Promessas

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Um garotinho magricela passeava pelas ruas do arredor do orfanato Wool, trilhando pelo caminho alguma possível tentativa de fuga daquele lugar. Sua pequena mochila estava cheia, ninguém iria notar que ele estava escapando.

Se não fosse por uma menininha que usava trancinhas com laços enormes prendendo as pontas. Ela lhe olhou enquanto o garoto caminhava mais depressa, a fim de despistar qualquer um que quisesse lhe levar de volta começou a andar para a outra calçada. Mas nisso, quase fora atropelado.

A mulher que acompanhava a garotinha logo foi até si, preocupada.

— Olá, tome mais cuidado ao atravessar a pista... Há muitos carros hoje em dia. — A mulher olhou o garotinho meio surrado, com suas roupas levemente rasgadas em alguns pontos e uma aparência faminta. — Me diga, qual é o seu nome?

— Harry. — disse o menino olhando desconfiado para a menina que lhe dava um sorriso cheio de dentes. Ela parecia engraçada.

— Bom, e onde estão seus pais?

A mulher de longos cabelos cumpridos deu uma olhada melhor no rosto do garoto a fim de tentar lembrar-se de algum conhecido que tivesse um filho assim, mas não se recordou de ninguém.

— Eu não tenho mais pais... — Respondeu inquieto, sentindo seus olhos marejarem. Mas Harry estava mais que cansado de chorar.

— Oh... E onde mora?

O garoto se silenciou. Não iria dizer-lhe, óbvio que aquela mulher o levaria de volta para o local horrível de sempre.

— Mamãe, ele pode brincar comigo na minha casinha de bonecas? Por favor Harry, vamos brincar!

A garotinha tinha uma voz fina e meio desgrenhada, parecia que estava entusiasmada. A mulher mais velha olhou para sua filha e depois para o menino, com certeza era um órfão ou um fugitivo dos parentes. Descobriria depois, por agora o melhor a se fazer era deixa-lo a salvo.

Com isso se abaixou até poder olhar nos olhos do pequeno.

— Meu nome é Katherine, e essa é minha filha Lilian, quer vir conosco? Vi que sua roupa está um pouco rasgada, eu sou costureira, posso arruma-la.

Harry olhou suas roupas mas ao saber que aquela mulher poderia lhe ajudar logo teve uma ideia. Abriu sua mochila e pegou seu ursinho que estava descosturado mostrando-o para a mulher.

— A-A senhora sabe consertar?? — Harry estava com os olhos cheios de esperança, talvez seu amigo voltasse a "vida".

— Oh, claro... É uma pelúcia muito bonita... Só está suja. Vamos, lá em casa eu a costuro e lavo. — A mulher se ergueu novamente e deu a mão esquerda para o pequeno segurar e a sua direita Lilian tratou de agarrar, já acostumada.

E assim cruzaram mais três ruas antes de chegar a um prédio meio antigo, com uma loja de tecidos embaixo dos apartamentos. Ao subir Harry viu algumas teias de aranhas, mas não teve medo, bichinhos assim apareciam aos montes no orfanato.

Ao chegar na porta do apartamento o acastanhado viu o número 2 grafado na porta, e tentou memoriza-lo. Seria muito bom ter para onde ir quando algo ruim acontecesse.

— Bom, Lilian vá mostrar seus brinquedos para o Harry, e querido... Me dê aquela pelúcia. Eu vou ajeita-la para você. Daqui a pouco levo comida para vocês dois.

Harry entrou e viu o quão apertadinho era, parecia uma mini sala de estar. Apenas dois sofás, uma lareira, um rádio velho e uma mesinha. A cozinha dava a vista, apenas com uma divisória pequena, e não era muito elegante. Havia três portas no corredor que saia da sala. Uma era a do quarto de Lilian, e as outras duas Harry deduziu ser o quarto de Katherine e um banheiro.

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