Helena ergueu o rosto e ele tocou-lhe os lábios trêmulos com a ponta dos dedos.
- Ela foi a mulher que meu pai mandou trazer da Itália quando eu deixei você. Ela atende a todos os requisitos para ser uma boa esposa Salvatore. Bem, segundo ele. - Sorriu melancolicamente ante o olhar surpreso de Helena. - Ele tinha a esperança de que eu me apaixonasse por ela e me desquitasse de você. Mas eu só falava em você. Laura é maravilhosa, gentil e se tornou uma boa amiga. - Deu de ombros. - Mas ela tem um grande defeito. - Helena arrgalou os olhos e Marco deu um sorriso lângudo. - Ela não é você,
- E vocês nunca tiveram nada além de amizade?
- Juro que não, amore mio.
- Mas houve outras. - ela afirmou. - Você deu a entender, quando nos reencontramos em São Paulo, que havia tentado com outras mulheres.
- Falei porque queria te magoar. Mas juro por nossa filha que por mais que eu tentasse odiá-la, não consegui. Depois que nos casamos nunca tive outra mulher. Me achava um stronzo porque queria ter outras mulheres quando eu achei que havia me traído, mas não consegui.
- Bem, você não fez mais que sua obrigação. - ele deu um sorriso. - Mas por que você a abraçou?Eu não gostei disso.
Ele suspirou.
- Na verdade,ela me abraçou. - ela revirou os olhos.- Laura estava feliz por mim, pois eu lhe disse tínhamos voltado. E tambem porque se casará. Ela desejava conhecer você, eu disse que permitiria somente quando lhe contasse o que acabei de contar. - admitiu. - Mas Isa ficou doente e esqueci a promessa. Advinhe com qiem Laura se casará? - ela não respondeu. - Com Bruno.
- Bruno?
Marco assentiu.
- Quando meu pai contou que você não havia me traído, que ele armara a cena, meu mundo virou de pernas para o ar. Senti que não tinha o direito de dizer nada. Nem a você, nem a Isa. Não merecia vocês.
- Então partiu.
Marco tentou sorrir, com uma ponta de melancolia no olhar.
- Exatamente. Mas recebi a visita de meu pai e voltei o mais rápido que pude.
- Se você o perdoar, posso perdoá-lo por ter abraçado outra mulher.
- Está me pedindo para ir contra minha natureza siciliana?
- Claro que não. - Os olhos verdes começaram a brilhar, cheios de insinuantes promessas. - adoro sua natireza siciliana. Sabe, tenho uma fantasia - ela murmurou docemente enquanto seus dedos abriam lentamente a camisa de Marco. - Imagino um homem nu deitado numa cama com lençóis de linho branco, e a mulher dizendo palavras que...
Com os lábios sedentos, ele a calou.
- Você venceu - murmurou. - Perdôo todo mundo. Mesmo meu pai, embora ele não mereça.
- Posso contar isso a ele? - Ela sorriu, radiante.
- Mais tarde. Aquele diabo velho pode esperar. Afinal, temos que realizar uma fantasia antes de sair distribuindo perdões ao mundo.
- Tranque a porta e feche as cortinas- ela disse de maneira sensual.
Marco se moveu com um felino ao fazer o que ela pedira, mas antes que pudesse sair da cama ouviu uma voz estridente:
-PAPAAAAAI.
- Acho que nossa fantasia terá que ficar para mais tarde.
Assim.que Marco terminou de falar, a pirta do quarto foi escancarada e uma linda meninonha adentrou.
- Papai. - disse já pulando na cama
Isa abracou o pai e Marco não pôde deixar de se emocionar.
- Papai, eu tive muita, muita, muira saudade.
Os olhos de Marco estavam marejados. Ele não merecia aquela doce menina. Ele a rejeitara e ela só lhe deu amor.
-O papai também sentiu muita saudade. - galou com a voz embargada.- Nunca mais ficarei tanto tempo longe da minha linda principessa. - Isa deu um beijo no rosto do pai.
- A mamãe também sentiu saudade. - disse olhando para a mãe. - É porque a gente te ama, papai.
Era a primeira vez que Isa dizia que amava o pai e aquilo aqueceu o coração do pai e da mae também. Ele não as merecia, mas agradecia a Deus pela segunda chance
- Eu também amo muito você e a sua mamãe.
Marco abraçou a filha e Helena, emocionada, abraçou os dois.
Os três jantaram ali mesmo no quarto e a menina acabpu adormecendo entre o casal.
- Creio que nunca vou conseguir me perdoar.- disse Marco olhando para filha.
- Já conversamos sobre perdões. - ele encarou a esposa. - Não vamos mais falar sobre o passado. Nós nos amamos e merecemos ser felizes.
- Vou compensar todo o tempo perdido. Eu juro.
- Vou levar nossa filha para o quarto dela. - disse Helena.
- Deixe que eu faço isso. - Marco falou já se levantando.
Quando Marco rerornou ao quarto do cadal, encontrou o sorriso malicioso da esposa.
- Você ainda tem uma fantasia a realizar, amore. - disse Helena.
Ele sorriu e trancou a porta. Deitou-se ao lado de Helena, que já tirara o robe. Seus cabelos pendiam como uma cortina dourada nos ombros musculosos do marido, os braços apoiados no peito largo, os olhos ternos, solenemente ternos.
- Belo - ela murmurou. - Você é tão belo, amore mio...
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Era uma vez... a dor de uma traição.
RomantikMarco e Helena se conhecem ao acaso, se apaixonam instantaneamente e se casam logo após, mais precisamente no final do ano de 1921 na cidade de São Paulo, quando a cultura e gastronomia da cidade estavam começando a se moldar. Foram as fazendas cafe...