JISUNG
point of viewChangbin colocou a papelada em cima de sua mesa e andou até a sua cama, tentei dar uma espiada, mas parecia apenas ser alguns papéis sobre sua família. Atendeu a ligação e não se preocupou em sair do quarto, apenas fiquei quieto, fingindo ler um livro que Seungmin havia me emprestado.
— Eu já assinei essa merda. Aha, você pode ficar a vontade para dar tudo que é meu para essa mulher, pai. Eu não ligo mais.
Problemas familiares, ok. Isso todo mundo tem.
— Não é justo. — suspirou. — O jeito que você me trata, não é justo. Eu sempre fiz de tudo para lhe agradar, para no fim ser chutado para fora da sua vida como se eu não fosse nada? — riu em desgosto. — Tudo bem, eu tenho mais o que fazer, lhe enviarei essas papeladas na quarta de manhã, e por favor, não me procure nunca mais. Mas, caso algum dia você não me encontrar e precisar ouvir isso de alguém: eu te avisei sobre ela.
Encerrou a chamada, me encarou antes de ir para o banheiro e bater a porta. De lá, pude ouvir um grito abafado e talvez um choro baixo.
— Changbin? Quer conversar?
— Não. Eu não quero. — Sua voz era tão dura e fria que me assustou, ele costumava ser reservado, mas nunca tão bravo assim.
— Um abraço? Um ombro amigo? Sei lá, qualquer coisa.
— Não, Han. Eu não quero nada.
— Não faz bem guardar tudo para si.
— Não se intrometa na minha vida pessoal. Somos só estranhos.
— Estranhos? Já estamos aqui há quatro semanas.
— Sim, vocês são só os caras que Hyunjin decidiu fazer uma caridade e acolher. Vou repetir, não se intrometa. Eu não preciso de ajuda.
— Tudo bem, me desculpe. — suspirei, me dei por vencido e saí do quarto.
Andei até um jardim improvisado que Felix havia me mostrado, e o encontrei ali com Minho. Eles pareciam próximos demais para o meu gosto.
— Quando... — Felix iniciou sua fala, me escondi atrás do portal para ouvir a conversa dos dois. — Quando você começou a ter ataques de pânico e como aprendeu a controlar?
— Meu primeiro ataque de pânico foi com 4 anos. — riu. — Bem novo, 'né? E eu ainda não sabia controlar, chorava até não conseguir respirar e as vezes desmaiava. Eu não entendia muito bem o que era aquilo e nem porque me atormentava tanto, mas sabia que quando acontecia, a primeira coisa que passava pela minha cabeça era morrer. Eu achava que isso iria acabar com aquilo. E com você?
— Foi naquela vez. Foi assustador. Eu tinha sete anos, ela me trancou no armário e me deixou lá sozinho, no escuro, por quase quatro horas. Lino, eu sou claustrofóbico desde que me entendo por gente. Eu achei que iria morrer.
— Essa mulher é louca.
— Ela é, mas já passou.
— Ainda bem. — sorriu. Não sabia isso sobre Felix. — Eu já fui "adotado" por uma mulher incrível.
— E ela te devolveu? — Arqueou a sobrancelha.
— Foi nos meus 12 anos. Mas ela era uma doente terminal, estágio quatro. Eu fiquei com ela por seis meses, que foram os últimos meses de vida dela. Ela se chamava Hyun-ah, disse que sempre sonhou em ser mãe e que sentia muito por fazer aquilo comigo, mas ela queria saber como era ter um filho.
— E como foi?
— Foi incrível. — Lee Know sorriu abertamente, nunca o vi sorrir tanto. — Ela cuidou tão bem de mim, me levou para conhecer vários lugares, fazia comidas diferentes todos os dias, eu aprendi a cozinhar com ela. Fazíamos maratonas de séries todas às sextas, mas tudo voltou a ser como era antes depois que ela se foi.
Isso já está se tornando pessoal demais. Eu preciso ir embora.
Voltei para o quarto, Seo já parecia ter parado de surtar, estava sentado em sua cama e olhava para a minha. Os olhos semicerrados e a sobrancelha levemente arqueada. Ele estava segurando o choro.
— Juro que não vou me intrometer, pode chorar à vontade.
— Han... — Segurou a barra do meu moletom, me impedindo de ir até o banheiro. Analisei as íris acastanhadas do moreno a minha frente, ele ainda estava bravo, mas parecia frágil. — Por que eu sou sempre o único a tomar decisões?
— A vida é assim. Você nunca vai se mover do lugar que está se não tomar decisões.
— Eu prefiro ficar parado.
— Changbin, pense comigo. Em um jogo de xadrez, quem são as peças mais importantes?
— Rei e rainha. — respondeu, confuso.
— Por que você acha que eles nunca saem do lugar em que eles estão?
— Por que o jogo acaba...?
— Não. Porque não são eles que tomam as decisões, são as outras peças que os protegem. E se tomarem o lugar deles, o jogo acaba. Porque eles são movidos por decisões alheias, porque sem os outros eles são fracos e indefesos.
— Ah, eu acho que entendi sua lógica...
— O que eu quero dizer é que você não pode esperar que os outros façam por você, o que você mesmo pode fazer. Não é assim que a vida funciona.
Seo concordou.
— Me desculpe pela forma que eu te trarei uns minutos atrás.
— Tudo bem, eu entendo.
— Meu pai e minha madrasta vão se casar na semana que vem, na quinta, eu acho. — começou, brincando com o anel que estava em seu anelar. — Ele me mandou uns papéis para assinar, meus pais são donos de alguns imóveis, e eles colocaram alguns deles em meu nome.
— Ah...
— Mas, ele também queria que eu tirasse meu nome do imóvel que a minha mãe deixou para mim.
— Você não vai fazer isso, vai?
— Não! É claro que não. Aquela casa é a única lembrança que eu tenho da minha mãe, não vou entregá-la a eles. Minha avó me disse que ele não tem o direito de fazer isso, já que um ex marido não tem mais nenhum direito sobre nada.
— E o que você pensa em fazer com a casa?
— Sabe, ela é beeem grande. — Deu um ênfase, sorrindo bobo. — Tem vários quartos. Eu e os meninos estávamos pensando em transformá-la em um segundo lar para as crianças do orfanato que visitamos às vezes. Taeul, a dona, nos disse que estão chegando muitas crianças e eles estão sem quartos disponíveis para elas.
Eles são mesmos bandidos procurados por toda a Coreia do Sul?
— Uau, isso é bem legal da parte de vocês. Por que fazem isso?
— Por causa do Lix. Não queremos que nenhuma criança passe pelo que ele passou.
— Hyunjin ajuda?
— Sim... Sabe, ele não é tão sem coração quanto parece. A iniciativa partiu dele.
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red moon - hyunho
ActionLee Minho, um dos policiais mais renomados e importantes da Coreia do Sul se é visto colocado em um novo e complicado caso: Capturar o mafioso Hwang Hyunjin, um dos mais procurados do país. iniciada: 01/04/2022 terminada: 26/09/2022