Tom Riddle era uma pessoa muito fechada. Harry, ao passar dos dias, foi descobrindo que seu novo colega de quarto era tão introvertido que não lhe dava espaço para sequer iniciar uma conversa.
Foi bem solitário. E desgastante.
Harry ainda era uma criança bastante agitada, queria brincar a maior parte do tempo, mas não havia mais com quem compartilhar as brincadeiras. O moreno que ficava na cama ao lado só sabia ler, e sair para fazê-lo em outro lugar.
Quando Harry iniciava suas brincadeiras no quarto, era hora de Tom dar uma pausa na leitura para ir até outro lugar que julgava mais "silencioso".
Apesar da pouca idade, Riddle já considerava tentar usar seus "poderes" para fazer a boca de Harry sair andando e o deixar sem fala. Pensava se daria certo... O menino era um tagarela. Certamente arrumaria um jeito de se comunicar e voltaria a lhe encher a paciência.
*
Em um mês Tom faria seus dez anos. O inverno já estava chegando e as folhas do outono não paravam de cair. Novembro sempre foi deprimente para si, lembrar o horror que era o frio do inverno lhe fazia querer correr dali para uma praia ensolarada. Infelizmente seus "poderes" não ajudavam em nada.
O orfanato lhe dava apenas um cobertor grosso. O que não era suficiente, pois o inverno era muito rigoroso, e todos os ambientes do orfanato se tornavam gélidos. A única parte do dia em que gostava nesses tempos era quando se reuniam na grande sala de estar para a hora da leitura enquanto a lareira queimava. Riddle não ligava para as histórias. Apenas queria se aquecer.
Como estavam em um período muito delicado em contexto mundial, Riddle entendia que os recursos do orfanato eram escassos para tantas crianças.
— Olha só, o morcego saiu da toca. — Uma voz de menina lhe tirou do transe. Estava fora do quarto naquela hora, e reconhecia a voz. Era Emilly, uma garota prestes a fazer seus dezoito anos, que não temia mais as "maldições" que podia sofrer. — Parece até que está fugindo.
— Não é da sua conta, é?
— Não mesmo. Mas, se eu me lembro, seu novo amiguinho está sozinho no quarto, não é mesmo?
Tom suspirou e se sentou no gramado perto de uma pequena fonte que havia ali.
— Está.
— Não liga se eu for lá e brincar um pouco com ele? Ele não é seu amigo? Dois estranhos que se ajudam... Oh que meloso. Me daria vontade de chorar se não fosse insuportavelmente esquisito.
— Vá, me deixe em paz. Faça o que quiser com ele.
Riddle abriu novamente seu livro e ignorou a presença da menina que revirou os olhos em desgosto pela sua falha tentativa de tirar o menino do sério. Sabiam que Sra. Cole castigava o moreno caso alguma coisa acontecesse, e geralmente sua magia só se manifestava quando queria ou quando estava alterado. Mas com o tempo, era quase impossível se alterar.
Os minutos foram se passando, e assim que sua concentração começou a sair das palavras escritas, ouviu um grito assombroso. Deduziu que Emilly tinha ido procurar Harry afinal de contas.
Não que ligasse, realmente não se importava com nenhum dos dois, apenas queria saber o que havia acontecido. Queria ver de perto se as coisas que Harry fazia eram parecidas com as suas.
Assim, movido pela curiosidade, se levantou e foi a passos rápidos até seu quarto.
Outras crianças também foram atrás da fonte dos gritos, que ainda ecoavam sofridamente pelo orfanato. Mas, ao chegar ao quarto, esse estava trancado.
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Caminhos do destino
FanfictionGuardiões do tempo têm apenas um propósito, enviar almas para suas vidas com seu destino já traçado. Linhas do tempo certas requerem ajustes que só eles podem fazer. A alma de Harry James Potter estava na mão de um "novato", uma nova entidade em tre...