia descobriu um lugar onde ficavam as drogas do cartel de nosso pai, mas era um lugar que apenas [Nome] saberia. A nossa antiga casa. Onde ele matou nossa mãe. — Assim como ela, Haru lançou um olhar perturbador ao falar do ocorrido. — É claro que isso deu muito prejuízo. Por anos, ele apenas mantinha seus planos diabólicos sobre ela guardados, mas agora? Ele quer a cabeça dela o mais breve possível. É por isso que...
— Você fingiu que atirou em mim, não é? — Seu comportamento foi mesmo muito peculiar naquele dia. — Em troca, os capangas do seu pai mataram nosso executivo que estava investigando-o, não é?
Haru não parecia nada orgulhoso de admitir que sim.E seus olhos ficaram turvos de repente.
— ... A culpa foi minha. O bebê... — Kakucho se surpreendeu ainda mais quando ele começou a chorar. — Eles iam matá-lo, mas eu disse que o faria, mas não o fiz. Por minha culpa... Ele vai crescer sem pais.
— Não foi sua culpa, Haru. — Naquele momento, percebeu o quão errado foi em julgá-lo tantas vezes, ainda que, conhecesse aquele garoto por anos. Era o Haru: um garoto imprudente, mas astuto. Fingia-se de frio e calculista, mas tinha coração mole e humanidade. Talvez, muito mais do que ele. — Não se preocupe, vamos dar um jeito. Ele está com a sua irmã agora.
Isso não parecia surpreendê-lo. Haru conhecia sua irmã, ao menos, agora.
Ainda que ele explicasse todas as suas atitudes, Kakucho tinha muitas dúvidas.
— Haru, cedo ou tarde o seu pai descobrirá que está traindo-o e protegendo [Nome]. O que pretende fazer?
— Isso não importa agora. Eu dou um jeito. O que importa é a minha irmã agora, por favor, Kakucho.
— Não. Escuta, Haru. Eu amo a sua irmã e nunca vou permitir que seu pai machuque-a., mas eu também amo você. E ela... Ela te ama mais do que tudo nesse mundo. [Nome] jamais me perdoaria se eu fizesse isso. A sua segurança também é importante para nós. Não vou deixar você para trás.
— Kakucho...
— Eu vou te ajudar. Vou matar o seu pai e deixar vocês dois à salvo. Não precisa mais lutar sozinho, Haru. Você sabe que eu te considero um irmão mais novo. E sua irmã... Eu sei que parece louco, mas eu a amo. E quero me casar com ela.
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phantom of the opera - kakucho
Fanfiction[Nome] é uma mulher de 30 anos com baixas perspectivas de vida: professora de literatura em um reformatório juvenil, solitária e com problemas de disfasia. A única pessoa em sua vida é seu irmão caçula, Haru: um marginal envolvido com a maior organi...