Capítulo 64

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Surtem com a revelação da irmã da Ayana!



Algumas semanas depois.

Hoje infelizmente voltei a trabalhar, e admito que não tá sendo fácil. A pequenininha faz muita falta, não sei se vou aguentar 24 horas sem ela. Ela está com a babá, assim como Ayana. Bia vai voltar pra África daqui dois dias. Ela é uma menina muito carinhosa e educada. Gostei dela. Assim como eu, João voltou a trabalhar hoje, e o dia tá muito agitado, inclusive.

Malu: Andreia Soares, 28 anos, grávida de 38 semanas, caiu da escada e aparentemente fraturou o braço.(Informou enquanto entravamos na sala de pronto socorro)

Maraisa: Bipem a ortopedista!

Andreia: Eu nem estou me importando com esse braço. Quero só saber do neném. Ele estava mexendo agora a pouco.(Acariciou a barriga)

Maraisa: Talvez só esteja dormindo.(Sorri pra acalmar a moça)

A moça realmente parecia assustada, e com medo. Assim como o homem ao seu lado, que pelo apelido carinhoso, parecia ser o seu marido. Liguei o monitor, e após passar o gel na barriga da paciente procurei o coraçãozinho do bebê pra ouvir os batimentos. Enquanto eu fazia isso, a ortopedista já tinha chegado e estava examinando o braço dela.

Assim que olhei o monitor com mais atenção, percebi que não havia batimentos. Aquele bebê não estava mais vivo. E eu me senti mal por eles, na verdade, muito mal. Olhei mais uma vez pra confirmar, e respirei fundo.

Maraisa: Eu vou verificar uma coisa, e já volto. Ok? Licença.(Sorri calmamente)

Saí em direção ao banheiro, eu iria obviamente desmoronar. Chegando no banheiro me apoiei na pia com os braços, e me permiti chorar. Ninguém entrou ali, e eu agradeci por isso. Depois de me recuperar eu voltei pra sala, e a ortopedista ainda estava lá. Agora estava imobilizado o braço da paciente.

Andreia: Tá tudo bem. Certo?(Suspirei me aproximando)

Maraisa: Eu sinto muito.(Respondi com a voz embargada)

Andreia: Não! Eu não vou acreditar se você não disser.(Apenas encarei ela, que entendeu o meu olhar, e abraçou o marido em desespero)

Minutos depois a moça pediu pra induzirmos o parto, e com um aperto gigante no coração, eu fui. Logo começou a fase da expulsão, creio que foi tão doloroso pra aquela mulher, que ela só queria acordar e ver que aquilo foi um horrível pesadelo. Ela chorava em desespero, e assim que peguei o bebê, entreguei pra ela.

Andreia: Oh, meu amor.(Abraçou ele chorando) Você é lindo. Meu pequeno anjinho.

Confesso que deveria estar acostumada com esse tipo de situação, mas não consigo. É terrivelmente doloroso se imaginar no lugar daquela mulher. Amanhecer com o seu filho vivo, e do nada, ele simplesmente partir. Creio que aquela mulher está se culpando por ter caído da escada, porque talvez, seu filho ainda estaria aqui se isso não tivesse acontecido.

Respirei fundo algumas vezes, e fui em direção a outra sala. Por mais que eu quisesse, eu não poderia parar. Tenho outras pacientes pra atender, então não posso parar. Médicos não desaceleram. Eles continuam no mesmo ritmo, por mais doloroso que seja, o ritmo continua constante.

Horas depois •

João: Onde esteve o dia inteiro? Eu não vi você.(Perguntou se sentando ao meu lado, no refeitório)

Maraisa: Tive 6 cirurgias hoje. Todas de alto risco. Estou exausta!(Beijei ele) E assim que cheguei, tive que fazer um parto de um bebê sem batimentos.(Ele me olhou assustado)

Fica, eu preciso de vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora