O Elo do passado e um... Amigo?

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Albafica, antes de retornar ao Santuário, entrou na pequena cabana onde conviveu com seu mestre. Caminhou até o quarto que agora só tinha uma cama e um baú. A poeira assolava aquele ambiente que parecia ter sido abandonado por um bom tempo. Seus passos se tornavam audíveis naquela madeira velha enquanto cravava seu olhar no baú que estava em cima de uma penteadeira. Se aproximou tocando nele e retirando a grossa camada de poeira, destacando alguns entalhes em dourado. Retirou uma chave enferrujada de um dos seus bolsos e com certa dificuldade conseguiu abrir o baú. 

Dentro dele havia apenas um diário e um frasco de vidro cilíndrico tampado contendo algumas ervas dentro. 

— Afinal, acho que posso viver um pouco, não é mesmo? Mestre... 

*Início flashback

Suava muito, seu corpo estava completamente dolorido, o gosto ferroso do próprio sangue era nauseante.

Uma gota por dia, até quando iria aguentar? 

Acordou reconhecendo a voz preocupada de seu mestre.

— Albafica... — sentiu um toque terno em sua fronte. — Meu pequeno Alba, tem certeza de que quer continuar com esse elo? 

— Tenho Mestre. Jamais o deixarei sozinho — disse com a voz fraca e em seguida desmaiou. 

No dia seguinte 

Acordou com o cheiro diferente dominando a pequena cabana. Levantou-se com certo esforço e foi até onde aquele aroma vinha. 

Encontrou seu Mestre na cozinha fazendo chá. Ele despejava todo o conteúdo fumegante em uma xícara de cerâmica. Rugonis ainda que de costas percebeu a chegada de seu pupilo.

— Se sente melhor pequena rosa? 

Albafica sentou-se a mesa pensando na resposta, não estava bem, no entanto, não diria isso a ele. 

— Seu silêncio confirma que não — virou-se e caminhou até o jovem encarando o seu pálido rosto. — Pegue — colocou a xícara na mesa em frente a Albafica. 

— Eu estou bem Mestre. Não preciso de nenhum chá, isso aqui é muito forte. 

— Não seja teimoso — disse bagunçando os cabelos de seu pupilo. — Isso vai te fazer bem, ameniza os efeitos do veneno. 

— Mas esse cheiro... — tentou aproximar o conteúdo dos lábios fazendo uma careta de rejeição. — É horrível. 

— É horrível porque contém ervas que controlam o veneno em nosso sangue Alba. Somente nós sentimos isso. 

— O que? Como assim Mestre? 

— Essas ervas fazem uma espécie de limpeza por um certo tempo. No início você vai sentir um certo enjoo. Mas depois, seu sangue não será problema pra ninguém, nem mesmo pra você! 

— Ainda continuo sem entender. Eu sou o veneno, meu sangue. Isso não deveria me fazer mal? 

— Esse chá é feito de uma erva que pode ser somente retirada no submundo. Ela suprime parte de seu cosmo eliminando as toxinas venenosas do seu sangue. Se tomar todos os dias, você se livrará do veneno. 

— E porque está me servindo isso?  

— Porque ainda há tempo. Se o elo for concluído, você nunca mais vai poder ter contato com ninguém, e nem mesmo essas ervas poderão reverter isso. Pense bem meu filho, é um destino muito solitário. 

Albafica estava convicto, não precisava pensar bem, já tinha tomado sua decisão. 

— Eu já disse! — empurrou a xícara com o conteúdo ao chão. — Eu quero concluir esse elo! Eu não vou estar sozinho, eu tenho você, Mestre... — Abraçou o cavaleiro com força, jamais o deixaria. 

Rosa AlbaOnde histórias criam vida. Descubra agora