Prólogo

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Semanda de Arte Moderna - Fevereiro de 1922

Marco adentrou o palecete em que vivia com o pai e a esposa. Estava cansado. Saíra em viagem ao Rio de Janeiro no dia  11 de fevereiro para expandir os negócios. A família Salvatore tinha uma fábrica de tecidos em São Paulo, mas, visionário como era Marco, resolvera expandir para a capital do Brasil. Aquele fatídico dia era 18 de fevereiro. Marco quase não dormira para acelerar as coisas e chegar logo em casa, para os braços de sua Helena.

- Ah, que bom que chegou, Marco. - o pai falou quando Marco já estava subindo as escadas para ir até seu quarto.

- Boa tarde, meu pai. - voltou-se para o pai que estava na sala de visistas. - Estou cansado e preciso de um banho. - voltou-se para subir, mas o pai, novamente, o impediu.

- Você viu o que saiu nos jornais? - disse gesticulando exageradamente com o exemplar nas mãos.

Marco deu um longo suspiro e desceu os poucos degraus que havia subido e foi ter com o pai.

- Como poderia, meu pai, se acabo de chegar de viagem? - o velho Giuseppe não respodeu a ironia.

- Estão falando aqui dessa sem vergonhisse que intitularam Semana de Arte Moderna. Esse evento está chocando a população decente e tradicional desse país com essa história de trazer à tona uma nova visão sobre os processos artísticos com uma arte "mais brasileira". O escritor Monteiro Lobato encontra-se escandalizado com esses astistas que propõem uma nova visão de arte. - Marco olhava para o pai sem o mínimo interesse naquele assunto. - Mas ele fala muito aqui de uma modernistazinha brasileira chamada Anita Malfati. - Marco arregalou os olhos. - Lembra dela, não? A amiga da sua mulher. Sua mulher está andando com o pioro tipo de gente. Mas também, onde você a encontrou. - deu um risisnho irônico.

- Chega, meu pai. Pare de falar assim da minha mulher. - falou, contundente. - Como eu disse: estou cansado e preciso de um banho. Vou ter com a minha mulher. - Marco virou-se mais uma vez para subir até o quarto, mas, mais uma vez, o pai não o permitiu.

- Sua mulher não está em casa.

Marco franziu o cenho.

- Mas eu avisei que chegaria hoje. - disse sem entender. Sempre depois de suas viagens, a mulher estava à sua espera.

- Como eu disse: sua mulher está saindo com o pior tipo de gente. 

- Meu pai...

- Não sou eu que mereço ouvir suas reprimendas. - gritou, cortando o que o filho iria dizer. - Sua mulher foi vista hoje com um tal de Oswald de Andrade. As pessoas estão falando, Marco, não sou eu.

- Pra onde ela foi? - falou tentando conter a raiva.

- Ela saiu daqui dizendo que ia ao Theatro Municipal, mas o que chegou até mim foi uma história completamente  diferente.

- Diga logo, meu pai. - o homem gritou, já ensandecido.

- Há um casa rosa perto do teatro. É onde esses desavergonhados que se intitulam artistas se encontram. É lá que ela está.

Marco não esperou o pai falar mais nada. Saiu em direção à casa. Já havia visto a casa pintada com um rosa chamativo nas idas ao Theatro Municipal. A rua estava uma bagunça. Pessoas andavam de um lado para o outro e havia vários pontos de manifestações cultrais. Pareceu uma eternidade até chegar a tal casa rosa. Não parecia haver ninguém, então entrou sem o menor problema, as portas estavam escancaradas. Tudo, ali dentro, estava no mais puro silêncio. Marco foi entrando, até que ouviu um barulho mais adiante. Seguiu o som. Abriu a porta e viu um homem que jamais tinha visto apenas de ceroulas e sua esposa sentada numa cama vestindo camisola.

- Oswald! - ela chamou o homem antes de se dar conta da presença do marido.

- Eu já disse que não sei, Helena. - o homem respondeu, impaciente.

Então Helena virou para porta e viu o marido parecendo uma estátua. Levantou-se da cama e teve a descência de pegar um lençol para cobrir-se.

- Marco, eu juro que não...

- Cale-se! - ele gritou. - Então você é Oswald de Andrade. - afirmou.

- Sim, sou eu.

- Você não devia sair com mulheres casada, seu figlio di puttana

Antes que o homem pudesse processar qualquer coisa, Marco avançou para bater no homem. Os gritos de Helena não fizeram o marido parar. Quando o homem caiu, nocauteado, no chão, Helena se aproximou de Marco.

- Por favor, Marco, você precisa me ouvir.

- Eu já mandei você se calar. - esbravejou. - Eu não falo com meretriz.

Então a escuridão a tomou e Marco saiu daquele quarto, deixando-a para sempre.




Era uma vez... a dor de uma traição.Onde histórias criam vida. Descubra agora