— É bom, não é? Hmmm... — Ele murmurou enquanto aproximava seu rosto ainda mais de seu pescoço, queria senti-la cada vez mais.
Ainda que estivesse conhecendo sensações que nunca vivenciou, as vozes e os questionamentos em sua cabeça se tornaram cada vez mais sufocantes. E tudo se tornou lembranças terríveis, lembrou-se dos piores momentos de sua vida enquanto suava frio. De repente, aquelas mãos e aquele toque tão aconchegante se tornou algo hostil. E tudo piorou quando ele tentou desabotoar sua roupa.
— ...PARA!!! — Ela pulou da cama, aos gritos e prantos. É claro que ele se assustou com sua reação tão extrema: há poucos minutos, ela parecia totalmente à vontade e agora, aparentava desespero. Será que ele havia feito algo de errado? Será que havia passado dos limites?
— [Nome]... O-o q-que houve? — Pela primeira vez em sua vida, ele se encontrava totalmente desnorteado e confuso com aquela situação. O que ele havia feito de errado e porque ela reagiu daquela forma?
— ... — Ela continuava extremamente pálida e desconfortável com a situação. Correu para o banheiro e trancou a porta, deixando-o sozinho com a companhia de seus gatos.
— [NOME]?! T-tá t-tudo bem? É... Se eu fiz algo de errado, me desculpa! — Era uma situação muito embaraçosa, visto que há alguns momentos, estavam em um momento tão íntimo e delicado. Ele não havia feito nada de errado! Tudo o que fez, foi com sua permissão. Sendo assim... Por que ela parecia arrependida e envergonhada? Será que não havia gostado dele?
— ...U-um minuto... — Ela disse, com a voz embaraçada como sempre. Era simplesmente a mulher mais complicada e confusa que já viu em toda sua vida! Tantos mistérios e um comportamento que ia do céu ao inferno em segundos!
Não se passou um minuto, mas sim uma hora. É claro que Kakucho estava muito constrangido, já que nunca havia sido "rejeitado" daquela forma! Ao ver [Nome] consentindo e gostando de suas carícias, ele supunha que ela havia se interessado nele, mas não parecia o caso! E pensou que finalmente, passariam a se entender... Agora a situação parecia ainda pior do que começou!
E quando ela finalmente saiu do banheiro, sua feição havia mudado completamente: estava calma e fria. Era definitivamente, louca!
— Então... Tá melhor?
— O que vamos fazer hoje? S-sobre o Haru. — Estava tão calma e plena que pouco gaguejava. — Precisamos fazer alguma coisa logo.
— AHN? — Isso o deixou completamente sem chão. Ela realmente não tinha nada a falar sobre o que aconteceu entre eles? Iria simplesmente dar uma de desentendida? — É... Sobre o que aconteceu, e-eu...
— Não existe nada para conversar. Direto ao ponto. — Ela continuou firme e forte. Ela iria ignorar tudo o que aconteceu e fingir que não rolou nada? Era, definitivamente, doida. Há uma hora atrás, estava completamente entregue para ele, desfrutando dos beijos e das carícias para agora agir daquela forma? Ele odiava esse tipo de comportamento! E naquele momento, viu a quem Haru puxou: quando ele cometia erros, fingia que nada acontecia, agindo inconsequentemente. Ela estava fazendo a mesma coisa agora, fingindo que nada aconteceu. O que ele poderia fazer para reagir? Não tinha como esconder: aquilo o magoou e o deixou um tanto inseguro. Ela não havia gostado dele para rejeitá-lo daquela forma tão fria?
Não queria que aquilo piorasse, então resolveu entrar no seu jogo:
— ...Você fica aqui, então. Eu tenho que resolver alguns assuntos e depois eu volto.
— Kakucho! I-isso não foi o combinado! A-até quando vou ter q-que...
— PUTA QUE PARIU, [NOME]! Você é extremamente desequilibrada e ingrata! — Ele explodiu naquele momento. — Eu estou fazendo de tudo para que as coisas fiquem amistosas entre nós e você FAZ DE TUDO para complicar! Não tenho a menor obrigação com você e ainda assim, estou te protegendo e te dei abrigo! Você estava infeliz, eu trouxe os seus gatos de volta! Deixo até você dormir na minha cama. Só dormi quando você quis, você quis ser beijada, você quem deu liberdade para eu te tocar e agora sabe-se lá Deus o motivo, está brava comigo!
