Helena considerou a etapa seguinte com um período de adaptação, em que os dois procuravam a todo o custo fazer o recomeço dar certo. Aparentemente conseguiam, auxiliados pelo fato de Giuseppe ter deixado a casa poucos dias depois. Ele iria para uma clínica de reabilitação para a parte afetada pelo acidente vascular cerebral.
Com Giuseppe afastado, a tensão diminuiu. O próprio Marco parecia mais à vontade. Passava a maior parte do tempo em casa, saindo apenas algumas vezes para o escritório. Como Helena não voltara a ver Bruno , supunha que ele cuidava dos assuntos em São Paulo.
Marco aprendia, aos poucos, a aceitar Isa . Não era uma tarefa difícil. A menina era adorável e, com a ausência do avô, adotara o pai como a figura masculina a quem dedicaria seus afetos. Certa tarde, quando Helena acordara após uma terrível enchaqueca, encontrou Isa nos braços do pai e eles rodopiavam pela sala dançando ao som da música da rádio. Isa gargalhada e Helena chorou, emocionada.
- Papai, olhe a mamãe. - Isa apontou para o lugar onde a mãe estava.
Marco sorriu e, sem deixar de segurar a filha, esticou um braço.
- Acho que a mamãe quer dançar com a gente.
Helena foi até eles e entrou no abraço de Marco, ficando na altura de Isa. Os três riam e dançavam abraçadinhos. Estavam verdadeiramente felizes.
Helena começou a trabalhar no projeto da reforma. Contou seus planos a Marco , pediu-lhe sugestões. Quando disse que a sala de sinuca seria o quarto do casal, ele decidiu "testar o ambiente" e seduziu-a sobre a mesa.
- O que acha? - perguntou ela enquanto estavam deitados sobre o tampo verde, nus e suados, sem forças para se mover.
- Acho que vai dar certo - ele murmurou. - Mas creio que teremos que experimentar mais uma ou duas salas antes de tomar a decisão definitiva...
Tudo era muito leve, muito descontraído. Exceto quando faziam amor, um momento tórrido e muito, muito sério. Sempre tinham urgência em possuir-se. De certa forma, isso a preocupava. Era como se tivessem certeza de que aquilo não poderia durar. Portanto, tinham que aproveitar cada minuto.
Certa noite, Marco a convidara para irem jantar num restaurante chique comemorarem o quão felizes estavam. Ele vestiu smoking e ela um vestido preto longo que se ajustava com perfeição às suas curvas. Marco a presenteou com um belíssimo colar de diamantes.
- Você está linda. - disse Marco quando terminou de colocar o colar na esposa.
Ela sorriu quando ele beijouo pescoço dela.
- Vou até o quarto da Isa. - ele assentiu.
Fábia contava uma história para Isa quando Helena entrou no quarto.
- Mamãe, você parece uma princesa. - disse Isa com um olhar encantado. - Eu também quero ir. - falou, obstinada.
- Hoje a noite é somente do papai e da mamãe. - disse Marco ao entrar. - Já não era hora da nossa princesinha estar dormindo? - ele falou se aproximando da filha.
- Já sim.
- Papai é tão lindo. - disse e cobriu o rostinho com o lençol, envergonhada.
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Era uma vez... a dor de uma traição.
RomanceMarco e Helena se conhecem ao acaso, se apaixonam instantaneamente e se casam logo após, mais precisamente no final do ano de 1921 na cidade de São Paulo, quando a cultura e gastronomia da cidade estavam começando a se moldar. Foram as fazendas cafe...