Harry estava ansioso. Era manhã de segunda-feira. Véspera do Halloween. O castelo estava com um ar diferente, parecia que todos os alunos estavam com aquele friozinho na barriga esperando pelo dia que viria logo mais.
Aquele sentimento era muito bom.
O pequeno foi se sentar na mesa das cobras para tomar seu café da manhã naquele dia. Estava indo tudo bem, um ambiente agradável, até que o correio chegou.
— Oh, olhe para isso! Dorea recebeu um berrador!!
Uma garota que estava do lado da menina Black riu alto quando a menina abriu a carta fazendo um enorme grito furioso sair do papel. Ao se transformar em uma gigante boca começou a cuspir palavras duras à menina.
"EU NÃO ACREDITO QUE VOCÊ FEZ ISSO CONOSCO MOCINHA! JÁ HAVIAMOS CONVERSADO ANTES! DEPOIS DE TUDO QUE FIZEMOS PARA UNIR AS FAMÍLIAS... É UMA DECEPÇÃO! CONSERTE ISSO MOCINHA! OU VAMOS FAZER BEM PIOR DO QUE ENVIAR APENAS UM BERRADOR. OUVIU BEM, DOREA BLACK?"
A menina tinha seu coração palpitando forte contra o peito. Parecia que iria ter um ataque de tanta vergonha. Seu rosto estava paralisado, nunca pensou que sua família a humilharia.
"VOCÊS JOVENS NÃO ENTENDEM! QUEREM APENAS O MELHOR PARA VOCÊS! É UMA DESONRA PARA A LINHAGEM DOS BLACK! TUDO BEM A SUA PRIMA CEDRELLA, QUE NÃO IRIA MESMO HERDAR NOSSA FORTUNA, EU NÃO LIGO! A AVÓ NÃO GOSTOU, MAS NÃO HÁ NADA A FAZER. AGORA VOCÊ... ESTÁVAMOS CONTANDO COM VOCÊ! VAI CONSERTAR ISSO OU PODE ESQUECER O SOBRENOME BLACK!!!"
Após concluir seus berros a carta se rasgou no ar e sumiu com o vento que soprou. Deixou apenas uma garotinha paralisada, olhando para os pequenos pedacinhos de papel que restaram sobre a mesa.
Sua amiga tocou-lhe o ombro esquerdo perguntando se estava bem. Mas Dorea voltou à realidade. Olhando em volta percebeu que quase todo o salão lhe olhava. Era raro alguém receber um berrador, era humilhante.
— Dorea... — Harry se levantou e foi até sua amiga, triste ao ver a menina desorientada. — Vem, vamos sair daqui.
Tocou a mão de sua amiga e a guiou para fora do salão comunal. Os olhos da Black estavam aguados, pareciam que iam desabar em suas próprias lágrimas a qualquer momento.
Harry guiou a amiga pelos corredores até o pequeno jardim que havia ali próximo e se sentou próximo à fonte que jorrava água de uma gárgula (ou uma espécie do que parecia ser um grifo. Harry não soube distinguir).
— Aqui está mais calmo... — comentou o pequeno Peverell se sentando ao lado da amiga que agora juntou suas pernas próximo ao corpo e escondeu seu rosto nos joelhos. — Dorea, eu não sei o que dizer... Mas se quiser... acho que chorar faz bem. Eu choraria muito.
A menina se deixou derramar suas lágrimas grossas, tendo pela primeira vez um lugar seguro para desabar.
Harry alisou as costas da menina enquanto ouvia os soluços da Black ecoar de vez em quando. Ficaram ali por algum tempo. A brisa passava já começando a anunciar o frio, era o outono fazendo sua linda passagem de clima. Harry apoiou a cabeça no ombro da menina e ficou olhando as pessoas passarem pelo corredor à frente, indo para suas aulas do dia.
Oh não... suas aulas.
— Dorea... Temos que ir...
— Não quero. — A menina levantou o rosto fazendo os dois se distanciarem um pouco para poder enxugar suas lágrimas. — Não vou conseguir olhar para ninguém... Que vexame. Por que meus pais não me enviaram uma carta comum?
— Talvez eles queriam te deixar mal, os adultos as vezes podem ser muito maus. — Harry falou se lembrando de seus castigos. — Mas, por que eles estão tão bravos?
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Caminhos do destino
FanfictionGuardiões do tempo têm apenas um propósito, enviar almas para suas vidas com seu destino já traçado. Linhas do tempo certas requerem ajustes que só eles podem fazer. A alma de Harry James Potter estava na mão de um "novato", uma nova entidade em tre...