Ao retornar ao escritório, Marco já não deixava transparecer a discussão que tivera com Helena. Bruno, dois policiais e dois especialistas em sequestro o esperavam.
- Já era tempo - disse Bruno. - Está tudo preparado.
Marco meneou a cabeça discretamente e aproximou-se da escrivaninha. Os homens o fitavam com cautela.
- Algum problema? - perguntou Marco, sentando-se.
- Não - respondeu um dos especialistas. - A última mensagem que os sequestradores enviaram nos deram algumas pistas. Não são amadores.
- Tudo indica... - opinou o outro especialista. - que sua filha esteja nas mãos de gente que não quer dinheiro, mas sim se vingar do senhor.
Aquilo, óbvio, já havia passado pela cabeça de Marco. Mas não foi aquilo que chamou a atenção dele na frase e sim o sua filha.
- Para ter certeza de que isso funcionará, precisaremos de mais tempo. - o outro voltou a falar.
- Tem de funcionar logo. Isso tem que ser rsolvido hoje. Eu não tenho tempo. estou pagando uma fortuna a vocês para ajudar a polícia. - disse de maneira ríspida. - Falhas significam pânico e pânico significa risco. Não vou arriscar a vida da menina, entenderam?
- São 23 horas. - disse um dos policiais. - Falta uma hora para o horário marcado do encontro.
- É melhor nos apressarmos. - disse o outro.
Um dos especialistas pegou a maleta com a alta quantia do resgate.
- A vida da criança é o mais importante. - disse Marco e todos assentiram.
Bruno iria acompanhar todo o procedimento. Marco confiava somente no amigo para levar a criança e segurança. Ooptou por não ir. Além de não querer deixar Helena sozinha, ainda não estava preparado para ver a criança.
O dia mal nascera quando Marco entrou no quarto de Helena para acordá-la suavemente. Viu-a sentar-se na cama, assustada.
- O que houve? - ofegou, instantaneamente alerta.
- Terminou, cara - ele murmurou, o tom brando. - Sua filha está salva.
- Salva? - Helena piscou os olhos incrédulos. - Tem certeza?
- Sim - ele confirmou.
- Oh, Deus! - Ela levou as mãos trêmulas aos lábios. Seus olhos, ainda cansados de toda a tensão, tornaram-se brilhantes com as lágrimas de alívio. -Oh, meu Deus, obrigada! - Então abraçou Marco em puro êxtase. -Onde está Isa?
- Eu a levarei até a criança assim que estiver pronta para viajar - prometeu Marco.
- Ela não está aqui? - Helena indagou, apavorada. - Eles a ma... machucaram?
- Não. Tome. - Colocou nas mãos de Helena uma caneca com chá quente. - Beba e então vista-se. Pretendo partir dentro de meia hora. Estará pronta até lá?
- Eu... sim, claro...
- Muito bem. - Ele se levantou e apressou-se na direção da porta.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Era uma vez... a dor de uma traição.
RomanceMarco e Helena se conhecem ao acaso, se apaixonam instantaneamente e se casam logo após, mais precisamente no final do ano de 1921 na cidade de São Paulo, quando a cultura e gastronomia da cidade estavam começando a se moldar. Foram as fazendas cafe...