Prólogo

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Entro na sala com as mãos tremendo; minha visão não estava me ajudando muito a me movimentar, já que eu estava tão em choque que ela estava turva, com muitas lágrimas acumuladas e outras que rolavam em disparada em meu rosto, banhando minha face e...

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Entro na sala com as mãos tremendo; minha visão não estava me ajudando muito a me movimentar, já que eu estava tão em choque que ela estava turva, com muitas lágrimas acumuladas e outras que rolavam em disparada em meu rosto, banhando minha face e pescoço.

Paro em frente à porta e penso dez mil vezes antes de abrir.

Terei que enfrentá-lo. Terei que dizer tudo o que aconteceu. Por que fui embora? Por que não estava lá? E eu o amo tanto para dizer na cara dele que o motivo pelo qual fui embora foi ele.

Respiro fundo, passo as mãos no rosto e espremo meus olhos, tentando parar de chorar, o que não funciona, porque logo que afasto minhas mãos do meu rosto, lágrimas novas aparecem.

O sentimento de choque, medo, tristeza, angústia, raiva estava estabilizado no meu peito, me fazendo até ficar sem ar.

Por impulso, abro a porta de uma vez, porque sei que esses sentimentos vão sair de uma vez, assim que eu olhar naqueles lindos olhos castanhos claros e dizer tudo que sempre esteve engasgado em minha garganta e que suplicava para sair.

Assim que abro a porta rapidamente, o encontro parando com a mão apoiada na mesa, visivelmente abalado. Não é surpresa para mim vê-lo vulnerável, mas é estranho vê-lo vulnerável num lugar que não é a minha cama, que não é o seu apartamento, que não é nos meus braços, onde ele sempre corria desmonstrando todos os sentimentos ruins que guardava quando tudo desmoronava ao seu redor.

Ele sempre corria para mim porque sempre disse que eu era a calmaria dele. Será que ainda sou?

Ele se apoiava na mesa, parecendo colocar todo seu peso nela, caso se afastasse do apoio que sua mão colocava na mesa, parecia que ele cairia não se sustentando.

Com essa cena, tento entender como ele chegou na sala dele sem cair. Ele já sabe que estou na sala, já sabe que estou o encarando, esperando qualquer movimento dele ou qualquer fala, qualquer reação.

Eu prestava tanta atenção em cada mínimo detalhe dele que não havia percebido que eu ainda chorava, mas em silêncio, num silêncio tão profundo que parecia que eu não tinha voz ou que alguém tapava a minha boca para eu não emitir nenhum som, nenhum ruído ou soluço de tristeza e angústia que claramente estava entalado em meu ser.

Vejo-o fechar os olhos com força, sem me encarar e olhando para o chão, ele se pronuncia pela primeira vez expressando uma voz áspera. Claramente irritado e atordoado pelas novidades que caíram em seu colo de uma vez, sem remorso e pena.

— Foi por isso que você foi embora ou tem mais motivos? Tem mais coisas que aquele filho da puta fez com você? — Ele pergunta e me encara; vejo sua expressão de tristeza, mas ainda mais a raiva. Vejo como ele está se sentindo inútil agora. Ele não tem medo de expressar isso.

Sinto um nó em minha garganta. Quero respondê-lo. Quero dizer que ele também não é inútil, que ele é uma das pessoas mais incríveis que já conheci. Que sinto dor por saber como ele está se sentindo agora.

Era amor ou ilusão?Onde histórias criam vida. Descubra agora