C A P Í T U L O 27 △ POR CHLOE

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"Vou roubar de você tudo o que era para ser meu".

            Acordar com essa mensagem não era o melhor "bom dia" que já havia recebido. Mas isso provocou uma série de arrepios. O número era desconhecido, respondi perguntando quem era e que a brincadeira era sem graça, mas não tive respostas.

            Por mais que Aubrey estudasse Publicidade, eu sabia que ela poderia me ajudar, ela era a única pessoa com quem eu dividia meus conflitos e nossa amizade fluiu muito bem desde que a iniciamos.

— Roubar o que era pra ser meu — ela repetiu pela décima vez, perdida em pensamentos. — Poderia ser alguma garota que é apaixonada por Leo.

— Tem razão... Mas quem? Só Deus sabe quantas garotas ele já ficou — bufei.

— Acho que até Deus perdeu as contas — zombou.

            Aubrey suspirou e apertou meus ombros com gentileza.

— Não deve ser nada demais, Chloe. Não ligue para isso, converse com ele se for preciso e ele vai tentar resolver.

            Concordei com a cabeça e ela caminhou para dentro do seu carro. Ela estava voltando para New Jersey, junto de Alex. Incrível como o relacionamento dos dois evoluíram. Eles eram perfeitos um para o outro.

            Meu celular tocou no bolso de forma incessante.

— Oi, mãe — atendi com um sorriso. Como eu sentia a sua falta!

— Chloe, graças a Deus! — ela suspirou pesadamente em alívio. — Como você está?

— Estou bem... o que houve? A senhora parece... nervosa, aconteceu algo? É o vovô?

— Mandamos seus avós ficarem na nossa casa do sul, você lembra? Ah, querida, estamos passando por uma baita confusão!

— Que confusão, mamãe?

— É a Tori — despejou. — Ela sabe da verdade e... entrou em colapso!

— O que?! Que verdade, mamãe? Co-Colapso, o que isso significa?

            Mamãe suspirou.

— É uma longa história que apenas eu e seu pai podemos te contar pessoalmente.

— Tudo bem... mas Tori está bem?

— Está desaparecida, querida — disse ela.

            Meu coração bateu rapidamente contra o meu peito. Não consegui escutar nada, por isso desliguei o celular. Caminhei por todo o campus sozinha e chorei ao lembrar de tantas coisas e simplesmente ficar sabendo pelo telefone. Tudo isso era minha culpa? Oh, Deus. Cuide de minha irmã!

            Uma mão puxou o meu cabelo com força e me prendeu contra um carro com tamanha força que precisei gemer de dor. Ergui os olhos e avistei o cabelo alaranjado, maquiagem bem feita e um sorriso enorme com o batom rosa que Tori tanto gostava.

— Saudades de mim, irmãzinha? — Ela perguntou ao forçar minha cabeça contra o carro.

— Tori — gemi —, que diabos está fazendo?

— Estou fazendo o que deveria ter feito há muito tempo — ela quase riu.

— Do que está falando?

            Ela finalmente me soltou e caminhou lentamente para trás. Ela estava bem produzida e saltos grandes e vermelhos.

— Você não recebeu a mensagem?

— Era você? Mas... mas por que? O que você quer de mim?

— Mamãe não te contou? — ela debochou e grunhiu, dando uma risada. — VOCÊ aconteceu! Por anos eu nunca entendi o fascínio de nossos pais por você. Afinal, você era adotada.

            Ela deu de ombros.

— Ou pelo menos era isso o que nós duas achávamos — disse ela ao me encarar.

— Eu sou adotada, eu sei disso — afirmei.

— Não se finja de retardada, Chloe — ela gritou, aproximando de mim e me empurrando contra o carro. Tori deu um soco na minha barriga e sussurrou contra o meu ouvido: — Você sempre foi a perfeita, eu sempre a segunda opção. Você sempre ganhou, não é? Mas não vou tolerar desta vez.

            Quando ela me soltou, precisei me apoiar contra o carro e respirar fundo.

— Pelo visto as minhas aulas de jiu jitsu tem funcionado para alguma coisa — ela riu e puxou meu cabelo pra trás. — Você sabe da verdade.

— Eu não sei! — Gritei. Gritar é bom.

            Ela suspirou.

— Eu — ela gritou ao chutar uma pedra. — Eu sou adotada, querida irmãzinha. Você é a filha legítima. Você é a queridinha. Você é a melhor!

— Eu nunca fui a melhor, Tori — falei.

— Não se finja de coitada! Você deve estar grata, deve estar rindo de mim!

— Estou com pena, na verdade. Por que veio até aqui para isso?

            Victoria aproximou de mim e fez um beicinho.

— Acho que senti saudades, querida irmã — ela sorri.

            Tori pegou do bolso uma canivete e eu fiquei imóvel. Ela passou os olhos da arma até a mim e riu do meu espanto.

— É tão engraçado como as pessoas reagem quando você tem uma arma nas mãos!

— Você é maluca — sussurrei.

— E você é uma vadia que consegue tudo tão facilmente. Você não precisa nem fazer esforço!

— Você está maluca, Tori!

— Oh, eu estou — disse ela ao dar um sorriso de gato. — E se não quiser que ninguém se machuque, vai fazer o que eu disser.

— Vai pro inferno — falei ao conseguir me erguer e caminhar, empurrando-a.

— Ou faz isso — gritou ela atrás de mim. — Ou eu mato o seu namoradinho.

            E então ela riu.

— Pior, mato o papaizinho dele.

            Eu congelei. Virei para encarar a pessoa que nem mais reconhecia.

— O que você quer de mim?

— Eu não quero você com o Leo — disse ela, seriamente. — Quero que sofra com a perda dele. Quero que ele seja meu, quero tirar tudo o que for de você, Chloe. Você ainda não entendeu?

— Por que está fazendo isso? — perguntei ao deixar uma lágrima cair. — Por que você quer fazer isso?

— Achei que tinha deixado claro quando eu disse que quero tudo o que for seu.

— Leo não te suporta — murmurei.

— Oh, mas quando eu começar a curar o coração partido dele... quem que ele vai se apaixonar? — ela riu novamente.

— Você está completamente louca!

— Eu sou a vadia louca, não é mesmo? — gargalhou. Guardando o canivete, ela suspirou. — Vá. Termine com ele. Diz que está voltando para o Alabama e que nunca o amou.

— Eu não posso fazer isso. Por favor, não me obrigue a fazer isso...

— Eu estou pouco me ligando no que você quer, Chloe! Eu não tenho mais nada a perder, matar será apenas uma garantia de um lugar para onde eu possa ir.

            Tori aproximou e então sorriu.

— Você tem duas horas. Tic-tac. O tempo está correndo.


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