A sensação de vazio e mal estar não passa. E junto ao medo posso dizer que essa é a mesma sensação de quando a mamãe estava internada nesse hospital. Só que diferente da Maiara e do Gustavo, a gente sabia o que ia acontecer com a mamãe, e estávamos "preparadas" - talvez não - mas dessa vez, eu não sei o que pode acontecer, eu nem sei o que ela machucou, ou se eles quebraram alguma coisa.
A gente tá acostumado a sempre saber de tudo, e ter resposta pra praticamente tudo. Estamos acostumados a descobrir alguma doença e tratar ela, fomos treinados pra isso. Então, quando não sabemos de nada, parece que todos os 6 - ou 8 - anos que passamos estudando foram inúteis. Não saber de nada é horrível, e pra um médico, é a pior sensação do mundo.
Todos continuavam ali quando acordei, menos João. Agora Cesar estava ao meu lado, Marilia encolhida nos braços de Murilo, Emma com Bruno e Julyer e Ana em outro canto. Ambos estavam com os olhos fixos em algum ponto da parede, algumas lágrimas ainda caíam mas agora eram controladas.
Maraisa: Alguma notícia?(Perguntei baixo)
Cesar: Maiara e Gustavo estão em cirurgia ainda. Ayana já está no quarto, João tá com ela.(Informou fazendo carinho em meus braços)
Maraisa: Falaram algo sobre Maiara ou Gustavo?
Cesar: Não entraram em detalhes. Mas parece ser delicado.(Assenti)
Me levantei da cama com sua ajuda, e fui em direção ao banheiro. Joguei uma água no rosto, e escovei os meus dentes. Algo dentro de mim ainda me incomodava. Algo me fazia sentir mais medo que o normal.
Marilia: Quer ir ver Ayana? Talvez te faça bem.(Perguntou me tirando do transe)
Maraisa: Não quero que me veja assim.
Marilia: Tá tudo bem, só não perde o controle na frente dela.(Assenti)
Maraisa: Ela tá acordada?
Marilia: Estava! Ela estava desesperada chamando a Maiara e o Gustavo, só o João conseguiu acalmar ela.(Informou com um sorriso de canto) Ela tá tão assustada.(Uma lágrima aparece no canto de seus olhos)
Maraisa: Vem comigo?
Marilia: Claro! Vamos.
Pegamos o elevador, já que o andar pediátrico era 3 acima do que estávamos. Demoramos 5 minutos pra chegar no quarto, meus pés estavam inchados e andar rápido me causava falta de ar, então andamos como tartarugas.
Assim que chegamos na porta do quarto, vi Ayana com uma roupinha do hospital, ela estava com curativo na cabeça, e no braço. Tinham outros arranhões, mas nada demais. Ela estava agarrada a João, ele estava deitado na cama ao seu lado. Me aproximei devagar pra não assusta-los, e assim que ele se virou sorriu.
Maraisa: Ela esta bem?(Perguntei baixo)
João: Sim. Só algumas dores mas já tá medicada, acabou de dormir.(Sorriu fraco)
Marilia: Dor?(Franziu o cenho)
João: Ela tem alguns hematomas na região do abdômen por conta do cinto. Mas já fizeram ultrassom, não tem nenhuma hemorragia, ou algo interno. A dor é pela pressão mesmo.
Maraisa: Falou com ela?(Me refiro a pequena)
João: Não. Eu não sei se ela se lembra. Mas ela acordou desesperada, deve ter escutado alguma coisa.
Flávia: Licença doutora, tem uma moça perguntando por vocês lá embaixo. Se identificou como irmã de vocês.(Falou em um tom baixo na porta)
Maraisa: Pode pedir pra ela vir aqui, por favor.
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Fica, eu preciso de você
FanficE se, vc tivesse pouco tempo com a pessoa que vc mais ama? Uma data quase determinada pra tudo acabar, oq vc faria dps disso? Como reagiria?