C A P Í T U L O 36 △ POR LEO

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[UM MÊS DEPOIS]


Fui informado pela madrugada que meu pai teria menos de dezesseis horas de vida. Chloe chorava ao meu lado e eu estava tão assustado que nem uma lágrima sequer ousou cair. Eu mesmo estava surpreso por isso.

            Corri para o hospital e consegui convencer a médica para passar as últimas horas. Zack Crawford estava debilitado. Ele não conseguia falar sem sentir dor e qualquer expressão facial, ele sentia desconforto.

            Meu pai estava morrendo e eu não sabia como lidar com aquilo.

— Eu vou buscar um pouco de café e daqui a pouco eu volto — disse Chloe ao se levantar para beijar o topo da minha cabeça e sair do quarto.

            Peguei a mão do meu pai, gélida e pequena. Ele me encarou e sorriu.

— Ela é uma menina de ouro.

            Então eu sorri. Falar de Chloe sempre me fazia sorrir.

— Eu me sinto um sortudo por tê-la, pai.

— E deve sentir mesmo — ele falou com a voz fraca. — De todas que você já ficou, ela foi a única que permaneceu.

— Mas é diferente, pai. Chloe é diferente.

— Eu sei, meu filho. Ela não foi fácil como a maioria, há uma grande diferença aí.

— Sim, mas também o fato de eu ter me apaixonado por ela é ainda maior.

            Zack soltou uma risada.

— Quem diria que viveria para vivenciar esse momento. Estou orgulhoso de você, meu filho. De verdade.

— Obrigada, pai.

            Ele apertou minha mão e deu três tapinhas.

— Se cuide, Leo. Eu te peço que faça essa mulher feliz, não a deixe ir. E você também, seja feliz. Sempre.

— Eu não gosto de despedidas — murmurei.

            Meu pai piscou para afastar as lágrimas.

— Muito menos eu, querido. Mas já vivi demais, o amor da minha vida me deixou. Sabe, nunca falei sobre isso com você porque a dor das lembranças de sua mãe...

— Elas machucam, pai?

— Mais do que esses dias que passo aqui — ele suspirou. — Gosto de pensar que ela fez o melhor e isso nos uniu, não é verdade?

— Claro, pai. Sempre vou estar aqui, até o final.

            Ele sorriu novamente.

— Eu não duvidaria disso.

            Uma batida na porta me fez virar e a mulher que eu tanto amava, adentrou o quarto com um enorme sorriso.

— Posso entrar?

— Você sempre pode entrar, minha querida! Chloe, venha aqui.

            Ela caminhou até a ele e segurou sua mão.

— Sabe aquele pedido que eu te fiz? — Ela concordou. — Acho que está na hora. Você fará para mim?

            Chloe ficou quase branca, mas concordou. Ela sorriu e piscou várias vezes. Ela não queria chorar.

            Meu pai me olhou e depois olhou para Chloe com brilho nos olhos. Uma lágrima solitária caiu pela sua face já enrugada e ele disse:

365 em L.A. [✔] | EM REVISÃO.Onde histórias criam vida. Descubra agora