— O QUÊ?! QUE CARALHOS VOCÊ TÁ FALANDO? — Haru simplesmente mudou de cor quando ouviu as últimas seis palavras. De tantas coisas que ouviu, era até cômico ver que essa foi a que chamou sua atenção. — Você tá apaixonado pela MINHA IRMÃ? Tá louco?! Quem você pensa que é para querer se casar com a [Nome]?! Você, Kakucho? Que história é essa?
Apesar de querer rir da situação, Kakucho entendia que em partes, Haru estava certo. Só não imaginava que ele era tão ciumento a ponto de estar intimidando-o.
Era difícil de explicar como tudo aquilo aconteceu.
— Tá com ciúmes? Dá um tempo, Haru. Sua irmã já é bem grandinha, o que pensou que aconteceria com ela morando comigo?
Por sorte, conhecia aquele garoto muito bem a ponto de prever que ele tentaria lhe dar um soco, antes que ele pensasse, Kakucho já o impediu.
— FILHO DA PUTA! Não fale da minha irmã como se ela fosse uma qualquer! Como pode simplesmente falar que está apaixonado por ela e esperar que eu aceite, maldito? Você não conhece minha irmã! Ela não tem NADA a ver com você ou com as mulheres que você sai! Não ouse se envolver com ela!
O resultado saiu bem pior do que o encomendado, Haru estava vermelho de raiva e apesar de todas as ofensas gratuitas, Kakucho não se irritou. Era na verdade, um alívio saber que ele realmente se preocupava com a irmã a ponto de brigar com um amigo. Precisava dialogar com aquele garoto imprudente e mostrar que não estava brincando com os sentimentos de [Nome].
— Haru, me escuta. Eu juro que não estou brincando com a sua irmã. Juro que não foi o esperado... Simplesmente aconteceu e ela sente o mesmo por mim. Prometo que não vou magoá-la e só quero a nossa felicidade. E a sua também! Por que não para com essas intrigas e me deixe ajudá-lo? A [Nome] precisa de você e você dela. Vamos, para com isso. Você sabe que eu também te amo, não é? Você confia em mim, não confia? Sabe que eu não sou o tipo de cara que não cumpre o que promete.
— ... — Haru mordia os lábios, como sempre, querendo bancar o durão e reprimir seus sentimentos. — Você foi minha única figura paterna. — Por mais que tivesse passado tanto tempo ao seu lado, não esperava esse tipo de resposta. Deu um nó em sua garganta. Era apenas seis anos mais velho que ele, e ainda assim, tinha esse tipo de papel na vida dele?
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Seis anos atrás...
"A partir de hoje, você é responsável por cuidar dele. Por favor, pare-o". — Ele suspirou ao receber aquela ordem. Por que justo ele teria que trabalhar de babá de um garotinho psicopata de 14 anos?
Haru era um adolescente recém-chegado na Kanto Manji. De longe, o mais violento e problemático de todos os novatos: era extremamente violento e raivoso, além de ter um histórico com drogas. Não respeitava nada nem ninguém e não se preocupava nem com o próprio bem-estar. Todos os dias, arrumava briga com alguém.
Naquele dia, o encontrou no armazém espancando 5 executivos, aparentemente, por causa de uma piada.
"Ô, moleque. Então você gosta de bancar o machão por aí? Por que não briga comigo, então?" — Cansado de ver aquele garoto causando problemas, resolveu desafiá-lo para uma luta.
"Acha que eu tenho medo de você só porque está no topo? Eu posso destruir qualquer um". — A provocação deu efeito e num passe de mágica, Haru foi em sua direção com toda a raiva do mundo. E só bastou um único golpe para colocá-lo sob o chão.
"...Muita valentia, pouca experiência, saia das fraldas primeiro antes de querer brincar de gangue, moleque. Vai correr para a saia da sua mãe e pare de nos atormentar".
Quando ele falou "mãe" naquele momento, o garoto mudou de cor e antes que pudesse se dar conta, acabou caindo com o soco. Foi um belo soco.