Ela ficou muito corada e desconfortável quando ele tocou no assunto. Realmente, havia algo de errado com ela para reagir daquela forma... Ele só não sabia o que poderia ser.
— O quê?! V-voc-você quem causou t-tudo isso! Você tentou matar o meu irmão. M-me s-sequestrou...
— Já me arrependi sobre isso e já pedi desculpas! Você mesma me perdoou e me agradeceu! Salvei a sua vida! E nem é esse o ponto, [Nome]! Vai simplesmente bancar a criança e fingir que nada aconteceu entre nós dois agora?! Qual o problema com você? Vai me dizer que não gostou agora? Você estava suspirando de prazer enquanto eu massageava seus... — Ela ficou numa posição ainda mais desconfortável quando ele disse aquilo, até mesmo tentou cobrir sua blusa com suas mãos, como se estivesse nua. Ele entendeu que ela estava muito mal com aquilo, então tentou suavizar sua raiva e perguntar com mais calma. — Qual o problema, [Nome]? Se eu fiz algo de errado, era só ter me falado... Não precisamos de segredos...
— ...NÃO É ISSO! — Ela finalmente reagiu e resolveu tocar no assunto. — N-não s-sou como você, Kakucho. Não s-sou como as mulheres que você conhece...
— Quer bancar a santa agora? Faça-me um favo...
— CALA A BOCA!!! Você nunca me entenderia... N-nunca... I-isso... Não é algo que consigo fazer... — Novamente ela voltou para a sua posição tímida e melancólica de sempre. — ...Você nunca me entenderia. E-então... Por favor. Vamos esquecer isso... N-não era para ter acontecido...
Ela estava claramente afetada com tudo aquilo. Não era de seu feitio magoar mulheres, mas era inevitável naquele ponto. Ela precisaria se abrir e falar a verdade se quisesse ajuda com Haru.
— ...[Nome], você quer mesmo salvar o Haru? Se é esse o caso... Eu preciso que você me conte a verdade. Qual o problema com vocês? O que aconteceu com a sua família? P-por que você é tão traumatizada com o seu pai? Se não conseguir me contar a verdade, eu nunca vou conseguir te ajudar. Eu não sei absolutamente nada sobre você! Você é tão misteriosa... Eu preciso que seja forte e me conte!
— ... — Ela hesitou, mas depois de um tempo pensando, acabou respirando fundo e concordando. — T-tá bom... V-vamos tomar um ar fresco. Eu vou te contar a verdade. Se arruma. V-vou te levar para conhecer a pessoa que mais amei.
— Ahn? — Quando viu sua expressão de seriedade, ele acabou aceitando sua oferta. Se fosse falar, estava ótimo!
Saíram juntos pela primeira vez do prédio. Ele apenas a seguiu quando já estavam no centro da cidade. Caminharam juntos até o cemitério da região. O que parecia ainda mais intrigante. Ele continuou em silêncio, apesar de tantos questionamentos...
Aquele lugar despertou sentimentos que há muito tempo, ele não sentia. Não visitava há muito tempo, mas era lá que Izana e seus pais estavam enterrados.
— ...Aqui. — Ela sorriu levemente ao parar em uma lápide. — Vinte anos se passaram... Mas ainda me lembro dela.
Ele conseguia ver em destaque o nome "Nakajima Seiko". Era o mesmo de Haru e o dela.
— Sua mãe?
[Nome] balançou a cabeça positivamente. A mulher havia falecido há vinte anos. Haru tinha vinte anos. Será que ela...?
— ... Haru nunca conheceu a nossa mãe... E-ele era só um bebêzinho quando ela morreu... — As lágrimas apareceram em seu rosto. Parecia que a morte de sua mãe carregava um segredo mais sombrio do que ele imaginava. — Eu criei o Haru. Como um filho. S-só tinha d-dez anos... N-não consegui fugir dele. T-tive que c-conviver... Com isso. E-eu vi tudo... Lembro de tudo. E-ela se foi por minha causa, Kakucho.
— [Nome]... O que aconteceu com sua mãe?
— Meu pai. Assassinou ela. Na minha frente.
Dessa vez, foi a sua vez de empalidecer e perder o ar. Aquilo era tão perturbador que até mesmo alguém como ele ficou sem palavras e reações.
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phantom of the opera - kakucho
Fanfic[Nome] é uma mulher de 30 anos com baixas perspectivas de vida: professora de literatura em um reformatório juvenil, solitária e com problemas de disfasia. A única pessoa em sua vida é seu irmão caçula, Haru: um marginal envolvido com a maior organi...