Alguns dias depois...
— [Nome], não quer levantar para comer? Nem um chocolatinho? Hm? Algodão doce? Eu posso te trazer um doce novo! Qual sua comida favorita? — Por mais que insistisse em fazer alguma coisa para que ela saísse daquele estado vegetativo, Kakucho se encontrava sem opções: ela estava há dias afundada na cama, sem dormir nem comer, não falava, não sentia vontade alguma de viver. Estava se perdendo em sua depressão. Era angustiante vê-la num estado tão triste, não merecia passar por aquilo.
Nem mesmo os seus gatinhos conseguiam animá-la: ela praticamente os ignorava. Como Haru poderia ser capaz de fazer aquilo com a própria irmã? Ela só lhe deu amor, confiança e cuidado, para receber algo assim em troca depois de tantos problemas em sua vida por conta do garoto? Era algo desumano demais, até mesmo para alguém da Yakuza. Talvez ele estivesse mesmo no nível de seu pai biológico.
Aquele problema era um grande elefante branco em sua vida: algo dentro dele dizia para deixar as coisas como estavam, se envolver com a Yakuza só traria mais problemas para a Bonten e como consequência, feriria ainda mais [Nome]. Por outro lado, ela merecia respostas e merecia se livrar desse fantasma tenebroso do passado. Ao mesmo tempo, pensava que seria difícil lidar com Haru novamente: por tudo o que ele causou em sua irmã, sentiu vontade de matá-lo, mas também, [Nome] se acabaria de vez em uma depressão se Haru morresse, por pior que fosse como um irmão. Um dilema interminável.
Em uma de suas ideias em animá-la, decidiu fazer algo estúpido: atacou-a, dessa vez, com beijinhos, tantos beijinhos à ponto de fazer cócegas, não tinha como ela ficar indiferente quanto à isso.
— Ai! O que tá fazendo? — Ela gritou e logo, começou a rir involuntariamente. — Para! Para!
Mas o que aconteceu em seguida nenhum dos dois esperava: Kakucho foi atacado pelo gato mais novo de [Nome], que lhe deu várias unhadas em sua cara. Ele estava tentando defender a dona das cócegas!
E como consequência, [Nome] riu da situação complicada no qual Kakucho se encontrava. E isso foi a melhor coisa que poderia acontecer: ela acabou precisando se levantar da cama para salvá-lo do terrível Lev.
— ... Parece que você não leva jeito para gatos. — Ela respondeu, num risinho. Era a primeira vez que a via rir em muito tempo!
— Sempre preferi cachorros mesmo! — Ele respondeu querendo criar um clima agradável. — Sério, eu tô tão feliz que ao menos o Lev serviu para te fazer rir! Agora, gosto mais dele.
— Ele é um amor de felino. — Respondeu [Nome], pegando o bichano no colo.
— Estou vendo... Quase colocou mais uma cicatriz no meu rosto que já é feio! — Reclamou enquanto sentia a ardência das unhadas, que felizmente não foram fundas nem mesmo graves.
— Seu rosto é lindo. — [Nome] não gostou do fato de ele falar mal de si mesmo.
— Deformado, você quer dizer?
— Não. É lindo. Você é lindo. — Ela respondeu, com as mãos sob o seu rosto dessa vez.
— Você é linda. — Kakucho a corrigiu, beijando-a. E é claro que isso a deixou um tanto corada e envergonhada. Só haviam se beijado em seu barco, onde tudo aconteceu... — E não sabe o quanto estou feliz em te ver sorrindo novamente, [Nome]. Eu quero te ver feliz! Saiba sempre disso.
Obviamente, isso a remeteria ao motivo de sua tristeza: Haru. E novamente, [Nome] ficou cabisbaixa. Quanto a isso, não tinha como dizer nada. Sabia que era algo muito forte e que a abalou muito. Ainda assim, não desistiria de sua proposta.
— [Nome], eu falo sério quando digo que quero ficar com você. Vamos ser felizes. Sozinhos. Vamos focar na nossa felicidade. E-eu não me sentia assim há muito tempo. Você não sabe o quanto a minha vida mudou desde que você e seus gatos vieram morar comigo.
— Fazia tempo que você não tinha tantos problemas? — Ela respondeu com um sorriso amargo, mas sua piada funcionou: ele deu um risinho.
— Eu me sentia muito sozinho. Há muuito tempo. Agora, ter você por perto me despertou muitas coisas que estavam adormecidas dentro de mim. — Isso a deixou um tanto nervosa e ao mesmo tempo, curiosa. — Eu me sinto humano perto de você. Eu sinto desejos antigos... Sinto vontade de me casar, de ter alguém para compartilhar a vida, até mesmo os seus gatos fazem parte da minha vida agora, isso é maluco! Algo que nunca pensei em toda a minha vida, entende?
— Kakucho...
— Me diga, você também não sente vontade de compartilhar a sua vida comigo? Morar comigo para sempre? E-eu não me vejo mais sem você comigo. Eu juro que falo com toda a sinceridade do mundo, [Nome]. Se você aceitasse, eu me casaria com você nesse exato momento. E se você me dissesse sim, eu não hesitaria em assumir algo sério com você, [Nome].
Isso a pegou desprevenida, nem mesmo em seus sonhos mais malucos iria se imaginar recebendo uma declaração do número 3 da segunda maior organização criminosa do Japão. Era mesmo algo surreal.
— ...Kakucho... E-eu... Eu posso d-dizer que também gosto de você — mesmo que fosse algo difícil, por ser muito tímida e insegura, confessaria seus sentimentos. — M-mas, essa vida não é pra mim, sabe? Eu não combino com esse mundo de gangues e máfias, por mais que a vida não tenha me dado tanta escolha. N-não quero mais passar por esse pesadelo novamente.
Por mais que doesse no fundo de seu coração dizer isso, já que também sabia dos seus sentimentos sobre Kakucho, não poderia deixar aquilo ir tão longe, mais longe do que já tinha ido. Gostava de ouvir sua voz, da forma tão doce que ele a trava (bom, nem sempre!), de seu carinho, de sua humanidade. Ainda assim, não era o tipo de vida que queria.
— Você diz sobre a Bonten? — [Nome] assentiu. Por incrível que pareça, Kakucho não aparentava estar triste com a "rejeição", mas sim, motivado! — Se é sobre isso, eu estou disposto a sair da Bonten e me casar com você.
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phantom of the opera - kakucho
Fanfiction[Nome] é uma mulher de 30 anos com baixas perspectivas de vida: professora de literatura em um reformatório juvenil, solitária e com problemas de disfasia. A única pessoa em sua vida é seu irmão caçula, Haru: um marginal envolvido com a maior organi...