Você é um bruxo, Tom

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Sra. Cole estava tão furiosa que quase conseguiam escutar o zumbido proveniente de seus pensamentos. Ela andava de um lado para o outro bufando zangada enquanto os dois órfãos comiam uma refeição com outros cinco que haviam ficado de fora da excursão.

— Tom... Você acha que ela vai nos bater?

A resposta muda do Riddle deixou o pequeno Harry com arrepios. Ele odiava quando lhe batiam, principalmente a Sra. Cole. Ela exagerava na quantidade.

— Terminem isso e lavem os pratos! — a cozinheira veio dar o anúncio — Riddle, Peverell, Sra. Cole está os chamando para o escritório dela.

Com um aceno os dois garotos se levantaram. O arrepio que percorria seus corpos não era nada comparado com a preocupação do que lhes ia acontecer, mas Tom deduzia que nada muito extremo.

— E... se ela nos trancar para sempre?

— Não vai, Harry.

— E se a gente for feito escravo?

— Não vamos, Harry.

— E se ela for uma bruxa também e quiser nos castigar com magia?

— ... — Tom realmente não pensou nessa possibilidade, ainda que tivesse suas dúvidas quanto as histórias do garoto pequeno, confiava que poucas pessoas dali tinham esse dom. — Escute, não vai ser nada demais. Ela sabe que não pode fazer coisas ruins com um e nós... Não será físico.

Apesar da pouca idade, Riddle sabia muito bem o que era uma agressão psicológica, tendo já passado por isso a vida toda.

Respiraram fundo quando chegaram em frente a porta preta do escritório da mulher, seria um longo tempo.

— Sra. Cole? — Tom bateu duas vezes e não tardou em ser atendido.

O sorriso falso da mulher para os dois garotos só durou até eles passarem para dentro e a porta se fechar, logo aquela feição forçadamente feliz se tornou em uma assustadora risada a contra gosto.

— Vocês dois, se sentem. Vamos conversar.

Tom a olhou analiticamente, procurando algo que indicasse o que iria fazer. Mas não conseguiu achar nada.

— D-Desculpe, a culpa foi minha. Tom está me ensinando a tentar contlolar' mas... ainda não consigo... é difícil...

— É "controlar"... — Murmurou brevemente Tom.

— Entendo Sr. Peverell. Entendo perfeitamente. Mas todos já estamos cansados de desculpas, não é mesmo? Bom, eu irei conserta-los. Irão passar um tempo em um dos aposentos desta casa.

— Quanto tempo? — A voz de Tom soou ameaçadora.

— Ah... Isso nós veremos. Quanto tempo aguentarem.

Harry abraçou seu urso de pelúcia que estava segurando, como sempre, e olhou para Tom.

— Eu não quero... Pode me bater.

— Não vou bater em vocês. Aberrações. — Cuspiu entredentes movida de ódio. — Só lhes daria motivo para fazer suas estranhezas. Venham comigo.

Os dois seguiam silenciosamente atrás da mulher que marchava em passos rápidos para fora do orfanato. Ela só queria chegar logo para se livrar daquela inconveniente situação.

— Sra. Cole... para onde vamos? — Harry estava assustado, sua pelúcia espremida contra o peito enquanto tentava controlar o nervosismo.

Nada foi lhe dito. Apenas continuaram andando. Tom tinha a mesma dúvida, afinal estavam se afastando da propriedade, para o gramado onde mais cedo estiveram no estacionamento.

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