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Layla Miller| Lala

É hoje! Como eu não surtei até hoje? Também não sei, não surtei, mas ainda assim acho que preciso de terapia.

Enfim... Oi, sou Layla, e estou voltando para o Rio de Janeiro depois de 5 anos fora do Brasil. Eu fui estudar administração e fiz um curso de economia em Londres. Chique, né?

Estou indo em direção à minha nova casa. Que é a casa da minha tia Helenice, melhor amiga da minha mãe, que se chama Alice Miller Azevedo.

Mas por que você não vai morar com a sua mãe, em vez da sua tia? Eu te respondo, caro leitor, estou bem demais para me estressar na residência da minha mãe, então temos a opção da minha tia.

Além disso, desejo morar no Rio e a minha mãe mudou-se para Angra dos Reis, buscando tranquilidade e mar.

Por isso, estou indo atrás da minha tia, mas não pretendo morar muito tempo também. Odeio ficar na casa das pessoas mesmo quando elas não se incomodam e me tratam muito bem.

Prefiro meu canto e minha privacidade, assim deixando a privacidade da pessoa intacta também.

Vamos mudar de assunto... Preciso desabafar que, com esses anos todos longe da minha família, acumulou muita saudade e com certeza estou morrendo de saudades da minha tia.

Amo muito ela, ela é uma das minhas pessoas favoritas no mundo todo. No caso, minha família sempre está em primeiro lugar, e a minha tia... De verdade, vocês não sabem o quanto aquela loira é incrível.

O que me faz entender a minha mãe ser a melhor amiga dela, a mulher é incrível. Logo logo a irão conhecer, e assim como eu, tenho certeza que vão amá-la.

Essa conversa toda me fez perceber que eu havia chegado no pé do morro da Rocinha. É, isso mesmo, você leu bem. Rocinha!

Acho que eu sei o que estão pensando, "Meu Deus, Rocinha? Uma garota que veio de Londres está indo para Rocinha?" É, leitor, estou aqui sim.

Acredito que os meus leitores sejam muito inteligentes e então já devem ter raciocinado e se não, não se preocupem, vocês já vão entender. Relaxem e continuem a leitura, essa jornada vai ser divertida. Prometo de dedinho.

A minha vida é um teste do universo de tanta coisa que acontece, na hora chega a ser trágico e depois engraçado então vamos apenas continuar a nadar, e eu sou o tipo de pessoa que faz piada com tudo então sem chororô, vamos rir... Ou não.

Assim que subo um pouco mais o morro já vou encontrando as bocas de fumo e os menores todos com fuzil, pistola na cintura, iPhone na mão, e camisa no ombro andando pelo morro e outros parados na boca também.

Muitos deles bem maconheiros já estavam acompanhados de seus cigarros entre os dedos indicador e médio. Com certeza os cigarros são de maconha.

Paro numa boca qualquer ali, desço o vidro e os moleques já me encaram.

— Boa tarde! — cumprimento educadamente colocando meu óculos de sol acima da minha cabeça.

— Boa tarde! — todos eles respondem igualmente fazendo um grande coral.

Todos de cara fechada, credo. O que é normal mas de qualquer forma... Credo.

— Vocês sabem me dizer aonde fica a casa da patroa de vocês? — pergunto sendo bem direta.

Todos eles se entreolham e olham para dentro da boca, lá tinha um preto de cabelo cacheado bolando. Ele levanta o olhar levantando a sobrancelha confuso, e como todos ali com o semblante sério.

— Qual foi? — ele pergunta passando a língua no papel da maconha pra juntar.

— A morena aqui quer saber aonde a patroa mora. — um cara de reflexo que tinha uma corrente de ouro no pescoço, sem camisa fala e se vira pra mim franzindo as sobrancelhas. — Mó cara de Paty, nunca te vi no morro e tu tá perguntando aonde tá a mulher do chefe? — eu solto uma risada baixa debochando e abro a porta do carro saindo.

Era amor ou ilusão?Onde histórias criam vida. Descubra agora