Capítulo 20

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8 Anos atrás|
Quinta-feira, 16h.

Em um dos dias que estávamos com o papai todos tinham saído, inclusive a Maiara, ela foi fazer um trabalho e eu fiquei sozinha, depois a Luana chegou e eu estava na mesa, estudando, ela subiu em silêncio, e depois a Maiara chegou, e me fez companhia. Luana desceu pisando fundo, e já chegou falando merda, e eu estava transbordando explodi com ela também.

Luana: Tá ocupando todo espaço, por que não estuda no quarto?(Perguntou de forma grossa)

Maraisa: Estou me sentindo confortável aqui, não vou me retirar só porque você quer, sai você! (respondi no mesmo tom)

Luana: Quem você é? A sombra da sua irmã?(Perguntou, batendo na mesa)

Maraisa: O quê?

Luana: Seu pai nunca falou de você sabia? Nem tinha consciência da sua existência. Ele falava o tempo todo da Maiara, mas de você? Não!

Maiara: Tá ficando louca?(Se levanta também)

Luana: Não, tô falando a verdade. Talvez a sua irmã seja tão inútil, ao ponto do seu pai( monstro, a corrijo mentalmente) não lembrar da sua existência.

*

Aquela discussão durou até o papai chegar, eu já chorava, Maiara tentava fazer a mulher calar a boca...foi horrível. Quando a Luana morreu, ele me disse o mesmo que ela, eu sou inútil, muito inútil. Talvez eu seja realmente uma pessoa qualquer, que veio só pra ser a sombra da gêmea.

Depois de tantos remédios eu apaguei, e acordei só no outro dia. Me sentia horrível, meu corpo todo doía, minha cabeça girava, me sentia totalmente fraca, e com o sentimento de culpa. Olhei pro lado lentamente porque tudo em mim doía, e vi o João na poltrona, tinham acessos no meu braço, aparelho pra monitorar meus batimentos, e alguns curativos pelo meu braço pelos cortes que fiz.

Maraisa: Amor?(Sussurrei)

João: Oi vida, tô aqui! Você tá bem?(O mesmo se levanta rápido, e se aproxima da cama)

Maraisa: O que aconteceu?(Meu tom era baixo, se não tivesse em silêncio não conseguiria me ouvir)

João: Não lembra?

Maraisa: Só alguns flashs.

João: Melhor deixar assim, tá sentindo alguma coisa?(Perguntou, colocando uma mecha do meu cabelo, atrás da minha orelha)

Maraisa: Seria mais fácil perguntar o que eu não tô sentindo. Eu quero ir pra casa!

João: Não mesmo! Amor, você teve uma overdose, e quando eu digo esse diagnóstico, você já sabe exatamente com o que está lhe dando.(Desvio o olhar e ignoro ele, e qualquer outro médico que entrou pra me examinar)

Bia: Bom dia, senhora humor negro.(Entra no quarto, com meu café da manhã)

Maraisa: Ai, vai arrumar alguém pra você encher o saco Bianca!

Bia: Pra quê? Se eu tenho você!(Falou se aproximando)

Maraisa: Não por muito tempo.

Bia: Eu vou tacar essa bandeja em você!(Me olha brava) Precisa de ajuda pra comer? Ou vai querer que eu saía também?

Maraisa: Faz o que você quiser. E eu não vou comer.(Respondi grossa)

Bia: Ok, como quiser. Vou chamar o João, e vocês se resolvem! Licença(Bia se retira, um tanto quanto chateada)

Minutos depois eu senti uma vontade imensa de vomitar, mas não tinha ninguém no quarto comigo, eu tinha expulsado todo mundo, e não iria chamar nenhuma enfermeira. Me levantei chorando pela intensidade da dor, e caminhei até o banheiro, me curvei e minutos depois, senti uma mão nos meus ombros, achei que era o João, mas quando olhei pra trás eu vi a minha irmã, ou meia, não sei.

Fica, eu preciso de vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora