C A P Í T U L O 9 △ POR CHLOE

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            A noite chegou depressa.

            Em poucos minutos completaria meus dezoito anos. Tudo o que fiz foi comprar um bolo em uma padaria perto do campus e leite condensado. E claro, uma vela ridícula em formato do número 18. Não estava sendo um aniversário ou... pré-aniversário, mas era melhor do que nada.

            O relógio do meu celular marcava meia noite e em fração de segundos, recebi uma ligação.

— Alô?

— Feliz aniversário, Chloe — soou a voz de Leo do outro lado.

— Obrigada — sorri largo. — Como conseguiu o meu número?

— Eu peguei o seu celular enquanto você estava dormindo na areia — ele riu fraco.

            Ainda sorrindo, ele respirou fundo:

— Eu não sei o que está fazendo, mas eu queria estar aí com você.

— Bem, minhas colegas de quarto ainda não chegaram e nem vão pelo visto — bufei. — E eu tenho um bolo de padaria e leite condensado.

— Você está zoando — ele resmungou. Escutei um barulho de chaves. — Chego em dez minutos.

— Leo... você não pode vir, eles podem te pegar.

— Que se dane! — e desligou.

            Revirando os olhos, escutei meu celular tocar. Eram os meus pais.

— Feliz aniversário, filhota! — vibrou eles do outro lado quando eu atendi.

— Obrigada, gente — sorri. — Como vocês estão?

— Estamos bem, querida — disse papai. — Estamos indo para Flórida nesse fim de semana!

— Uau — falei. — Isso é... é ótimo, pai.

— Seus avós estão te desejando um feliz aniversário, querida — disse mamãe.

— Obrigada... onde está Tori?

            Leo entrou em meu quarto rapidamente e eu senti meu coração pular de susto. Suspirando, apontei para o bolo enquanto ele estava segurando algo nas mãos.

— Ela... ela está em um jantar...

— Deixe eu adivinhar... um convite de Lewis?

— É, ele se sentiu mal por vê-la sozinha aqui em casa e a convidou.

— O que eu posso dizer, Tori consegue tudo o que quer — falei ao sentar na cama.

— Não é verdade, querida — disse mamãe, lamentando-se. — Lewis é apaixonado por você desde pequenos. Sua irmã apenas acha que sente algo por ele.

— Sentimentos momentâneos — revirei os olhos. — Ela só quer o dinheiro dele, mãe e vocês sabem disso!

— Não posso parar sua irmã, querida — ela riu sem humor. — Vocês já estão grandinhas, não acha?

— Devo desligar então — falei.

— Oh, espera... como está em Los Angeles?

— Está tudo ótimo.

— Já conheceu alguém?

— Sim.

— Vai comemorar seu aniversário com quem?

            Perdi a visão de Leo por um segundo e até mesmo pensei que ele havia saído para me dar privacidade.

— Com o Leo — suspirei, já cansada de perguntas. — Ele está no segundo ano da faculdade e está me ajudando com a adaptação.

— Isso é ótimo, querida — animou-se. — Quem sabe você não o traz aqui um dia.

— Um dia... mãe, preciso desligar. Toque de recolher — menti.

— Claro, claro! Feliz aniversário de novo, querida. Um beijo de todos nós!

            Desligando, bufei e deitei na cama. Leo apareceu com um bolo nas mãos, com cobertura pronta e a vela ridícula acesa cantando "parabéns pra você!".

— Parabéns pra você! — terminou de cantar.

                                                                        △

— Quem é Tori? — perguntou Leo ao comer o quarto pedaço de bolo.

            Deitados na cama, peguei um pouco da cobertura e comi.

— Minha irmã mais velha — falei. — Ela me odeia.

            Leo franziu a testa.

— Como ela pode te odiar? Ela é a sua irmã!

— É complicado... eu sou adotada e ela sempre taca isso na minha cara — suspirei.

            Leo ficou mudo por alguns segundos. Terminando de comer o pedaço, ele pegou o bolo e deixou de lado. Já que estávamos na cama de solteiro e da Brianna, tínhamos bastante espaço. Quando ele me olhou, tinha um grande sujeira no nariz e na bochecha de Leo com a cobertura.

— Você está sujo — eu ri para ele. Leo passou a mão em todas as áreas erradas. — Espera.

            Aproximando, me sentei de frente a ele e peguei um guardanapo para limpar. Com cuidado, notei que Leo estava me encarando.

— Como alguém pode te odiar, Chloe? — ele murmurou de testa franzida.

            Fiquei parada com o guardanapo, quando voltei a realidade, ele segurou minha mão no lugar.

— A sua irmã é uma idiota invejosa, Chloe — falou com a voz firme. — Eu olho pra você e vejo... um anjo.

— Mas não sou, Leo — falei ao abaixar a mão. — Tori tem tudo o que quer, mas tudo o que mais almeja, é atenção dos meus pais. E eu tenho a total atenção deles. Isso a deixa puta. E tem o Lewis.

— Lewis? — ele franziu a testa novamente.

— Aparentemente nos conhecemos desde crianças — suspirei, dando de ombros. — Tori é apaixonada por ele ou pelo dinheiro, não sei. Mas ele fica atrás de mim direto.

— Posso bater nele se quiser — Leo brincou.

            Rindo, eu neguei com a cabeça.

— Ele é inofensivo.

            Leo sorriu e balançou a cabeça.

— Posso ser honesto?

— Sempre — sorri.

            Ele me encarou com os olhos brilhando.

— Acho que se eu te ver com algum cara... eu acho que perco a cabeça... não consigo nem mesmo imaginar sem ficar puto — ele riu nervosamente.

            Surpresa, fiquei calada. Leo notou meu silencio, então levantou pra pegar uma garrafa e vários copos descartáveis.

— O que é fazer dezoito anos sem ter um porre de Tequila, Vodca e entre outros? 


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