"Não ouse falar da minha mãe, seu merda". — Por incrível que pareça, havia gostado do garoto. Um tanto estúpido por desafiar o membro mais forte da Kanto Manji, mas era corajoso e tinha atitude. Só precisava de... Reparos.
"Você é durão, então?" — Só pôde gargalhar com a situação. Não queria mais brigar com ele, o que o deixou um tanto sem chão, já que Haru vivia em função de arrumar confusão com todos, principalmente os membros da própria gangue. — "Quer tomar um ar, Haru".
Quando menos percebeu, estavam passando quase todo o tempo juntos. Haru era um garoto silencioso e bem mais inofensivo que aparentava. Quando via aquele menino de 14 anos, via a si mesmo no passado. Vivia em função de brigar e segurava o choro. Era ele há seis anos atrás.
"Larga essa porra". — Quando o viu acender o primeiro cigarro tomou de sua mão e jogou no lixo sem pestanejar. Irritado como era, Haru já estava se preparando para brigar, mas como sempre, perdeu. — "Qual o teu problema, moleque? Não tem absolutamente ninguém na sua vida que te ame e se preocupe com você? Ainda assim, quer tanto se auto-destruir com essas merdas e com brigas?"
Como não podia brigar, Haru só fez uma grande careta que esbanjava ódio e revolta. Era até engraçado de ver um adolescente revoltado que nada podia fazer a não ser xingar e fazer cara feia.
"Sério. Não tem ninguém na sua vida que valha a pena viver?"
"...Não". — Talvez em sua fase de rebeldia, ele sequer pensava na irmã que tanto o amava.
"Eu também não tenho, sabe por que eu continuo aqui?" — Isso deixou o garoto curioso. Então o membro mais forte (e mais chato) da gangue tinha seus próprios princípios?
"Não. Por que?" — Perguntou, fingindo indiferença, mas estava morrendo de curiosidade.
"Porque eu tenho dignidade. Essa é a última coisa que um homem pode perder, Haru. Nunca se esqueça disso. Não importa se você tem uma família perfeita ou não tem ninguém. Nunca perca sua dignidade. Sem ela, a vida não tem mais importância alguma".
Pensou que ele caçoaria de sua frase piegas ou tentaria refutar com algum argumento qualquer, mas não. Haru ficou sem palavras.
"Então, você vai continuar arrumando confusão e se afundando em drogas até morrer ou vai tentar viver o resto dos seus dias como um homem digno? Só depende de você".
E a partir daquele dia, por algum milagre, Haru mudou. Até mesmo seus olhos mudaram. E passou o resto de seus dias na Kanto Manji e na Bonten seguindo Kakucho.
"Jamais atire se não for para matar. Não hesite, ou esse será seu fim. Entendeu? Nunca coloque a vida de nenhum inocente em risco. Se for atirar com o risco de machucar alguém que você não queira, não atire". — É claro que não tinha as coisas mais virtuosas a ensinar a um adolescente, mas deu o seu melhor.
"Entendi, Kakucho-San". — Ele até mesmo havia mudado seu jeito de falar e se dirigia ao seu senpai com muito respeito.
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— Então me deixa te proteger, Haru. Eu sempre prometi que te protegeria, não é? Confie em mim.
Finalmente, Haru parou de lutar e argumentar e decidiu ouví-lo.
— Como, Kakucho? Qual o seu plano?
— ...Você vem comigo agora. — Praticamente o arrastou para dentro de seu carro, enquanto ele tentava se soltar, aos gritos.
— TÁ LOUCO? SE ME VEREM COM VOCÊ, É O NOSSO FIM!
— Precisamos contar ao Mikey. Se ele é tão esperto assim, já sabe que você está infiltrando e só está esperando o momento ideal para matar você. Usa o cérebro, Haru! Vou ter que te ensinar de novo? Não se envolva mais nisso, tem alguém te esperando em casa!
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phantom of the opera - kakucho
Fanfiction[Nome] é uma mulher de 30 anos com baixas perspectivas de vida: professora de literatura em um reformatório juvenil, solitária e com problemas de disfasia. A única pessoa em sua vida é seu irmão caçula, Haru: um marginal envolvido com a maior organi...